2Cor 11,18.21b-30
São Paulo continua se defendendo dos super-apóstolos que atacam a sua autoridade. Ele faz sua defesa com paixão. Segundo as palavras de Paulo, “com insensatez”. Provocado pela insensatez alheia, Paulo fala como um insensato. “já que muitos se gloriam segundo a carne, eu também me gloriarei. O que os outros ousam dizer em vantagem própria, eu também o digo a meu respeito, embora fale como insensato.”
São Paulo então apresenta o seu curriculum vitae. Do ponto do insensato que só julga as coisas do ponto de vista terreno, o relatório que Paulo apresenta de si mesmo é muito melhor do que o dos super-apóstolos. Nessa enumeração de todos os títulos de orgulho, um fundo de ironia: “são hebreus? Eu também. São israelitas? Eu também. São da descendência de Abraão? Eu também. São servos de Cristo? Eu ainda mais do que eles. Eu muito mais do que eles: pelos trabalhos, pelas prisões, pelos açoites sem conta”.
Ainda como insensato, Paulo ainda enumera em seu favor os perigos sem conta pelos quais passou por causa do Evangelho e uma série de trabalhos e fadigas a que foi submetido para levar adiante a missão evangelizadora.
O mais belo da defesa de Paulo não é a ficha de trabalhos prestados que ele apresenta, mas o modo como ele apresenta tudo isso como “insensatez” e como “fraqueza”. De fato, do ponto de vista puramente de enumerar vantagens em relação aos outros São Paulo é muito mais insensato do que os super-apóstolos; do ponto de vista da fé, porém, todas estava vantagens são, na realidade, fraquezas suportadas por causa do amor pelo Evangelho. Nesse sentido, a insensatez se torna fraqueza: “se é preciso gloriar-se, e de minhas fraquezas que me gloriarei”.
2Rs 11,1-4.9-18.20
A leitura de 2Rs descreve com crueza e sem rodeios o que a ambição pelo poder provoca. Atália começou a exterminar toda a família real porque desejava o poder total sobre o povo e porque queria instituir o culto a Baal como religião oficial. Para conquistar o poder ela não tem escrúpulos, manda matar todos da família e da estirpe de Davi. Assim, a dinastia davídica teria fim e seria necessário o começo de uma nova dinastia.
Nessa situação de grave perigo e de extrema violência, Deus intervém através de Josaba que escondeu um descendente de Davi e o salvou do extermínio. Com a unção desse descendente de Davi, a promessa de Deus se manteve e se realizou.
Essa é uma característica do AT: as promessas divinas estão vinculadas à vida religiosa e política do povo escolhido. Assim a coroação de um descendente de Davi como rei do povo judeu significa a fidelidade de Deus à sua promessa.
No NT, por outro lado, o novo Povo de Deus é formado por pessoas de todos os povos e, por isso, as promessas divinas não estão mais ligadas ao bem de um único povo, mas ao bem de toda humanidade. A Igreja, como novo Povo de Deus, não busca o poder político. Pelo contrário Ela é chamada para trabalhar pelo advento do Reino de Deus e, em vista disso, se empenha pela unidade de todo o gênero humano e a fraternidade universal. É uma obra muito difícil, que comporta riscos de instrumentalização política e também de perseguições.
Rezemos para que a Igreja se empenhe de verdade pela justiça social e pela paz no mundo. Assim a promessa de Deus se realizará em nosso mundo.