Salmo Responsorial 125(126)-R- Maravilhas fez conosco o Senhor!
Evangelho Lucas 8,16-18
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 16“Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz. 17Com efeito, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto. 18Portanto, prestai atenção à maneira como vós ouvis! Pois a quem tem alguma coisa será dado ainda mais; e àquele que não tem será tirado até mesmo o que ele pensa ter”. – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Esd 1,1-6
Iniciamos a leitura do livro de Esdras. Esse livro narra o retorno dos judeus a Jerusalém e a reconstrução do Templo.
O livro começa assinalando a enorme mudança do cenário internacional com a subida ao poder do rei Ciro. Essa mudança surpreendente da geopolítica não é fruto somente de conquistas de poder. O livro de Esdras mostra que, na realidade, “o Senhor moveu o espírito de Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar” o decreto que determinava o retorno dos judeus à sua terra. Deus é o personagem principal da história e o coração do homem é o seu instrumento. Esdras sublinha esse fato de que Deus seja o motor da história. Ele insiste nisso ao narrar que nem todos os judeus retornaram para Jerusalém. Voltaram somente “aqueles que se sentiram inspirados por Deus para ir edificar o templo do Senhor que está em Jerusalém”.
O livro de Esdras narra a decisão de Ciro dando a impressão de que até o próprio rei tivesse consciência de que era inspirado por Deus e não tanto movido por motivos políticos: “O Senhor, Deus dos Céu, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe construir um templo em Jerusalém, na terra de Judá”.
Além de nos ensinar que é Deus quem conduz a história da humanidade, movendo os corações, o livro de Esdras deve ser lido como uma profecia de Jesus Cristo. No relato da reconstrução do templo devemos ler a profecia da morte e da ressurreição de Cristo. O templo tinha sido destruído e ele é reconstruído. Nos próximos dias, ouvindo o relato do livro de Esdras, não nos esqueçamos que o mistério central se refere ao mistério da morte e ressurreição de Jesus. A ressurreição é a verdadeira reconstrução do templo: Jesus mesmo afirma: destruí este templo e eu o reconstruirei em três dias.
Por fim, há ainda uma outra coisa maravilhosa que podemos conhecer a partir da leitura de hoje. No edito, Ciro não só permite o retorno dos judeus para reconstruir o templo, mas também ordena que todos os pagãos contribuam com donativos para a reconstrução: “E a todos os sobreviventes, onde quer que residam, as pessoas do lugar proporcionem prata, ouro, bens e animais, além de donativos espontâneos para o templo de Deus, que está em Jerusalém”.
Nós podemos nos ver nos pagãos que contribuíram espontaneamente para a reconstrução do templo de Jerusalém. A oferta dos pagãos é, na verdade, a oferta de nós mesmos, como pedras vidas para a construção do novo templo que é a Igreja. Nós, que não éramos povo de Deus, fomos aceitos para formar o templo de Deus, juntamente com os Apóstolos e os profetas (cf. 1Pd 2,5.10).
Reconheçamos no livro de Esdras a nossa história presente, reconheçamos o privilégio que recebemos de participar da construção do templo de Deus não só com ofertas materiais, mas com a oferta de nós mesmos, unida à oferta do Senhor Jesus.
Lc 8,16-18
O Evangelho que ouvimos hoje é uma parábola minúscula. Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama...É próprio da luz iluminar e se espalhar. É uma coisa absurda, cobri-la com uma vasilha... A luz que se espalha e ilumina é a luz de Cristo e o seu evangelho. Iluminados pelo Evangelho de Cristo, os discípulos não devem guardar para si o ensinamento recebido como se fosse um saber a ser reservado só para alguns ou para uma elite. Isso seria o mesmo que colocar a lâmpada debaixo da cama. Pelo contrário, o Evangelho deve ser difundido para a todos iluminar.
Tudo o que está escondido deverá se tornar manifesto. O que Jesus ensina aos discípulos é ensinado na intimidade e no reservado grupo dos discípulos. Mas chegará a hora em que os discípulos não deverão manter o que foi ensinado na intimidade e deverão proclamá-lo publicamente. O que é ensinado na intimidade da convivência com Jesus está destinado a ser proclamado publicamente.
“A quem tem alguma coisa, será dado mais; e aquele que não tem será tirado até mesmo o que ele pensa ter”. Ao que se abriu à graça de Deus, para aquele que recebeu o Evangelho, Jesus promete dar ainda mais. De fato, nós recebemos dele graça sobre graça. Mas daquele que não recebeu o Evangelho, lhe será tirado até mesmo o que pensa possuir. Estamos diante do mistério da perdição e da condenação definitiva daquele que não viveu no plano da graça e que acaba perdendo até mesmo o que ele pensava possuir, ou seja, a saúde física, a riqueza, a fama, o poder, a vida terrena.
Salmo Responsorial 14(15)-R- O justo habitará no Monte Santo do Senhor!
Evangelho Lucas 8,16-18
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 16“Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz. 17Com efeito, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto. 18Portanto, prestai atenção à maneira como vós ouvis! Pois a quem tem alguma coisa será dado ainda mais; e àquele que não tem será tirado até mesmo o que ele pensa ter”. – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Pr 3,27-34
A leitura nos ensina quais são os deveres para com o nosso próximo (27-31) e quais são as razoes para esses deveres (32-35). Os deveres para com o próximo são: fazer o bem a ele; não adiar o bem que eu posso lhe fazer; não tramar o mal contra ele; e não abrir processo contra ele sem motivo.
Por que eu devo fazer o bem ao próximo? São duas as razões: porque o próximo necessita de meu favor e porque eu posso. O poder fazer o bem e a necessidade do outro são as razões de eu fazer o bem ao próximo: “não recuses um favor a quem dele necessita, se tu podes fazê-lo”.
Não se deve adiar o bem que pode ser feito. O bem é urgente e não deve ser deixado para depois. Na verdade, tardar o bem é o mesmo que negá-lo. É melhor “um toma” do que dois “eu te darei”. “Não digas ao próximo: ‘Vai embora, volta amanhã, então eu te darei’, quando tu podes dar logo”.
O dever de fazer o bem nos proíbe de tramar o mal contra o próximo. Tramar o mal contra o próximo é um pecado premeditado que assume uma forma ainda mais agressiva se o outro convive conosco e confia em nós. Trata-se de um agravante tirarmos proveito da confiança de quem convive conosco para premeditar o mal: “Não trames o mal contra o próximo, quando ele vive contigo cheio de confiança”.
Por fim, Deus condena quem se utiliza da justiça para causar a injustiça. É uma contradição que prejudica não só o injustiçado, mas toda uma coletividade, pois se utiliza das estruturas e dos agentes de justiça para cometer injustiça: “Não abras processo contra alguém sem motivo, se não te fez mal algum”.