Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 32apresentaram a Jesus um homem mudo, que estava possuído pelo demônio. 33Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar. As multidões ficaram admiradas e diziam: “Nunca se viu coisa igual em Israel”. 34Os fariseus, porém, diziam: “É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”. 35Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todo tipo de doença e enfermidade. 36Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!” – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Gn 32, 23-33
A cena da luta de Jacó no Vau do Jaboc (Gn 32,23-33) é paradigma da oração como luta. Jacó luta com o Ser misterioso que, no fim, permanece misterioso, mas que é forte para mudar o nome de Jacó para Israel, mudando-lhe a vida e a missão. É também o Ser misterioso que golpeia no corpo de Jacó, deslocando a articulação do fêmur de Jacó e ferindo-o na existência. Por fim, é esse Ser misterioso que abençoa Jacó. É importante prestar atenção ao tom misterioso do texto; deixar-se impressionar pelos silêncios. O personagem contra quem se luta tem forma humana, tem voz humana e tem a solidez de alguém. Mas ele não se identifica.
Dois lutam. Um dos lutadores sai vencedor, mas sai marcado.
Os dois perguntam “Qual é o teu nome?” (27 e 29). Um diz o seu nome e tem o seu nome mudado; o outro não diz o seu nome, mas abençoa.
A luta começa na escuridão da noite, avança pela aurora e termina quando já é dia.
Muita coisa do relato não é clara. De fato, o relato é misterioso, porque o próprio encontro é misterioso: é o encontro com Deus.
A oração é luta porque o encontro com Deus é encontro com o Mistério que se revela velando.
A mudança de nome para “Israel” indica que o destino de todo homem é lutar com Deus (é orar).
No relato, Deus mesmo provoca o orante para a luta, para a busca insatisfeita, para o esforço tenaz, para, no final, abençoá-lo.
Na oração nós lutamos pelo nome: o nome de Deus, o autêntico nome, que não é gasto nem esvaziado pelo uso e abuso do homem. A oração é uma luta pelo nome que, de alguma forma, é revelado e ao mesmo tempo não nos é dado. Mas o fato de ter ouvido a sua voz, de ter sentido o seu contato (que nos marca para o resto da vida) já é descoberta maravilhosa de Sua presença em nossa vida. Saímos da luta mancando. Somos pobres peregrinos que vamos mancando rumo à Salvação.
Salmo Responsorial 113b (115) Confia, Israel, no Senhor!
Evangelho Mateus 9,32-38
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 32apresentaram a Jesus um homem mudo, que estava possuído pelo demônio. 33Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar. As multidões ficaram admiradas e diziam: “Nunca se viu coisa igual em Israel”. 34Os fariseus, porém, diziam: “É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”. 35Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todo tipo de doença e enfermidade. 36Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!” – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Os 8,4-7.11-13
Muitos conhecem o provérbio: “quem semeia ventos, colhe tempestades”. O que ele significa?
A leitura de Oséias nos dá, em resumo, o anúncio do castigo inevitável que se abaterá contra Israel. Aponta também quais são as razoes desse castigo, uma vez que Deus não é autoritário, mas justo.
Oséias tinha acusado o povo de ter violado a aliança e de ter rejeitado o bem. O povo contesta o profeta, exigindo-lhe as provas. A leitura de hoje é uma resposta a essa exigência de provas. Não se trata, portanto, de opiniões subjetivas, mas de uma recordação histórica na qual o povo de Israel é condenado.
Desde o princípio o Reino inaugurado por Jeroboão foi uma história ininterrupta de assassínios e de injustiças. Reis deixaram de ser os escolhidos por Deus para se transformar em marionetes de poderes humanos, escolhidos meramente por interesses egoístas. “Eles constituíram reis sem minha vontade; constituíram príncipes sem meu conhecimento”.
Além disso, havia o bezerro de ouro de Samaria, que foi encomendado por Jeroboão e que permanecia como uma manifestação visível não só da idolatria, mas também da malícia interior que tornava impossível a purificação. “Sua prata e seu ouro serviram para fazer ídolos e para sua perdição”.
É nesse sentido que os idólatras semeiam ventos para colher tempestades: semear vento significa depositar a confiança em ídolos que não passam de ventos. Essa confiança nos ídolos inúteis, no entanto, é uma ação que tem graves consequências: as tempestades que arrasam e destroem a vida. O culto aos ídolos é culto ao que é oco, inútil e vazio: é semear vento, mas esse culto só provoca a ruína: as tempestades, as plantas sem espigas, a fome e o saque dos salteadores: “Semeiam ventos, colherão tempestades; se não há espiga, o grão não dará farinha; e mesmo que dê, estranhos a comerão”.
A resposta do povo ao que Oséias profetiza é ainda mais comprometedor: se defende respondendo que multiplicou os altares e os lugares de culto. Mais uma vez a resposta de Oséias é severa: ao multiplicarem os altares, multiplicaram os pecados. E as pessoas sabem o motivo disso: os lugares de culto, na verdade, rendem homenagem a Baal e não ao Deus vivo e verdadeiro: “Efraim ergueu muitos altares em expiação do pecado, mas seus altares resultaram-lhe em pecado”.
Qual é o resultado de tudo isso? É a rejeição: Deus repudia o povo e o considera como estranho, uma vez que antes foi abandonado. É o trágico fim de uma história que começou com o anúncio de Deus esposo que atrai a sua noiva com laços de afeição, mas que acaba na rejeição e no exílio: “o Senhor lembra seus pecados e castiga suas culpas: eles deverão voltar ao Egito”.
Não aconteça o mesmo conosco! Por isso é preciso evitar semear ventos, ou seja, de servir aos ídolos modernos do dinheiro, do poder e do prazer. Eles não nos salvarão! Pelo contrário estão na raiz das injustiças sociais, da violência, da guerra. Não devemos tolerar uma religião feita somente de exterioridade solene. Um culto solene sem conversão do coração ao Deus vivo e verdadeiro não somente nos é inútil quanto muito prejudicial.
Rezemos para que não aconteça de um dia ouvirmos: “não vos conheço, afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.