A leitura da Sabedoria descreve qual é a atitude dos ímpios e malvados diante da conduta dos justos. Para os ímpios tudo o que é bom é transformado em pretexto para fazer o mal e para se tornar ainda mais ímpio. Com efeito, eles dizem: “armemos ciladas ao justo, pois ele nos estorva”. Somente a presença do justo é para o malvado um incômodo que repreende a sua conduta. O justo se torna uma censura viva para o modo de pensar do malvado e por isso ele se torna insuportável para o ímpio.
Se o justo é sereno e paciente, os ímpios dizem: “vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas para ver a sua serenidade e provar a sua paciência”. Se o justo se declara filho de Deus, os ímpios decidem: “condenemo-lo a morte vergonhosa, porque de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro. Se, de fato, é filho de Deus, Deus o defenderá e o livrará das mãos de seus inimigos”.
Em vez de agir desse modo ímpio e malvado, devemos nos deixar atrair pela conduta do justo. Infelizmente muitas vezes, agimos como esses ímpios da leitura, em vez de imitar a conduta do justo procuramos a solução contrária: “armemos ciladas ao justo, pois ele nos estorva”.
Peçamos ao Senhor que nos dê a graça de sermos imitadores de Cristo e não dos malvados e ímpios. Que todas as ocasiões sejam para manifestar a luz e a bondade assim como Jesus que manifestou a luz e a bondade também nos momentos em que ele foi hostilizado e caluniado, perseguido e morto na cruz. Que tenhamos também a graça de saber suportar quando somos criticados injustamente pelos outros sem que isso seja causa de desânimo e de ódio. Que também estes momentos sejam aproveitados por nós para nos corrigir.
Jo 7,1-2.10.25-30
Jesus percorre a Galileia e vive como um fugitivo, precisa tomar cuidado, não se mostra publicamente e, quando vai à capital Jerusalém para a festa das tendas entra na cidade ocultamente. Jesus mais parece um bandido perseguido, um foragido político procurado do que o Messias esperado. É exatamente isso que está em jogo. Quem é Jesus? É ele o Messias esperado? As pessoas, porém, afirmam que Jesus não pode ser o Messias uma vez que sua origem é conhecida de todos, enquanto que o Messias verdadeiro tem origem em Deus, ou seja, tem origem desconhecida: “Este, nós sabemos donde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá donde ele é”.
As pessoas reduzem a origem de Jesus à sua origem humana. Com efeito, todos conhecem as origens humanas de Jesus e não podia ser diferente. Afinal ele é verdadeiro homem. Por isso tem lugar de nascimento, tem pais e parentes. O que as pessoas não conseguem acreditar é que este homem tão concreto e conhecido seja também Deus. Por isso Jesus, confirma que, de um lado, as pessoas estão corretas: conhecem a sua origem humana. Por outro, desconhecem o mistério divino de sua pessoa. Jesus vem da parte do Pai: “eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me enviou”.
Nesta quaresma somos postos diante de Jesus, Verbo de Deus encarnado. Possamos reconhecer a sua humanidade e a sua divindade. Reconhecer a humanidade por meio da qual ele veio até nós; reconhecer a sua divindade pela qual Ele nos leva ao Pai.