4ª FEIRA DA 5ª SEMANA DA QUARESMA
Leitura: Daniel 3,14-20.24.49ª.91-92.95
Salmo Responsorial Daniel 3 - R- A vós louvor, honra e glória eternamente!
Naquele tempo: 31Jesus disse aos judeus que nele tinham acreditado: 'Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, 32e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.' 33Responderam eles: 'Somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: `Vós vos tornareis livres'?' 34Jesus respondeu: 'Em verdade, em verdade vos digo, todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.35O escravo não permanece para sempre numa família, mas o filho permanece nela para sempre. 36Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. 37Bem sei que sois descendentes de Abraão; no entanto, procurais matar-me, porque a minha palavra não é acolhida por vós. 38Eu falo o que vi junto do Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai.' 39Eles responderam então: 'O nosso pai é Abraão.' Disse-lhes Jesus: 'Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão! 40Mas agora, vós procurais matar-me, a mim, que vos falei a verdade que ouvi de Deus. Isto, Abraão não o fez. 41Vós fazeis as obras do vosso pai.' Disseram-lhe, então: 'Nós não nascemos do adultério, temos um só pai: Deus.' 42Respondeu-lhes Jesus: 'Se Deus fosse vosso Pai, vós certamente me amaríeis, porque de Deus é que eu saí, e vim. Não vim por mim mesmo, mas foi ele que me enviou. Palavra da Salvação.
Dn 3,14-20.24.49.91-19.95
A leitura de hoje nos fala da liberdade.
Os três jovens na fornalha são um exemplo magnífico de liberdade. Eles refutam com firmeza adorar o poder real. Ainda que o rei os persiga e os jogue na fornalha ardente, eles se mantêm firme na recusa de adorar o ídolo do poder.
Nabucodonosor chega até mesmo a desafiar: “Qual é o deus que poderá libertar-vos de minhas mãos?”. A resposta deles é corajosa: “Não há necessidade de te respondermos sobre isto: se o nosso Deus, a quem rendemos culto, pode livrar-nos da fornalha de fogo ardente, ele também poderá libertar-nos de tuas mãos, ó rei”. Este gesto de grande liberdade enfurece o rei, que os condena a um suplício terrível: a de serem amarrados e jogados vivos na fornalha acesa sete vezes mais quente do que o normal.
Aparentemente os jovens não são mais livres: estão amarrados e são jogados no fogo. Mas eis que Deus os liberta milagrosamente do suplício. É o que constata Nabucodonosor: “Porventura, não lançamos três homens bem amarrados no meio do fogo? Mas eu estou vendo quatro homens andando livremente no meio do fogo, sem sofrerem nenhum mal. Um dos que andavam livremente no meio do fogo era um anjo enviado por Deus para libertar os três jovens.
Esse episódio nos ensina que se formos fiéis a Deus, seremos libertados nos momentos de dificuldade, de perseguição e até mesmo do cárcere. Mesmo em meio às tribulações, estaremos felizes e cheios de alegria.
Os jovens na fornalha ardente cantam os louvores a Deus. Cantam porque estão livres e se sentem livres, graças à vitória que Deus dá aos que o amam e lhe são fiéis. Ser livre é a nossa vocação. Ela nos foi dada por Deus mediante a morte e ressurreição de Jesus. Peçamos ao Senhor essa maravilhosa liberdade que é liberdade do pecado.
Jesus nos fala da verdadeira liberdade. Fala também que para ser livre de verdade é preciso obedecer a Deus no mais profundo do coração.
Os inimigos de Jesus não são fiéis a Deus: o coração deles escuta uma outra voz, que é a voz do diabo. Assim o pai deles é o diabo. De fato, os inimigos querem matar Jesus, não porque tenha feito algo errado, mas porque Jesus diz a verdade, e eles não suportam a verdade. A verdade é para eles incômoda porque desmascara a suas obras más e as suas intenções malvadas.
Jesus diz: “Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão!”. Devemos fazer as obras do Pai para sermos realmente seus filhos. Para isso não basta sermos batizados, é necessário viver o batismo! É preciso crescer como verdadeiros filhos de Deus, escutando a sua Palavra e deixando que ela lance raízes em nosso coração. É necessário deixar que ela tome pouco a pouco a nossa vida.
Assim perseverando na fidelidade à Palavra, nós seremos realmente livres. O Filho nos torna livres: livres do pecado que nos escraviza, nos liberta da inveja que nos separa dos outros, nos livra da preguiça e do orgulho que nos paralisam.
A liberdade cristã não somente nos liberta do pecado, ela nos faz livres para produzir os frutos do Espírito: o amor, a alegria, a paz, a paciência, a benevolência, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio de si. A liberdade de Cristo é “liberdade de” e “liberdade para”.
Só é livre de verdade quem rejeita a mentira. Somos bombardeados constantemente por mentiras disfarçadas de verdade, meias verdades sedutoras, ideologias de plantão, que escravizam nosso coração. Precisamos ser livres da mentira!
A verdade não é uma teoria, é uma pessoa. E o nome da verdade é Jesus, caminho verdadeiro para a vida. Quem encontra Jesus e se torna seu seguidor, o seu discípulo, encontrou a verdade. Mas nós sabemos em quem colocamos a nossa confiança. Ao receber Jesus, somo livres para amar.
Nesta quaresma, procuremos pedir essa liberdade a Jesus. Que ele nos dê o seu Espírito para sermos realmente livres.