Salmo Responsorial 33(34)-R- Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo!
Evangelho Lucas 17,7-10
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, disse Jesus: 7“Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa’? 8Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e beber’? 9Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? 10Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”. – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Sb 2,23-3,9
O livro da Sabedoria nos ensina a olhar a realidade em profundidade e não somente a sua aparência. “A vida dos justos está nas mãos de Deus, e nenhum tormento os atingirá. Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido; sua saída do mundo foi considerada uma desgraça, e sua partida do meio de nós, uma destruição; mas eles estão na paz”.
Eis a ilusão dos que julgam pelas aparências: acreditar que quem é contrariado, perseguido e atormentado pelos outros, seja um infeliz. Ao contrário, se o justo sofre porque é fiel a Deus, a sua vida, na verdade está nas mãos de Deus, e não dos seus perseguidores. A injustiça nunca tem a última palavra. Uma vida que parece ter sido desperdiçada porque lutou pela justiça na verdade é vida verdadeira. Quem vê a realidade em profundidade, com sabedoria, descobre que não há felicidade na injustiça. Ao contrário, quem pensa que está aproveitando a vida com a injustiça vive no mais terrível vazio. A busca desenfreada e egoísta do prazer não é verdadeira felicidade.
Assim os perseguidos por causa do Reino não são infelizes: “aos olhos dos homens parecem ter sido castigados, mas sua esperança é cheia de imortalidade”.
A leitura ainda continua: não devemos tampouco parar na aparência dos sofrimentos. Deus sempre tem uma intenção de amor e, por isso, também os sofrimentos não devem ser vistos somente no que têm de negativo. Os sofrimentos são também uma forma de purificação: como o ouro é purificado pelo fogo, assim nós somos purificados em vista de um amor mais profundo e generoso. “Tendo sofrido leves correções, serão cumulados de grandes bens, porque Deus os pôs à prova e os achou dignos de si. Provou-os como se prova o ouro no fogo”.
Sejamos gratos a Deus que nos purifica e nos coloquemos em suas mãos quando formos purificados na dor. Permaneçamos fiéis a Deus em todas as circunstâncias e teremos a vida em plenitude: “os que perseveram no amor ficarão junto dele, porque a graça e a misericórdia são para seus eleitos”.
Salmo Responsorial 36(37)R- A salvação de quem é justo, vem de Deus!
Evangelho Lucas 17,7-10
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, disse Jesus: 7“Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa’? 8Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e beber’? 9Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? 10Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”. – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Tt 2,1-8,11-14
A leitura da carta a Tito nos revela como era a comunidade cristã dos inícios. Esse retrato do cotidiano da Igreja é muito significativo para o modo como vivemos o nosso cotidiano de Igreja.
Primeiramente vemos que comunidade dirigida por Tito era composta de idosos, jovens, mulheres e homens de todas as proveniências. A comunidade cristã de Tito não era monocromática e homogênea: não era uma seita formada somente de uma classe de pessoas: livres, escravos, judeus, gregos. A comunidade cristã desde o seu início sempre teve lugar para os contrastes e, ao mesmo tempo, sempre foi um lugar que acolhia a todos em vista da unidade.
As recomendações morais de Paulo para a comunidade cristã são simples e quase banais. Revelam, porém, que a vida cristã é feita do cotidiano: cuidados da casa e do marido, educação dos filhos, amor entre esposo e esposa, moderação para os jovens, ser irrepreensível na palavra. É admirável a atualidade disso tudo para nós: a santidade deve ser vivida no cotidiano e o cotidiano é vivido com santidade.
Lc 17,7-10
Diante de Deus ninguém deve ter a pretensão de reivindicar direitos e de exigir recompensas. Assim como é absurdo se colocar na posição de quem manda em Deus, é igualmente um delírio de soberba e de arrogância achar que Deus seja o nosso devedor por termos feito o que Ele nos mandou. A nossa relação com Deus não é a das trocas comerciais.
Deus não nos impõe mandamentos a serem cumpridos para, depois, nos conceder créditos e recompensas. Nossa relação com Deus não é a relação com um plano de fidelidade: conforme vamos cumprindo os mandamentos, acumulamos pontos que, depois, podem ser trocados por recompensas. Quem assim pensa a sua relação com Deus, não entendeu nada do cristianismo.
A leitura do Evangelho de hoje, na sua crueza e dureza, é um antídoto para esse tipo de mesquinhez que pode envenenar e destruir nossa relação com Deus.
A nossa posição diante de Deus é a do escravo que recebe a ordem que o Senhor lhe deu. O escravo não tem direito ao pagamento. Por isso, se ele obedece ao seu senhor não é porque deseja receber pagamento, mas porque reconhece que deve obedecer. Da mesma maneira, o verdadeiro discípulo de Cristo obedece a Deus simplesmente porque reconhece Deus como o seu Senhor e que lhe compete estar sempre ao seu serviço. O cristão obedece porque reconhece que vale a pena realizar o que Deus manda porque Ele é Deus. O cristão nunca pensa que Deus possa ser seu devedor, por mais que tenha cumprido até o fim a sua vontade. Reconhece-se servidor e não se importa nem com a recompensa nem com o castigo.
Posso servir a Deus por medo do castigo. Mas essa é a atitude do escravo. Posso servir a Deus por causa da recompensa, mas essa atitude converte Deus em meu devedor e perverte a relação com Deus numa relação interesseira. Posso servir a Deus porque o reconheço Deus e a mim mesmo como seu servidor. Sirvo-o não por medo do castigo nem pelo interesse na recompensa, mas por causa dEle mesmo. No fim das contas, sirvo-o porque o amo como Deus, não amo suas recompensas nem o temo pelos seus castigos.