Is 42,1-7
A leitura é o primeiro dos quatro Cânticos do Servo Sofredor do profeta Isaías. Esses quatro Cânticos descrevem a figura misteriosa do Servo escolhido por Deus para implantar a justiça e o direito no mundo. O Servo Sofredor não implantará o direito com as armas e pela força, mas com um novo estilo, jamais utilizado até então: ele fará triunfar a justiça pela mansidão com o fraco e o vacilante. Mansidão, porém, não deve ser mal-entendida: ela inclui a firmeza e a tenacidade para enfrentar à perseguição e a resistência em cumprir a vontade de Deus.
Nesse sentido, não há como não associar a figura do Servo Sofredor com a de Jesus. Jesus é o Servo que Deus sustenta, o eleito que Deus prefere. Ele não grita, não discute nem levanta a voz.
O Servo de Deus é Jesus sobre o qual repousa o Espírito. Sua missão é o de implantar o direito e a justiça nesta terra, tão cheia de sofrimentos e lágrimas. Ele realiza essa tarefa com um estilo novo: não usa a violência das armas e da força. Ele implanta o direito e a justiça com mansidão.
A mansidão do Servo Jesus se torna ainda mais evidente pelo fato de Ele não quebrar o caniço rachado, nem apagar o pavio que ainda fumega até levar o julgamento à vitória.
Jesus alia duas coisas que podem parecer contraditórias: mansidão com o fraco e o vacilante (a cana rachada, mas que ainda não quebrou; o pavio quase apagado, mas que ainda fumega) e a firmeza e tenacidade em cumprir o desígnio de Deus. Jesus é manso e humilde de coração, mas isso não significa que não seja forte para resistir à perseguição e levar a cabo, com coragem admirável, a missão que o Pai lhe confiou.
Muitas vezes a nossa vida de batizados é como uma cana rachada ou um pavio que ainda fumega. A cana rachada não tem mais firmeza: ela não se sustenta por si mesma e, por isso, não pode sustentar outros pesos. O pavio que ainda fumega está quase apagado: não serve mais para iluminar, não dá mais calor.
Assim também pode ser a nossa fé e nossa caridade. Estão quase mortas. A nossa fé e a nossa caridade são como a cana rachada quando elas estão vacilando, não servem mais como apoio de nossa vida. Diante das dificuldades da vida, sentimo-nos desamparados e sem forças. Mesmo que estejamos cercados de pessoas que nos apoiam e nos ajudam, experimentamos que dentro de nós as forças se esvaem e morrem. Como a cana rachada, a nossa fé e nossa caridade não servem mais para nos fortalecer e nos sustentar. E porque a nossa fé e nossa caridade não nos sustentam mais, também não somos capazes de sustentar o fraco, não conseguimos consolar os aflitos, nem encorajar os desanimados.
Jesus não quebra a cana rachada, nem apaga o pavio que ainda fumega. Ele não levanta a voz para recriminar nossa fé tíbia e hesitante; Ele não censura a nossa caridade quase extinta e apagada. Pelo contrário, Ele reaviva a nossa fé e reacende a nossa caridade.
Jo 12,1-11
Maria rende uma homenagem de amor a Jesus. Ela não conhece a profundidade de sua homenagem, mas Jesus o revela: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia de minha sepultura. Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”.
Jesus vai dar a sua vida na cruz. Ele derramará o seu sangue. Com imenso amor se sacrificará pelos pecadores, e é justo que Maria o honre. Jesus dará o seu corpo e derramará o seu sangue, e é justo que Maria honre o corpo de Jesus, ungindo-o com um óleo muito preciosos. Maria paga amor com amor. Ao amor que se sacrifica, Maria retribui com um gesto de amor.
Estamos na semana santa. É um tempo para sermos mais generosos com Jesus, assim como Maria foi generosa com Jesus. Não façamos como Judas que achava melhor vender o perfume por trezentas moedas de prata com a desculpa que isso devia ser dado aos pobres.
A generosidade de Maria é muito diferente da mesquinhez de Judas. Ela é generosa com Jesus porque reconhece a sua generosidade para com ela.
Peçamos ao Senhor a graça de viver esta semana santa mais perto dEle, de sermos mais generosos com o Senhor que nos ama.