3ª FEIRA DA 25ª SEMANA COMUM
1ª Leitura: Esdras 6,7-8.12b.14-20
Salmo Responsorial 121(122)R- Que alegria quando me disseram: ”Vamos à casa do Senhor”!
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 19a mãe e os irmãos de Jesus aproximaram-se, mas não podiam chegar perto dele por causa da multidão. 20Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver”. 21Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. – Palavra da salvação.
A reconstrução do templo de Jerusalém se concluiu no tempo do profeta Ageu e Zacarias. Na verdade, foram esses dois profetas que, vencendo todas as dificuldades e exortando o povo, levaram a termo a obra. Depois da reconstrução foi realizada a dedicação do templo e a celebração da páscoa.
É importante a notícia de que o templo foi consagrado e que, nele, foi celebrada a páscoa.
Podemos imaginar os sentimentos e a devoção dos judeus ao celebrar a páscoa no templo reconstruído.
A partir disso podemos também tomar consciência do que acontece conosco quando entramos em uma Igreja consagrada. O nosso olhar, que se dirige ao templo consagrado, está cheio de gratidão e de admiração porque reconhecemos que na realidade material do edifício, Deus quer conferir as suas graças espirituais. Não devemos nunca perder essa reação de estupor: no templo consagrado Deus vem ao nosso encontro, nos fala como amigos e se entretém conosco.
No templo, Deus prodigaliza os seus bens a nós: o pecador arrependido encontra e recebe o perdão; o peregrino recebe o pão da vida para seu nutrimento; no templo, nos despedimos de nossos amados que partiram para Deus e os confiamos ao bom pastor para que os carregue nos seus ombros até a casa do Pai.
No lugar físico, o Inefável está presente nos sinais reais; o Transcendente se revela imanente aos símbolos tomados das coisas criadas; o Três vezes Santo se digna estar misteriosamente presente em realidades do nosso mundo!
Além do edifício material, o olhar se dirige também para as pessoas que se reúnem no templo, para a comunidade dos fiéis que nele se reúne, para a assembleia e a comunhão dos santos. Experimentamos no templo que a própria assembleia litúrgica é obra de Deus: nós fomos convocados, não somos nós que nos reunimos. A igreja de pedra nos faz cair na conta que nós somos Igreja.
Igreja de pedra, Igreja de pedras vivas; edificação realizada por nossas mãos que é consagrada para ser a presença do Inefável neste lugar; edificação construída por Deus e feita de pessoas! Tudo isso o olhar de fé detecta.
A consagração de um templo é como uma cura para a nossa cegueira. Um olhar sem fé vê somente pedra, tijolo, cimento, ferro, ornamento, trabalho humano, reunião de indivíduos. O olhar de fé faz ver no templo o Santo, o Invisível, o Transcendente, o Templo do Espirito Santo, o que Deus faz em nosso favor, a comunhão dos santos, a unidade do Corpo de Cristo e a Igreja presente no mundo todo.
As palavras de Jesus parecem duras. A quem avisou de que sua mãe e seus irmãos queriam vê-lo, Jesus responde: “minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põe em prática”.
Será que tais palavras fizeram sofrer Maria? Julgando a partir apenas de nossa psicologia, tais palavras fazem de fato sofrer, mas é óbvio que Jesus não queria excluir sua mãe. Se há alguém que faz a vontade de Deus, esta é Maria. No evangelho de Lucas, vemos Maria sempre em dócil obediência a Deus. Assim o vínculo de Maria com Jesus não consiste apenas na relação de sangue, mas sobretudo na relação com a Palavra de Deus.
Jesus nos apresenta um modelo; convida os seus discípulos a imitá-lo na sua perfeita obediência à Palavra de Deus. Ele nos mostra, através de Maria, que quanto mais somos obedientes à Palavra, mais estamos unidos a Jesus.
Essa relação com Jesus que há em uma pessoa, Maria, se torna ainda mais bela quando é toda uma comunidade que vive na escuta da Palavra de Deus; essa comunidade não só se une maravilhosamente com Jesus, mas também se une entre si. Assim as dificuldades de relacionamento pessoal são superadas porque há entre tais pessoas uma vinculação muito mais forte do que os laços de sangue.
Agradeçamos a Jesus por viver essa unidade fundada na obediência à Palavra.