2026
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
1ª Leitura: Apocalipse 7,2-4.9-14
Salmo Responsorial 23(24)-R- É assim a geração dos que procuram o Senhor!
2ª Leitura: 1 João 3,1-3
Evangelho de Mateus 5,1-12a
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 1vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, 2e Jesus começou a ensiná-los: 3“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus. 4Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. 5Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. 6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 9Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. 11Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós por causa de mim. 12Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”. – Palavra da salvação.
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Mc 12,28-34
Qual é o primeiro de todos os mandamentos? Esta pergunta do escriba era um assunto que mexia com as pessoas e causava muita discussão. A Lei de Moisés tinha sido inflacionada por muitas prescrições tradicionais, por explicações e reinterpretações. Por isso a pergunta era muito espontânea. Na realidade, perguntar sobre o primeiro dos mandamentos significava: o que é essencial entre tantos mandamentos, qual é o princípio que dá unidade a todas as prescrições?
A resposta de Jesus foi simples e, ao mesmo tempo, estupenda: amar a Deus e amar o próximo. São dois mandamentos incindíveis em sua unidade. “O amor a Deus e o amor ao próximo são como duas portas que se abrem simultaneamente: é impossível abrir uma sem abrir a outra, impossível fechar uma sem fechar, ao mesmo tempo, também a outra” (Kierkegaard, Diário II, 201).
Sem esquecer essa unidade, gostaria de concentrar a atenção sobre o amor a Deus: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força”.
O primeiro problema: mandamento de amar a Deus? É próprio da natureza do amor a liberdade. Um amor imposto não é amor. O amor é a coisa mais livre e não pode ser imposto por um mandamento externo. Além disso, Deus não deseja um amor coagido. “Depois que experimentamos o amor das pessoas livres, as reverências dos escravos não têm mais valor” (Charles Péguy).
O segundo problema: o cumprimento de um mandamento torna o amor frio. Nós estamos fartos de amor frio! Mesmo que não possamos por toda a culpa na pandemia, essa pandemia nos deu uma amostra do que pode ser um amor frio. Será que Deus quer para si um amor frio? Repitamos o que Jesus disse: “amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força”.
Para superar o primeiro problema é preciso entender que o amor é a causa, e não o efeito do mandamento. Amo e por isso me sinto obrigado a amar. E tal obrigação não me tira a liberdade. Somente quem ama tem a experiência de se obrigar a amar sem se ser coagido a amar. A obrigação de amar é apenas o sinal visível do amor invisível. A obrigação de amar é a comprovação do amor que já existe e está presente entre amante e amado. A obrigação de amar é a autenticação concreta do amor espiritual.
Para resolver o segundo problema é preciso compreender que o mandamento não torna o amor frio porque nós só nos sentimos obrigados a amar Deus porque Ele nos amou por primeiro. “Amor com amor se paga”. Porque nos amou por primeiro, Deus nos comunicou com o seu amor a felicidade de amá-lo e de corresponde ao seu amor. Deus é sumamente feliz porque ama infinitamente. Ele não que, Ele não sabe, Ele não pode a não ser amar infinitamente e nisso Ele é feliz. Ao nos amar por primeiro, ele derrama em nós o seu amor que é capacidade infinita de se dar e de se doar ao amado. Nós chamamos esse amor comunicado de graça. São Paulo nos fala do dom do Espírito derramado em nosso coração e que nos impele a chamar Deus de Abbá. Chama-lo Abbá, entenda-se bem, não só com palavra e de boca, mas com a espontaneidade do filho experimenta ao correr e abraçar o pai.
O mandamento do amor a Deus de Jesus nunca tem como resultado um amor frio. Pois na experiência do amor de Deus que nos ama por primeiro é impossível separar o amor “de” Deus e o amor “para” Deus. Essas duas realidades só podem ser experimentadas juntas: quando nos sentimos amados por Deus (amor “de” Deus), esse mesmo amor é simultaneamente um amor para Deus. Sentir-se amado por Deus é já amar a Deus. Não podemos separar esses dois amores como não podemos separar o amor a Deus e ao próximo: ao amor “de” Deus é já um sinal do amor “para” Deus.
Peçamos sempre, supliquemos com frequência, desejemos até o fim da vida que Deus nos dê o seu amor nos amando e permitindo que o amemos. Senhor, “dá-me um sinal de benevolência” (Sl 86,17); dá-me um sinal de que me queres bem; faz que eu faça a experiência do amor filial de Jesus para que meu coração se alargue e eu corra no caminho de teus mandamentos (cf. Sl 119,32); faz que eu te ame acima de todas as coisas e todas as coisas em ti; faz que eu te procure sempre para sempre te encontrar; que não haja “em meu coração outro Deus fora de ti”. Faz enfim que eu te ame como sou amado.
DOM JÚLIO ENDI AKAMINE
2025, 2028
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
1ª Leitura: Sabedoria 11,22-12,2
Salmo 144(145) – R- Bendirei eternamente vosso nome; para sempre, ó Senhor, o louvarei!
2ª Leitura: 2ª Tessalonicenses 1,11-2,2
Evangelho: Lucas 19,1-10
Tendo entrado em Jericó, Jesus estava passando pela cidade. 2 Havia ali um homem chamado Zaqueu, que era chefe dos publicanos e muito rico. 3 Ele procurava ver quem era Jesus, mas não conseguia, por causada multidão, pois era baixinho.4 Então ele correu à frente e subiu numa árvore para ver Jesus, que devia passar por ali. 5 Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse: “Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa”. 6 Ele desceu depressa, e o recebeu com alegria. 7 Ao verem isso, todos começaram a murmurar, dizendo: “Foi hospedar-se na casa de um pecador!” 8 Zaqueu pôs-se de pé, e disse ao Senhor: “Senhor, a metade dos meus bens darei aos pobres, e se prejudiquei alguém, vou devolver quatro vezes mais”. 9 Jesus lhe disse: “Hoje aconteceu a salvação para esta casa, porque também este é um filho de Abraão. 10Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”.
Meu irmão, minha irmã!
Lc 19,1-10
Entre a multidão, do alto de uma figueira, Zaqueu queria ver Jesus. Ele não sabia como a sua vida seria mudada. Não podia suspeitar que o seu desejo de ver Jesus e a sua curiosidade iriam provocar uma mudança radical e definitiva em sua vida.
Quando chegou ao lugar, Jesus olhou para cima e viu Zaqueu. Sabe que Zaqueu o procura; dirige-lhe a palavra; faz-se convidar para ir a sua casa. Jesus sabe recompensar quem o busca com sinceridade de coração.
A hospitalidade, ativa e pronta, de Zaqueu é transformada em uma promessa; a alegria se transformou em generosidade. Ele ouve as críticas maldosas; talvez sejam até justas e merecidas! Mas a sua disponibilidade em acolher Jesus se torna motivo de sua conversão verdadeira e profunda.
O encontro de Zaqueu com Jesus é uma chave de leitura da vida cristã. A nossa conversão só é possível porque Jesus vem a nosso encontro. É o encontro com Ele que provoca a nossa conversão.
Sabemos que a riqueza de Zaqueu provinha de seu ofício, desempenhado sem escrúpulos. Os romanos davam em arrendamento (concessão) a cobrança de impostos sem exigir outra coisa a não ser o pagamento da quantidade estipulada. Um chefe de cobradores de impostos tinha mais ocasião para se enriquecer às custas de fraudes e abusos. Evidentemente ele não defraudava os romanos e o fisco, mas os cidadãos pobres.
Zaqueu desejava ver Jesus. Sua curiosidade não era meramente superficial. De alguma maneira ele devia, há tempos, como Herodes, se perguntar quem era esse homem.
É uma ironia fina a cena do homem rico e muito baixinho, que sobe numa árvore. Essa cena ganha força, quando Jesus é obrigado a olhar para cima para conversar com Zaqueu. Jesus o chama pelo nome, como um velho conhecido, como se tivesse vindo para a cidade para fazer-lhe uma visita.
Zaqueu obedece com prontidão e com alegria. Afinal era uma honra receber Jesus, mas isso provoca a reação de outros: “Esse homem come com os pecadores”, é o comentário de uma outra perícope.
Zaqueu devolve o dobro do que a Lei exige (Ex 22,4: “Se um animal roubado – boi, jumento ou ovelha – for encontrado vivo nas mãos do ladrão, este devolverá tudo em dobro”). Zaqueu dá a metade dos seus bens aos pobres como forma de expiação. Diferente do que foi pedido ao jovem rico, Zaqueu não precisa se desprender de tudo para seguir Jesus, pois não foi chamado para isso.
DOM JÚLIO ENDI AKAMINE