ANOS ÍMPARES
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Meu irmão, minha irmã!
2Cor 1,18-22
Paulo é criticado e caluniado por alguns cristãos da comunidade de Corinto. Ele é acusado de ser inconstante, volúvel e de ter agido com segundas intenções, porque tinha mudado os seus planos de ir visitar a comunidade. Em lugar de fazer essa visita pessoal, Paulo escreveu uma carta à comunidade e, por causa desse adiamento da visita, alguns começaram a se queixar: Paulo promete e não cumpre! Ele não é sincero! Diz que vai fazer uma coisa e faz outra! Sua palavra é uma mistura de sim e de não, por isso não se pode confiar na sua palavra!
Essas acusações e calúnias causam sofrimento a Paulo, mas ele não se defende atacando os seus opositores. Em vez de entrar numa polêmica inútil e negativa, Paulo apresenta o testemunho de sua própria consciência. Mesmo que outros o acusem, a sua consciência não o acusa: “temos procedido em todo o mundo e, principalmente em relação a vós, com a simplicidade e a sinceridade que vêm de Deus, guiados não pela sabedoria humana, mas pela graça de Deus”.
Além do testemunho da própria consciência, Paulo apresenta o modelo de sua conduta que é Cristo. De fato, em Cristo, Deus cumpre todas as suas promessas, por isso Ele é o sim puro e total de Deus. Paulo vai explicar na carta que os planos humanos podem sofrer mudanças justificadas, mas tais mudanças não significam que Paulo tenha uma conduta dúbia ou leviana. O que Paulo procura e se esforça em fazer é imitar a fidelidade de Cristo: “Jesus Cristo proclamado por mim, por Silvano e por Timóteo, nunca foi ‘sim e não’. Ao contrário, nele foi só ‘sim’, pois nele todas as promessas de Deus são um ‘sim’. Por isso, também, é por ele que dizemos ‘amém’ a Deus, para sua glória”.
Tudo o que Deus faz é constante. Ele não renuncia a nenhum dos seus projetos, não desanima por causa dos obstáculos, sempre busca e faz o bem que concebeu, ama com fidelidade absoluta. Em uma palavra: Deus é fiel; Ele não é “sim e não”. Em Jesus, Deus é somente “sim”. E nós, de nossa parte, devemos reconhecer dizendo “amém”.
Jesus realizou todas as promessas de Deus: ele foi somente “sim”, ou seja, cumpriu em tudo e até o fim a vontade de Deus. Nesse sentido, podemos fazer como São Paulo que se apoiou na fidelidade de Cristo.
Nós somos inconstantes e qualquer dificuldade nos desanima e nos leva a buscar desculpas para a nossa infidelidade. Por isso, devemos por toda nossa confiança na fidelidade que é Cristo. A nossa fidelidade, no fim das contas, consiste na fidelidade de Cristo.
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Meu irmão, minha irmã!
1Rs 17,7-16
Há muitos modos possíveis de ser “sal da terra e luz do mundo”. A leitura nos mostra como Elias é “sal da terra” com o seu zelo pela verdadeira fé. Também a viúva é “luz do mundo” com a sua pobreza, a sua fé, a sua esperança e a sua caridade.
O relato tem uma dramaticidade extraordinária. A viúva não tem nenhuma reserva: “Eu não tenho pão. Só tenho um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Estava apanhando dois pedaços de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho, para comermos e depois esperar a morte”. “Para comermos e depois esperar a morte”! A carestia é tanta que a viúva tem consciência de que se trata da última refeição. Depois disso, só resta esperar a morte. A fome é a antecipação da experiência da morte: comeremos e esperaremos a morte!
Deus mandou para essa pobre viúva e seu filho o profeta Elias, poderoso em obras, capaz de fazer chover fogo do céu. Mas em vez de o profeta lhe dar algo, de fazer algo por essa pobre mulher, ele lhe pede ainda um pedaço de pão da sua última refeição. É um pedido insensível!
A pobre viúva tinha razões de sobra para negar esse pedido cruel, no entanto, “a mulher foi e fez como Elias lhe tinha dito. E comeram ele e ela e sua casa durante muito tempo”. A fé da viúva na promessa do profeta foi o que a motivou fazer esse gesto extremos de caridade e de esperança: “A vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até ao dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra”. A viúva dá de sua miséria e por isso recebe. Nunca será rica, mas lhe faltará o necessário.
Nós alegamos com frequência que não possuímos o bastante para dar, que não temos tempo. Olhamos somente as nossas limitações e não temos esperança. E mesmo assim o Senhor nos pede que demos de nossa pobreza. Mais ainda, Ele nos dá a graça de dar do pouco que temos e enche nosso coração de alegria. O próprio Jesus nos diz que há mais alegria em dar do que em receber.
Não esperemos ser ricos para somente nesse momento dar. Ao aceitar a nossa pobreza, permitimos que o Senhor realize grandes coisas com a nossa pobreza.