2026
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
24 Ninguém pode servir a dois senhores: ou vai odiar o primeiro e amar o outro, ou aderir ao primeiro e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro! 25 “Por isso, eu vos digo: não vivais preocupados com o que comer ou beber, quanto à vossa vida; nem com o que vestir, quanto ao vosso corpo. Afinal, a vida não é mais que o alimento, e o corpo, mais que a roupa? 26Olhai os pássaros do céu: não semeiam, não colhem, nem guardam em celeiros. No entanto, o vosso Pai celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles? 27 Quem de vós pode, com sua preocupação, acrescentar um só dia à duração de sua vida? 28 E por que ficar tão preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo. Não trabalham, nem fiam. 29 No entanto, eu vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles. 30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje está aí e amanhã é lançada ao forno, não fará ele muito mais por vós, gente fraca de fé? 31 Portanto, não vivais preocupados, dizendo: ‘Que vamos comer? Que vamos beber? Como nos vamos vestir?’ 32 Os pagãos é que vivem procurando todas essas coisas. Vosso Pai que está nos céus sabe que precisais de tudo isso. 33 Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo. 34Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá sua própria preocupação! A cada dia basta o seu mal.
Meu irmão, minha irmã!
Mt 6,24-34
As sondagens sociológicas revelam que cresceu muito o número das pessoas que se declaram ateais. É cada vez mais comum encontrar jovens que não só se declaram ateus, mas que militam no ateísmo. É preocupante essa constatação. Mas deve também nos causar preocupação um outro mal tão ou mais perigoso: a idolatria do dinheiro. É esse o tema da leitura do evangelho de hoje.
Ninguém pode servir a dois senhores: pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
A idolatria do dinheiro é muito espontânea e nos tempos de hoje tem contaminado a nossa vida cotidiana, as instituições, as relações econômicas. A idolatria do dinheiro está na causa da avalanche da corrupção, da criminalidade organizada, do vergonhoso tráfico de pessoas e da exploração sexual. Não é o dinheiro o ídolo por excelência dos nossos dias? Não é o ídolo dinheiro o rival de Deus?
O dinheiro é o ídolo visível em oposição do Deus invisível (não podeis servir a Deus e ao dinheiro). Como antideus, o dinheiro cria um universo espiritual paralelo e invertido das virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade. Jesus nos ensina que tudo é possível a quem crê. O ídolo proclama que tudo é possível a quem tem dinheiro. As consciências podem ser compradas; os corpos podem valer mais ou menos de acordo com a sua juventude ou beleza.
Por trás de todos os flagelos de nossa sociedade está o ídolo dinheiro! O que está por trás do comércio das drogas, que ceifa todos os dias vidas humanas principalmente dos mais jovens? O que está por trás do comércio de carne humana da prostituição? O que financia a propaganda hedonista de uma vida sexual desregrada e promíscua? O que está na raiz dos lava-jato de nosso país? O que está na origem das guerras esquecidas e fratricidas de nosso mundo? Qual é o motivo do tráfico de órgãos humanos removidos de crianças? A esse ídolo dinheiro são sacrificadas muitas vidas humanas todos os dias.Tudo isso não nos deve levar a pensara que a idolatria do dinheiro comece de uma vez com toda a sua virulência. O ídolo dinheiro cresce de maneira cotidiana e lenta. O idólatra do dinheiro começa com pouco, vai repetindo pequenos atos de desonestidade, vai aumentando as suas trapaças na medida que cresce também a sua ganância. Pouco a pouco cresce a sua avareza até chegar aos grandes escândalos públicos.
Será que isso não é uma advertência séria a todos nós que administramos dinheiro público, dinheiro da Igreja, dinheiro da instituição, dinheiro dos outros?
Como todos os ídolos, o dinheiro é falso e mentiroso. Ele promete segurança, mas na realidade nos faz inseguros e aterrorizados pela perspectiva de perdê-lo; promete a liberdade e, ao contrário, nos faz seus escravos.
Não foi isso que aconteceu com muitos que acumularam tanto dinheiro que não sabiam em que paraíso fiscal iriam mandar o fruto das propinas e das negociatas? Eles estavam prestes a dizer a si mesmos: “meu caro tens um patrimônio para muitos anos: descansa, goza, regala-te”. Para quem eles acumularam tanto dinheiro? Para si mesmos? para o partido? Mas valeu a pena? O ídolo dinheiro é realmente mentiroso! Ele se encarrega de punir, ele mesmo, os seus adoradores!
DOM JÚLIO ENDI AKAMINE
2027
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
2025, 2028
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
"39.Propôs-lhes também esta comparação: Pode acaso um cego guiar outro cego? Não cairão ambos na cova? 40.O discípulo não é superior ao mestre; mas todo discípulo perfeito será como o seu mestre. 41.Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho? 42.Ou como podes dizer a teu irmão: Deixa-me, irmão, tirar de teu olho o argueiro, quando tu não vês a trave no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e depois enxergarás para tirar o argueiro do olho de teu irmão. 43.“Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto. 44.Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas dos abrolhos. 45.O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio."
Meu irmão, minha irmã!
Lc 6,39-45
Todos nós precisamos ser educados para a maturidade, ser instruídos e ensinados, ser corrigidos de nossos erros e sermos abastecidos de coisas boas para viver em plenitude. De fato, é da nossa natureza a educação, a instrução, a correção, a aquisição de recursos e de virtudes. Diferente dos animais, não somos guiados unicamente pelos instintos. Ao reconhecer essa necessidade própria do ser humano, reconhecemos que precisamos também de quem nos eduque, nos ensine, nos guie.
O Evangelho de hoje, com os seus aforismos telegráficos e diretos, se insere exatamente nessa necessidade básica que faz humana a nossa vida.
Aquele que deseja guiar os cegos deve enxergar. Se um cego guia cegos todos cairão no buraco. Para ver o caminho, para ver o destino é preciso que quem guia tenha os olhos de Cristo. Os que não veem com os olhos de Cristo e pretendem ser guias conduzem os outros ao buraco. Para educar para a vida eterna é preciso enxergar com os olhos de Cristo.
Todos nós somos discípulos de Cristo, por isso nunca seremos superiores ao mestre, que é Cristo. O discípulo não pode aspirar superar Cristo. Por outro lado, uma vez instruído deve também ensinar outros. O discípulo, que é instruído por Cristo, não pode guardar para si o que recebeu; deve ser como o Mestre: deve transmitir o que dele recebeu e deve transmitir só o que recebeu.
A educação exige também a correção. A correção pode parecer desagradável, mas é um gesto de amor e é constitutivo da autêntica educação. Para corrigir os outros, no entanto, é preciso se corrigir. Muitas vezes, somos hábeis em ver os erros alheios, mas cegos para ver os próprios erros: vemos o cisco no olho dos outros, mas não vemos a trave no nosso. É preciso ter cuidado com os censores que se creem exemplares e perfeitos.
Devemos nos perguntar sempre se aquilo que detestamos nos outros – a vaidade, o egoísmo, a avareza, a falsidade, a mesquinhez – não se encontra em medida muito maior e em formas muito mais graves em nós mesmos. De novo é preciso voltar ao primeiro aforismo: um cego não pode guiar outro cego.
Uma árvore boa produz frutos bons. Há uma relação estreita entre a árvore e os seus frutos, da mesma forma como há uma relação estreita entre a bondade de uma pessoa e os atos bons que ela pratica. Os seus atos revelam o seu coração. Mas é verdade também que se a bondade do coração não se manifestar em atos bons, podemos duvidar da própria bondade do coração.
Outra imagem dessa estreita relação é a do tesouro. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. O bom tesouro do coração é como o depósito ou a despensa da casa. No homem esse tesouro é a sua intimidade, o seu coração, que é a sede da vida consciente e livre.
Completa essas imagens da árvore e do tesouro a imagem da boca que fala do que o coração está cheio. Essas imagens associadas nos revelam a necessidade de ir assimilando e acumulando coisas boas para partilhá-las com os outros no momento oportuno.
Pergunte a si mesmo: vejo com os olhos de Cristo? Procuro me corrigir antes de querer corrigir os outros? Tenho o cuidado de me alimentar, de assimilar o que é verdadeiro, bom, belo para partilhá-lo com os outros? Ou de minha boca só sai fofoca, maledicência, crítica amarga, ironia azeda, palavra que destrói?
A eucaristia é uma educação que nos faz ver com os olhos de Jesus. A eucaristia julga o nosso comportamento e nos corrige. A eucaristia nos ensina a louvar e a agradecer Deus (nosso dever e salvação).
DOM JÚLIO ENDI AKAMINE