Jr 17,5-10
No que nós confiamos? Confiamos nos outros, no saber humano, na riqueza desta terra, nos valores instáveis e enganadores?
O profeta Jeremias faz a comparação de quem deposita a sua confiança em Deus e de quem não confia no Senhor.
Quem não confia em Deus para confiar nos outros é como o “arbusto no deserto: nunca verá chegar tempo bom, mas na secura do deserto há de morar, na terra salobra e inabitável”. Essa pessoa não está somente cercada de aridez, mas ela mesma se torna árida e estéril. Não consegue produzir bons frutos porque eles são abortados antes do tempo por causa da falta de nutrientes e de água.
Quem confia em Deus é bendito e é comparado à “árvore plantada junto à água que estende suas raízes para o rio e não teme o tempo do calor; suas folhas permanecem verdejantes, não se preocupa com um ano de seca e nunca deixa de produzir o seu fruto”.
Assim seremos nós que confiarmos em Deus.
Lc 16,19-31
O evangelho nos apresenta de um lado a vida despreocupada do rico e de outro a existência miserável do pobre. Não há nenhuma relação entre estas pessoas, e esta ausência de relação será mais tarde sancionada por Deus: não é mais possível nenhuma relação. Estabeleceu-se entre os dois um grande abismo, abismo que não pode ser transposto.
Ao rico epulão cabem as palavras do profeta Jeremias: “Maldito o homem que se fia no homem que faz da carne a sua força, mas afasta o seu coração de Deus!”. Este pobre rico é um exemplo das pessoas que organizam a própria existência independentemente de Deus, cercando-se de todas coisas para ser feliz aqui. Pessoas assim não têm idéia nenhuma do que seja a confiança em Deus.
Esta parábola nos mostra que para confiar em Deus é necessário ser solidário com aquele que se encontra na pobreza. A verdadeira confiança em Deus sempre é acompanhada de pobreza e de solidariedade com o pobre, caso contrário não passa de confiança ilusória em Deus.
A verdadeira confiança em Deus renuncia as riquezas deste mundo: renuncia a confiança no dinheiro, nas capacidades e na saúde. É claro que ninguém deve buscar a doença para provar sua confiança em Deus, mas devemos renunciar à alegria da saúde, no sentido de que devemos colocar-nos a serviço daqueles que não têm esta alegria. Deste modo estaremos na pobreza com o pobre, com ele gritaremos a Deus e teremos confiança nele.