Salmo Responsorial: 33(34) R-Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido.
Evangelho: Mateus 8,28-34
Naquele tempo 28 Quando Jesus chegou à outra margem do lago, à região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois possessos, saindo dos túmulos. Eram tão violentos que ninguém podia passar por aquele caminho. 29 Eles então gritaram: “Que queres de nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?” 30 Ora, acerta distância deles estava pastando uma manada de muitos porcos. 31 Os demônios suplicavam-lhe: “Se nos expulsas, manda-nos à manada de porcos”. 32 Ele disse: “Ide”. Os demônios saíram, e foram para os porcos. E todos os porcos se precipitaram, pelo despenhadeiro, para dentro do mar, morrendo nas águas. 33 Os que cuidavam dos porcos fugiram e foram à cidade contar tudo, também o que houve com os possessos. 34 A cidade inteira saiu ao encontro de Jesus. E logo que o viram, pediram-lhe que fosse embora da região.
Meu irmão, minha irmã!
Gn 21,5.8-20
O filho tão longamente esperado e tão intensamente desejado nasceu e superou o perigoso período da amamentação. Por isso, Abraão festeja o desmame. Começa agora mais um drama que consiste no futuro de Ismael. Para entender bem esse drama, não basta ler essa história de Isaac e Sara, de Ismael e Agar somente do ponto de vista dos sentimentos humanos que o drama desperta. É preciso inserir no drama humano a ação salvadora de Deus que se esconde sob os véus dos sentimentos que afloram, quando ouvimos esses acontecimentos. O drama humano é como a base sobre a qual a ação de Deus se revela.
Abraão finalmente se tornou pai. Ele agora tem dois filhos, mas é no momento em que Isaac supera o período crítico dos primeiros meses, que Abraão perde Ismael. A brincadeira inocente dos irmãos provoca em Sara o ciúme: ela teme que Ismael partilhe a herança de seu filho, Isaac.
Abraão ama os dois filhos, por isso nos choca o fato de que Deus dê razão à Sara. Uma leitura rasa da ordem de Deus pode nos levar a mal-entendidos. Deus vê para além das aparências. Por isso, mandando que Abraão ouça Sara, está também garantindo que Ismael seja abençoado. Com efeito, foi exatamente o fato de Agar ter abandonado a casa de Abraão que fez com que Ismael se tornasse pai de um povo numeroso: os ismaelitas. Os Ismaelitas não terão a grandeza e o privilégio de ser povo de Deus; mesmo assim serão um grande povo e nessa grandeza, Deus estará presente.
É dramática a cena do deserto. Agar não quer ver morrer seu filho, mas também não quer abandoná-lo. Por isso, ela se distancia dele o suficiente para não ver a morte dele. O grito mudo e desesperado da mãe na solidão do deserto, no entanto, é ouvido por Deus. Na verdade, Deus ouve sobretudo o grito do menino. E isso explica o nome do menino que é Ismael, Deus ouve!
Deus ouve e vem em socorro da mãe e do menino: faz com que os olhos de Agar se abram e ela veja o poço para saciar a sede e a salvação que Deus realiza. A vida depende de Deus que aparentemente tinha condenado os dois à morte. Deus escuta e faz com que do menino moribundo se origine um grande povo.
Deus não escutou somente Abraão, ao conceder-lhe Ismael e, depois, Isaac. Deus escutou também Ismael: o nome Ismael significa “Deus escuta”.
Salmo Responsorial: 49(50)R- A todos que procedem retamente, eu mostrarei a salvação de Deus.
Evangelho: Mateus 8,28-34
Naquele tempo 28 Quando Jesus chegou à outra margem do lago, à região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois possessos, saindo dos túmulos. Eram tão violentos que ninguém podia passar por aquele caminho. 29 Eles então gritaram: “Que queres de nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?” 30 Ora, acerta distância deles estava pastando uma manada de muitos porcos. 31 Os demônios suplicavam-lhe: “Se nos expulsas, manda-nos à manada de porcos”. 32 Ele disse: “Ide”. Os demônios saíram, e foram para os porcos. E todos os porcos se precipitaram, pelo despenhadeiro, para dentro do mar, morrendo nas águas. 33 Os que cuidavam dos porcos fugiram e foram à cidade contar tudo, também o que houve com os possessos. 34 A cidade inteira saiu ao encontro de Jesus. E logo que o viram, pediram-lhe que fosse embora da região.
Meu irmão, minha irmã!
Am 5, 14-15.21-24
Como podemos render um culto que seja agradável a Deus? Todos temos a tendência e a tentação de separar culto e vida. Em honra de Deus se organizam celebrações solenes, cheias de entusiasmo e de unção, e assim se pensamos que Deus fique satisfeito. Depois, na vida concreta seguimos a lei do lucro e do egoísmo: tempo é dinheiro, e a vida é um negócio a parte do culto oferecido a Deus.
Os profetas de Israel nunca aceitaram essa dicotomia, essa separação entre o culto e a vida real. Muitas vezes, eles se expressaram de maneira dura: Deus exige coerência entre o culto a ele prestado e a vida que as pessoas levam. “Se me oferecerdes holocaustos, não aceitarei vossas oblações e não farei caso de vossos gordos animais de sacrifício. Em vez disso, que a justiça seja abundante como água e a vida honesta, como torrente perene”.
Deus pede que a nossa vida seja conforme à sua vontade, vontade de justiça, vontade de generosidade, do contrário podemos realizar quantas celebrações solenes quisermos que elas não serão agradáveis a Deus: “Livrai-me da balbúrdia dos teus cantos, não quero ouvir a toada de tuas liras”. As belas músicas religiosas, os salmos, os cânticos animados e bem executados não podem substituir uma vida obediente à vontade de Deus que é, no fundo, uma vontade de amor generosos: “Buscai o bem, não o mal, para terdes mais vida. Odiai o mal, amai o bem, restabelecei a justiça no julgamento”.
O culto cristão consiste em participar da Eucaristia, ativa, consciente e frutuosamente. Isso significa acolher na própria vida o dinamismo iniciado por Jesus na ceia da última ceia. Jesus “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. A eucaristia contém esse dinamismo do amor que se entrega para a nossa salvação. Por isso, assistir a eucaristia não tem sentido se não nos abrirmos a esse dinamismo de amor, se não nos esforçarmos no serviço aos outros.
O sacrifício cristão consiste em se por a si mesmo à disposição de Deus, para que Deus nos possa colocar a serviço dos outros. Trata-se de algo totalmente novo em relação aos sacrifícios antigos que eram tão criticados por Amós. Não se trata de imolar animais; se trata de oferecer, como diz S. Paulo, os nossos corpos ao serviço de Deus, ou seja, de estar disposto a viver para os outros na caridade.
Peçamos ao Senhor a graça de entender bem qual é o culto agradável a Deus. É muito importante não viver na ilusão de agradar a Deus com gestos exteriores que não correspondem ao modo como devemos viver. Seremos felizes, se acolhermos o dinamismo da Eucaristia na nossa vida concreta.