(ANOS ÍMPARES)
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Gn 11,1-9
A humanidade unida, vivendo concentrada em um só lugar decide construir “uma cidade e uma torre cujo cimo atinja o céu”. Esse projeto seria um monumento à unidade ao poder da humanidade. Seria também a afirmação da eficácia humana. As pessoas assim planejavam: “Assim, ficaremos famosos, e não seremos dispersos por toda face da terra”.
Notemos que a humanidade não está concentrada num casal (Adão e Eva), nem em um clã (Noé), mas alargada em uma grande massa que inclui todos os povos da terra. A humanidade está não só concentrada em um lugar, mas está também unida por uma língua única. Todos falam a mesma língua e se entendem.
Nessa unidade e harmonia se insere, porém, o desejo de chegar até o céu por suas próprias forças. A pretensão de autossalvação está na base da desarmonia e da conflitualidade humana.
O nome da cidade é Babel que significa etimologicamente “porta do céu”, mas que no relato bíblico se torna “lugar da confusão”.
Esse episódio de Babel não é somente um evento do passado. Infelizmente é um paradigma do que acontece com frequência. Infelizmente as pessoas não se entendem não só por causa da diferença linguística, mas principalmente pela soberba e orgulho dos seus projetos. A ambição humana de poder, o desejo de se tornar famoso e de se autoredimir, chegando ao céu por suas próprias forças, converte os projetos humanos na fonte da desarmonia e da confusão.
O episódio de Babel, no entanto, tem uma mensagem de esperança velada. A ambição humana de querer subir até o céu não impede que Deus desça até a humanidade. No episódio de Babel, Deus desceu para confundir as línguas. Mesmo que a descida tenha tido um efeito negativo, Deus não abandona a humanidade pecadora à sua própria sorte. Assim ao virar para a próxima página do Gênesis, encontraremos o chamado de Abraão, realizado com o objetivo de abençoar todos os povos da terra.
A resposta do NT para Babel será o Pentecostes. A dispersão babélica será definitivamente superada pela vinda do Espírito Santo quando povos de diversas línguas entenderem a pregação dos apóstolos.
(ANOS PARES)
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Leitura: Tiago 2, 14-24.26
Salmo 111(112) R- Feliz é todo aquele que ama com carinho a lei do Senhor Deus.
Evangelho de Marcos 8,34-9,1
Naquele tempo: 34Chamou Jesus a multidão com seus discípulos e disse: 'Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la. 36Com efeito, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? 37E o que poderia o homem dar em troca da própria vida? 38Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai com seus santos anjos.' 9,1Disse-lhes Jesus: 'Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão, não morrerão sem antes terem visto o Reino de Deus chegar com poder.' Palavra da Salvação.
Meu irmão, minha irmã!
“Que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé seria então capaz de salvá-lo?” A leitura de hoje é um trecho célebre, em que São Tiago parece entrar em confronto contra São Paulo, o qual afirma que a justificação se realiza somente pela fé sem as obras. Mas essa contradição é somente aparente se entenderemos bem tanto São Tiago quanto São Paulo.
São Paulo fala da fé como base da vida divina em nós, da justificação que Cristo nos conquistou, morrendo por nós, pecadores. Essa vida divina nos é comunicada no batismo. Seria uma pretensão absurda para a pessoa humana dizer que as suas obras é que conquistam a salvação. Absolutamente não! É Deus, com o seu amor, que nos salva e não as nossas obras. A salvação não é recompensa de minhas boas obras. Também as minhas boas obras só são possíveis porque na fé eu acolho a salvação que Deus realiza em Cristo para mim.
Jesus, nos evangelhos, sempre exigiu esta fé a quem o busca: “Acreditas que eu possa te fazer isso?”; “a tua fé te salvou”.
Mas não se deve parar aqui.
São Tiago, como Paulo, diz que a fé é a base, o dom gratuito. Mas essa fé deve ser operante, uma fé que transforma a vida. Paulo, por sua vez, fala também das obras de quem é dócil ao Senhor e da fé que opera na caridade. São Paulo dará como exemplo de fé que opera na caridade um exemplo magnífico ao escrever aos Coríntios: “São servos de Cristo? Como estivesse fora de mim digo: eu ainda mais. Muito mais do que eles, pelos trabalhos, pelas prisões, pelos excessivos açoites; fiz inúmeras viagens; trabalhos e fadigas, inúmeras vigílias, fome e sede, jejuns, frio e nudez” (2Cor 11,23ss). Essa é a fé que justifica, que salva, uma fé que invade todo o ser e o põe incondicionalmente a serviço de Cristo e dos irmãos pela salvação deles.
DOM JULIO ENDI AKAMINE