2026
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Mt 5,13-16
Através de três pequenas parábolas, do sal, da lâmpada e da cidade construída sobre um monte, Jesus ensina sobre a missão que os cristãos devem desempenhar.
Os cristãos são sal da terra. O sal tempera, preserva os alimentos e é símbolo da sabedoria. O sal serve para preservar os alimentos da corrupção. Como o sal, os cristãos com sua pregação e seu comportamento anunciam a Boa Nova do Evangelho. Eles ensinam uma sabedoria e edificam os homens com seu comportamento. Por meio da pregação do Evangelho, eles devem fazer com que os homens, distantes de Deus pelo pecado, voltem à sua amizade. Por isso os Apóstolos devem transmitir a mensagem de Cristo como ela é, uma boa nova, uma mensagem que se escuta com alegria e com sede.
Por outro lado, para que o Evangelho seja uma boa notícia, é preciso que a pregação seja acompanhada de uma vida santa, marcada pelo exercício das obras de caridade fraterna.
E se o sal se tornar insosso? As coisas melhores quando se degeneram se tornam as piores. As coisas mais úteis, quando perdem sua utilidade, se tornam as mais inúteis. O pregador do Evangelho que se desvirtua, que dá escândalo, torna-se um grande obstáculo para a salvação dos outros. Assim como não existe sal para salgar o sal, assim também será muito difícil encontrar um outro Apóstolo que devolva e recupere o que o pregador infiel perdeu com seu comportamento escandaloso. Um dos grandes obstáculos para a evangelização é a vida incoerente dos cristãos: pais, padres, religiosos, catequistas, etc. Sobre nós pesa o juízo de Deus: se o sal se tornar insosso, ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. A parábola coloca os discípulos e as comunidades cristãs sob o juízo. Se a comunidade não desempenhar sua missão, será rejeitada como sal sem sabor.
Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Muitos poderiam se sentir incomodados com esta situação dos cristãos. Uma situação de evidência. Seria melhor e mais cômodo uma situação de menos evidência, mas quem se tornou cristão perdeu o direito de viver comodamente. Todos observam se o comportamento do cristão corresponde àquilo que ele prega e ensina.
Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus. Esta afirmação parece contradizer Mt 6,1-4: “Evitai praticar vossas boas obras diante dos homens para serdes notados por eles, porque assim não tereis recompensa da parte de vosso Pai que está nos céus... Quando, portanto, deres esmolas, não faças tocar a trombeta diante de ti, como procedem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, com o fim de serem aplaudidos pelos homens. Eu vos declaro esta verdade: já receberam a sua recompensa. Mas, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita, para que a tua esmola fique oculta. O Pai, que vê a ação oculta, te recompensará.”
A contradição é apenas aparente. O “para que vejam vossas boas obras” não é uma finalidade, mas uma consequência. Devemos fazer as boas obras para que os outros vejam, não para que sejamos louvados, mas para que eles se encontrem com Deus e louvem a Deus. Devemos nos preocupar em ter uma vida de boas obras, coerente com o Evangelho, não por causa de nós mesmos, mas por causa de Deus. Não buscamos a glória para nós mesmos, mas para Deus. Não queremos ser vistos pelos outros, queremos que todos vejam Deus em nossa vida. O cristão se esforçará em ter uma vida santa, não por ostentação ou exibicionismo, mas por saber que sua condição é aquela da cidade construída sobre o monte. Sabe que o lugar de destaque é privilégio e responsabilidade.
Vós sois a luz do mundo. Devemos nos lembrar que Jesus é a luz do mundo e não os cristãos. A luz brilha por si mesma; os discípulos brilham por causa da luz de Cristo. O discípulo é luz somente na medida em que ele luzir a luz que é Cristo. Ele não tem luz própria. Em Jo 1,4.5.9 lemos: “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. A luz brilha na escuridão e a escuridão não a pôde extinguir ... o Verbo era a luz, a verdadeira luz que vindo ao mundo, ilumina todo homem”. O cristão deve fugir da presunção de querer se colocar no lugar de Cristo. Sem Cristo, o cristão é sal insosso, é luz debaixo da vasilha. A verdadeira fecundidade apostólica só é possível na união com Cristo.
2027
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Mc 1,29-39
A perícope evangélica é a descrição da rotina diária de Jesus. Descrevendo como Jesus passou um dia de sua vida terrena, Marcos nos permite imaginar como foram todos os seus dias. O objetivo de Marcos é claro: descrevendo-nos um dia programático de Jesus, revela-nos o programa diário dele; mostra-nos num dia o que é ordinário, se repete e é constante no dia-a-dia de Jesus. Contemplar um dia programático do Senhor significa encontrar a sua vida, as suas escolhas, as suas prioridades, como ele passava o tempo. Como Marcos descreve esse dia programático?
A vida de Jesus consiste na oferta de sua vida por nós: o dom de si mesmo é feito uma vez para sempre na cruz, de maneira definitiva. Mas na sua existência terrena, a oferta de Cristo se desdobra como dom permanente, repetido dia por dia, momento por momento, no transcurso dos dias. A oferta de Cristo se dá na cruz, mas também cada dia e cada momento de sua vida entre os homens.
Essa fidelidade diária de Jesus no dom de si mesmo nos revela que o seu sacrifício não é uma veleidade, uma intenção passageira, um propósito volúvel, mas faz parte do seu cotidiano. Cristo quer se doar e esse desejo não permanece aspiração sem realização, mas faz parte dos seus gestos repetidos, da rotina que constrói a sua vida. Meditando o evangelho de hoje podemos contemplar como Jesus passava os seus dias, quais eram seus horários, quais eram seus compromissos fixos, qual era sua regra de vida.
Jesus, depois de sair da sinagoga, cura os doentes e os endemoninhados. O dia seguinte começa com a oração na solidão, bem de madrugada. Depois de rezar, Jesus comunica sua decisão de partir para outros lugares para pregar, curar e expulsar demônios.
Depois de se manifesta pela pregação e pelas curas, Jesus se esconde para buscar a intimidade com o Pai. De fato, ele nada faz sem o Pai. “Mesmo sendo Filho, aprendeu a obedecer”. Ele aprendeu a obedecer na sua oração perseverante e fiel (exatamente porque estava ocupadíssimo, Jesus dedicava tempo para rezar), na sua pronta obediência à vontade do Pai em ir para outros lugares (o sucesso em Cafarnaum era uma tentação: todos te procuram! Para quê ir embora?).
Jesus não permaneceu em Cafarnaum para aproveitar o seu sucesso porque ele não veio para se fixar em um lugar. Ele não prega o Evangelho para ter sua recompensa, mas para pregá-lo gratuitamente (é essa a recompensa do evangelizador).
Somos convidados a examinar como nós passamos os nossos dias: quais são as nossas escolhas, as nossas prioridades? O que faz parte de nosso cotidiano? Mas não só: depois disso é preciso confrontar o nosso cotidiano com o de Jesus.
2025,2028
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