Is 50,4-9
Passo a passo os Cânticos do Servo de Deus vão nos conduzindo até Jesus. Ouvimos na leitura o Terceiro Cântico do Servo Sofredor. De fato, as palavras do Servo de Deus nos fazem pensar intuitiva e naturalmente a Jesus diante de Pôncio Pilatos: “Apresentei as costas aos que me feriam, e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o rosto dos insultos e dos escarros”.
Como o Servo, Jesus ouve sempre o Pai e lhe obedece. Nada ensina que não tenha recebido do Pai: “O Senhor me deu língua de discípulo para que eu saiba ajudar com uma palavra quem está cansado”. Parece até que ouvimos uma antecipação do convite de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11,28).
Como o Servo, Jesus é aquele de desde o amanhecer está atento à voz do Pai: Ele é a fonte da sua sabedoria e inspiração: “Toda manhã ele me desperta e abre meus ouvidos para que eu ouça como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos e eu não fui rebelde, nem recuei”.
Todos acusam o Servo de Deus, assim como farão com Jesus. E Jesus, como o Servo, se não rebelará contra as humilhações nem contra o julgamento injusto. Para muitos a não resistência às injúrias será tomada como confissão de culpa, mas, na realidade, se trata de confiança e abandono nas mãos de Deus. Como o Servo de Deus, Jesus foi julgado injustamente, mas Deus, no fim das contas, o justificou ressuscitando-o dos mortos. Esse é o sentido profundo da confissão do Servo de Deus: “O Senhor Deus é quem me ajuda: por isso não fiquei envergonhado. Está perto aquele que me justifica: quem vai demandar contra mim? Vede, o Senhor Deus é quem me ajuda: quem me condenará?”
Estamos na Semana Santa, tempo para estarmos ao lado de Jesus, do Servo a quem Deus instrui e envia para ser a luz das nações.
Mt 26,14-25
O evangelho revela que Jesus não é vítima, mas age com plena consciência e liberdade. Ele inverte a situação da traição de Judas.
Judas entregou Jesus aos Sumos Sacerdotes, mas Jesus faz dessa entrega realizada por Judas a entrega que ele realiza de si mesmo. Ao ser entregue por Judas, Jesus se entrega livremente para a nossa salvação. É por isso que Jesus dá instruções precisas para os preparativos para a ceia de Páscoa.
De fato, na ceia Jesus revelará aos discípulos que ninguém tira a sua vida, mas é ele que a dá livremente. Ele tem o poder de dar a vida e o poder de retomá-la. Na Ceia a entrega da traição é transformada em entrega do sacrifício de si mesmo.
Jesus inverte a situação: a morte resultada da traição de Judas se torna em morte que dá a vida para o mundo.
Abramos nosso coração ao amor generoso de Jesus.