Salmo Responsorial 68(69)R- Humildes, procurai o Senhor Deus, e o vosso coração reviverá
Evangelho Mateus 11,20-24
Então Jesus começou a censurar as cidades nas quais tinha sido realizada a maior parte de seus milagres, porque não se converteram. 21 “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Se em Tiro e Sidônia se tivessem realizado os milagres feitos no meio de vós, há muito tempo teriam demonstrado arrependimento, vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinza. 22 Pois bem! Eu vos digo: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. 23 E tu, Cafarnaum! Acaso serás elevada até o céu? Até o inferno serás rebaixada! Pois se os milagres realizados no meio de ti se tivessem produzido em Sodoma, ela existiria até hoje! 24 Eu, porém, te digo: no dia do juízo, Sodoma terá uma sentença menos dura do que tu!”
Meu irmão, minha irmã!
Ex 2,1-15a
O relato da infância e juventude de Moisés antecipa como será a libertação que Deus realizará.
A ordem do Faraó era de que todos os meninos israelitas deviam ser mortos ao nascer, garantindo assim a segurança do Estado. A mãe de Moisés entrega o menino ao rio, abandonando-o a uma sorte incerta e a uma possível morte. Mas o rio conduz o menino até o remanso exato onde a filha do Faraó está. A cesta calafetada recorda a arca de Noé e carrega o futuro do povo de Deus. A princesa se comove. Ela não raciocina em termos políticos, não entende a razão de Estado que vê os israelitas como ameaça à segurança nacional, não se dobra à política desapiedada de seu pai, não despreza a raça estrangeira e está a favor da vida.
O relato salta da infância para a juventude de Moisés e narra sua primeira atuação como libertador. Trata-se de uma ação malsucedida por causa da violência empregada por Moisés.
Podemos entrever no relato três saídas de Moisés.
A primeira saída de Moisés é assim descrita: “um dia, quando já era adulto, Moisés saiu para visitar seus irmãos hebreus; viu a aflição e como um egípcio maltratava um deles. Olhou para os lados e, não vendo ninguém, matou o egípcio e escondeu-o na areia”.
Diante da injustiça, Moisés reage com indignação violenta. Sua solidariedade é correta, sua reação à injustiça, no entanto, se mostrará errada. O que ele ganhou matando o egípcio? Não promoveu a libertação do povo. Somente retroalimenta o círculo de violência e de injustiça contra a qual queria reagir.
A segunda saída de Moisés se dá no dia seguinte: “saiu de novo e viu dois hebreus brigando, e disse ao agressor: ‘Por que bates no teu companheiro?’ E este replicou: ‘Quem te estabeleceu nosso chefe e nosso juiz? Acaso pretendes me matar, como mataste o egípcio?’”
A violência em vez de resolver o problema joga no descrédito Moisés perante os seus próprios irmãos. Nessa segunda saída, fica claro que a violência e a injustiça não se aninham somente nos egípcios, mas também nos próprios hebreus. Dessa forma, Moisés descobre que ao agir com violência, é rechaçado pelos próprios irmãos que não o reconhecem como alguém que age em nome de Deus.
A terceira saída de Moisés é uma fuga: Moisés, “fugindo da vista do faraó, parou na terra de Madiã”.
Moisés tomou a iniciativa e fracassou. Reagiu com violência e, por isso, só a reforçou e a agravou. Em Madiã ocorrerá o encontro de Moisés com Deus. É nesse momento que Deus tomará a iniciativa e incumbirá Moisés da missão de libertador.
A leitura de hoje nos adverte contra o erro de responder a violência com violência. Ao mesmo tempo, nos ensina a humildade: não nos arroguemos uma missão para a qual Deus não nos chamou.
Salmo Responsorial 47(48)R- O Senhor estabelece sua cidade para sempre
Evangelho Mateus 11,20-24
Então Jesus começou a censurar as cidades nas quais tinha sido realizada a maior parte de seus milagres, porque não se converteram. 21 “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Se em Tiro e Sidônia se tivessem realizado os milagres feitos no meio de vós, há muito tempo teriam demonstrado arrependimento, vestindo-se de saco e cobrindo-se de cinza. 22 Pois bem! Eu vos digo: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. 23 E tu, Cafarnaum! Acaso serás elevada até o céu? Até o inferno serás rebaixada! Pois se os milagres realizados no meio de ti se tivessem produzido em Sodoma, ela existiria até hoje! 24 Eu, porém, te digo: no dia do juízo, Sodoma terá uma sentença menos dura do que tu!”
Meu irmão, minha irmã!
Is 7,1-9
A leitura de hoje descreve uma crise política grave, mas que revela uma crise ainda mais profunda que é a crise de fé.
A independência política do povo está ameaçada a partir de fora e principalmente a partir de dentro. Os países vizinhos da Síria, de Israel, Edom e da Filistéia se unem contra o inimigo comum que é o império Assírio. Eles pressionam o reino de Judá a entrar nessa aliança. Mas o rei dos judeus, Acaz, tem outros planos. Acha mais seguro se aliar ao império Assírio. Afinal, quem vence não é o mais poderoso? Nesse caso concreto, a política exterior mais segura é a de buscar ajuda no império dominador.
É nesse momento de Isaías intervém com uma profecia, ao mesmo tempo, triste e esperançosa. A profecia é triste, porque Isaías não fala ao povo, mas apenas a um “resto”. O “resto”, nos profetas, indica a parcela do povo eleito que se manteve fiel à Aliança e que, um dia, retornará do Exílio para constituir um novo começo. O “resto” se torna assim o portador da esperança no cumprimento das promessas de Deus.
Dessa forma, Deus não rejeitará completamente o seu povo: um “resto” permanecerá como garantia de que as promessas de Deus se cumprirão. Mas para que as promessas se realizem é necessária a fé.
Em meio à grave crise política, Isaías aponta o caminho a ser percorrido: não é o caminho do cálculo politiqueiro, nem o da diplomacia mundana de escolher o mais poderoso. É o caminho da fé: “se não confiardes, não podereis manter-vos firmes”. Infelizmente, a fé é exatamente o que falta completamente a Acaz e aos seu cortesãos.
A leitura de hoje nos ensina como uma política sem fé acaba, no fim das contas, se tornando refém somente da politicagem e dos interesses dos poderosos.