5 ª FEIRA DA 14ª SEMANA COMUM
1ª Leitura: Gênesis 44,18-21.23b-29;45,1-5
Salmo Responsorial 104 (105) Lembrai as maravilhas do Senhor
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7“Em vosso caminho, anunciai: ‘O reino dos céus está próximo’. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar! 9Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro nos vossos cintos; 10nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão, porque o operário tem direito ao seu sustento. 11Em qualquer cidade ou povoado onde entrardes, informai-vos para saber quem ali seja digno. Hospedai-vos com ele até a vossa partida. 12Ao entrardes numa casa, saudai-a. 13Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz. 14Se alguém não vos receber nem escutar vossa palavra, saí daquela casa ou daquela cidade e sacudi a poeira dos vossos pés. 15Em verdade vos digo, as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos dureza do que aquela cidade no dia do juízo”. – Palavra da salvação.
Gn 44,18-21.23-29; 45,1-5
A história de José é como uma belíssima antecipação do Evangelho. José revela sentimentos de bondade delicada que nos comovem: “Eu sou José, vosso irmão”!
Ao se revelar aos seus irmãos, estes ficam aterrorizados, porque tem razões de sobra para temer a vingança de José. Afinal, ele é agora um homem reconhecido pelo Faraó e poderoso entre os egípcios. Eles atentaram contra a sua vida e lhe desejaram a morte, movidos pela mais abjeta inveja. José, ao contrário, não renega a sua fraternidade: sou vosso irmão! Mesmo que eles não tenham agido como tal, José assegura seus irmãos: “sou vosso irmão a quem vendestes para o Egito. Entretanto, não vos aflijais, nem vos atormenteis, por me terdes vendido a este país. Porque foi para a vossa salvação que Deus me mandou diante de vós, para o Egito”.
Essa atitude de José é maravilhosa: reconhece, no terrível crime de que foi vítima, a intenção providente e amorosa de Deus. José poderia ter interpretado os acontecimentos como uma ocasião de vingança: “Deus me salvou e agora Ele pôs em minhas mãos o destino de meus perseguidores”. Poderia até mesmo ter interpretado esses acontecimentos segundo a Escritura que diz que Deus premia os bons e pune os malvados. José, ao contrário, leu os acontecimentos mais profundamente à luz da providência misericordiosa de Deus: “foi para a vossa salvação que Deus me mandou diante de vós, para o Egito”. A interpretação de José não anula o crime: “sou vosso irmão a quem vendestes para o Egito”. O pecado contra a fraternidade não é mascarado nem atenuado: é contra a fraternidade vender o irmão e tentar mata-lo! Mas apesar desse crime, Deus maravilhosamente fez triunfar seu desígnio de amor: “foi para a vossa salvação que Deus me mandou diante de vós, para o Egito”. Deus escreve certo sempre, apesar de todas as nossas linhas tortas.
Assim os irmãos de José têm a oportunidade de se converter ao desígnio amoroso de Deus e de agora em diante colaborar com Deus em vez de se oporem a Ele. A bondade de Deus não pode ser vencida pelo pecado por pior que seja. Deus triunfa maravilhosamente sobre o pecado, mas não deseja derrotar o pecador. Deseja que o pecador se converta e viva.
José é uma antecipação de Cristo, pois ele ajudou os seus irmãos primeiramente a tomar consciência do erro cometido e, depois, consolando-os para que não fossem vencidos pelo próprio pecado. Fez seus irmãos verem que o crime cometido poderia ser superado e ser tornar uma ocasião de conversão. Fazendo o bem a quem o tinha prejudicado, José revela antecipadamente o mistério da cruz de Cristo. A cruz de Cristo é o documento de nossa condenação, pois retribuímos ao amor de Deus com a suma injustiça. Amando até entregar a vida, Cristo transformou o documento de nossa condenação em mistério de nossa salvação.
Jesus foi entregue a morte de cruz assim como José foi vendido aos egípcios para morrer. Mas esses acontecimentos de morte se transformaram, por vontade de Deus, em ocasião para a glorificação de José no Egito e para a glorificação de Jesus à direita do Pai. José poderia ter se vingado da injustiça sofrida e isso estava ao seu alcance. Com muito mais razão ainda Jesus, glorificado no céu, poderia ter punido os pecadores com a pena mais dura. Ao invés disso, José socorreu seus irmãos e o pai, e Jesus nos trouxe a vida e a ressurreição. A tremenda injustiça da morte de Jesus foi transformada em nossa justificação.