(ANOS ÍMPARES)
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Gn 8,6-13.20-22
A leitura é o epílogo do relato do dilúvio universal. Noé é como um novo Adão, com quem a vida humana recomeça. Podemos nos perguntar: a humanidade que surgiu de Noé será diferente? O próprio relato do Gênesis nos dá a resposta: “as inclinações coração do homem são más desde a juventude”.
A conclusão pode parecer muito pessimista, pois de nada adiantou o castigo divino; o homem não aprende com seus erros e seu coração está pervertido desde jovem. A impressão é de que o dilúvio deverá se repetir mais vezes.
A decisão de Deus é, porém, diferente daquela que nós podíamos prever e esperar. Deus decidiu nunca mais “amaldiçoar a terra por causa do homem”. A história de Noé e do dilúvio universal se torna assim a revelação de um Deus que não abandona a humanidade no pecado. Se no prólogo do relato do dilúvio universal a constatação da perversidade humana teve como resultado o castigo, depois que Noé saiu da arca, a constatação da humanidade conduz para uma promessa de estabilidade da ordem natural e da preservação da vida: “não tornarei a ferir todos os seres vivos como fiz. Enquanto a terra durar, plantio e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite, jamais hão de acabar”.
É preciso que entendamos bem. O relato do dilúvio não é somente uma história de um passado distante. É sobretudo o paradigma do nosso presente e futuro. O pecado da humanidade, ainda que tenha uma punição intrínseca ao próprio pecado, nunca irá suplantar a misericórdia divina. Até mesmo a constatação de que “as inclinações coração do homem são más desde a juventude”, em vez de fazer fracassar os desígnios de Deus, devem nos levar a uma confiança ainda maior nas promessas divinas.
(ANOS PARES)
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Leitura: Tiago 1,19-27
Salmo 14(15) R- Senhor, quem morará em vosso Monte Santo?
Evangelho de Marcos 8,22-26
Naquele tempo: 22Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele. 23Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, colocou as mãos sobre ele, e perguntou: 'Estás vendo alguma coisa?' 24O homem levantou os olhos e disse: 'Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam.' 25Então Jesus colocou de novo as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. 26Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: 'Não entres no povoado!' Palavra da Salvação.
Meu irmão, minha irmã!
A leitura nos exorta: “Sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes”. Essa exortação é explicada por meio de uma imagem: a de uma pessoa que se olha no espelho.
Nós nos olhamos no espelho com a finalidade de nos arrumar. Ninguém se olha no espelho sem finalidade ou só para se contemplar. O apóstolo Tiago diz que não tem sentido a gente se olhar no espelho sem mudar nada em nós: “uma pessoa observa o seu rosto no espelho: apenas se observou, vai-se embora e logo esquece como era a sua aparência”. Talvez essa pessoa tivesse uma mancha na roupa ou estava com o rosto sujo, mas foi embora sem ter mudado nada.
Com essa comparação, São Tiago quer dizer que o mesmo devemos fazer com a fé e com a Palavra de Deus. A fé e a Palavra de Deus são como um espelho no qual posso me ver e perceber como estou diante de Deus. Quando leio a Bíblia, uma passagem do Evangelho, isso é para mim como um espelho que revela como estou diante de Deus. Por exemplo, se leio: “Amai os vossos inimigos e fazei o bem a eles”, e eu estou em conflito com uma pessoa, isso é um espelho para mim. Posso ver se eu sou coerente com a vontade de Deus ou me afastei dela.
Essa é a primeira função do espelho: me mostrar como estou realmente e não como me imagino.
Uma segunda função é esta: o espelho é como um conselheiro quem me diz o que não está bem em mim e o que eu preciso mudar em minha vida.
São Tiago nos ensina que não devemos só ouvir a Palavra de Deus, mas pô-la em prática. É preciso fixar o olhar na “lei da Liberdade levada à perfeição” para mudar o que a ela me revela como errado em minha vida. De outra forma, a vida permanecerá sem mudança: o espelho mostrou por um instante o que devia mudar, mas não me importei com isso e tudo fica do mesmo modo de antes.
Precisamos de espelho bom. Há espelhos que distorcem a realidade. Se nós temos como espelho as nossas inclinações naturais ele deformará a realidade de nós mesmos. Mas se o espelho é a Palavra de Deus, a “lei da Liberdade levada à perfeição”, então poderemos ver com clareza e realismo nossa situação pessoal diante de Deus para mudá-la.
Agradeçamos o Senhor por nos ter dado um espelho precioso de salvação que é a Palavra de Deus. Usemos sempre este espelho. Façamos as mudanças que o nosso espelho nos indica. Confiemos no espelho da Palavra de Deus e não nos que distorcem a realidade.
DOM JULIO ENDI AKAMINE