Salmo Responsorial 32(33)-R- Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
Evangelho: Mateus 7,1-5
Naquele tempo Jesus disse: “Não julgueis, e não sereis julgados. 2 Pois com o mesmo julgamento com que julgardes os outros sereis julgados; e a mesma medida que usardes para os outros servirá para vós. 3 Por que observas o cisco no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho? 4 Ou, como podes dizer ao teu irmão: ‘Deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando tu mesmo tens uma trave no teu? 5 Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu próprio olho, e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão. 6 Não deis aos cães o que é santo, nem jogueis vossas pérolas diante dos porcos. Pois estes, ao pisoteá-las se voltariam contra vós e vos estraçalhariam. O pedido confiante é a “regra de ouro” 7 “Pedi e vos será dado! Procurai e encontrareis! Batei e a porta vos será aberta!
Meu irmão, minha irmã!
Gn 12,1-9
Abraão é reconhecido como pai na fé tanto pelos hebreus, quanto pelos cristãos e muçulmanos.
Abraão deu início a fé como uma opção tão radical que, no livro do profeta Isaías se diz: “Olhai bem para a rocha de onde fostes tirados, reparai o talho de onde fostes cortados. Observai Abraão, vosso pai” (Is 51,1-2).
Com sua fé, Abraão é rocha sobre a qual podemos apoiar nossa fé, é o poço do qual tirar a água viva do nosso crer. Por isso, na carta aos Gálatas, o Apóstolo Paulo não hesita dizer que “filhos de Abraão são aqueles que veem pela fé” (3,6).
A fé não é um produto do nosso coração. Ao contrário é ela que nos gera e nos produz. É a fé que nos faz ser o que somos! De fato, a fé é dom do alto que nos recria e nos dá um novo ser.
Em Romanos (4,3) se diz que “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi levado em conta como justiça”. Ser justo diante de Deus é a única coisa que conta na vida. Pois bem, este único necessário não é possível sem a fé e o modelo desta fé é Abraão.
Toda a aventura de Abraão, pai na fé de muitas gerações, começa quando ele tinha 75 anos: “Abrão tinha 75 anos quando deixou Harã” (Gn 12,4). Nunca é tarde demais! Setenta e cinco anos, também naquele tempo, era a idade da velhice, embora, segundo as tradições dos patriarcas, vivia-se mais tempo.
Abraão é assombrado pelo medo da morte: no seu tempo não existia a fé na imortalidade. Segundo o juízo comum, a vida era a que se vivia neste mundo, fechada entre o choro do nascimento e o suspiro da morte. Tudo o que um homem podia dar ou receber, devia dá-lo ou recebê-lo nos anos de sua vida mortal.
Portanto, Abrão é um homem já velho, um nômade, que vem de uma família idólatra e cheio de medos, como muitos de nós, com nossas fragilidades, nossas incertezas, nossas dúvidas, nossos questionamentos. A esse homem chega o chamado de Deus.
O Senhor lhe pede que deixe sua terra, suas certezas, seus afetos. A ordem divina é categórica. Abrão tem de cortar todas as relações e apegos que o prendem. E deve começar o seu caminho de fé sob o signo do êxodo e da saída. Isso certamente custa. De fato, quanto mais velhos somos mais nos custa. Custa-nos quando nos tornamos mais rotineiros, ligados aos próprios pontos de referência, como o cão a seu osso.
Abrão não é uma exceção: ter de deixar Ur dos Caldeus, aquele seu pequeno mundo feito de ídolos, de comércios, de nomadismo, de inseguranças, de medos. Não deve ter sido fácil! Com efeito, amamos muito nossa prisão!
Mas Deus prometeu a Abrão algo muito belo: a plenitude da bênção, a descendência numerosa como as estrelas do céu e como a areia na praia do mar.
A alguém que não tinha filhos, tal promessa aparece um sonho.
E Deus lhe promete a terra, a ele que era um nômade! É a promessa de uma estabilidade para sempre: um chamado belo demais para não ser aceito. Num sobressalto de liberdade e de desejo, Abrão decide obedecer à voz de Deus. Sua resposta é a simples obediência. E, deixando sua terra, parte para a terra da promessa de Deus começando a grande aventura da fé (Hb 11,8).
Salmo Responsorial 59(60)R- Vossa mão nos ajude; ouvi-nos, Senhor!
Evangelho: Mateus 7,1-5
Naquele tempo Jesus disse: “Não julgueis, e não sereis julgados. 2 Pois com o mesmo julgamento com que julgardes os outros sereis julgados; e a mesma medida que usardes para os outros servirá para vós. 3 Por que observas o cisco no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho? 4 Ou, como podes dizer ao teu irmão: ‘Deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando tu mesmo tens uma trave no teu? 5 Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu próprio olho, e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão. 6 Não deis aos cães o que é santo, nem jogueis vossas pérolas diante dos porcos. Pois estes, ao pisoteá-las se voltariam contra vós e vos estraçalhariam. O pedido confiante é a “regra de ouro” 7 “Pedi e vos será dado! Procurai e encontrareis! Batei e a porta vos será aberta!
Meu irmão, minha irmã!
2Rs 17,5-8.13-15.18
A leitura de hoje narra o resultado trágico da infidelidade de Israel: “o Senhor se indignou profundamente contra os filhos de Israel e rejeitou-os para longe da sua face, restando apenas a tribo de Judá”.
Como se chegou a esse resultado trágico? Tudo começou com o primeiro pecado que foi a idolatria. Antes, porém, de recorrer ao castigo, Deus advertiu o povo enviando os profetas para converter o povo a Deus. E foram muitos os profetas enviados por Deus: Aías, Elias, Eliseu, Miquéias, Amós e Oséias. Depois de repetidas admoestações, o povo cometeu um pecado ainda mais grave do que a idolatria, que é a obstinação no pecado. Ante a teimosia do povo de Israel, sobrevém infelizmente o castigo de Deus: uma vez que o povo rejeitou os mandamentos de Deus, o Senhor os rejeitou para longe de sua face.
A queda de Samaria nada mais é do que a conclusão trágica daquilo que Deus tinha declarado em Dt 30,15-19: “eu ponho hoje diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal. Se obedecerdes aos mandamentos do Senhor, viverás e te multiplicarás, e o Senhor te abençoará. Se, porém, teu coração se desviar e não quiseres ouvir, se te deixares seduzir para te prostrares diante de outros deuses, eu vos declaro que certamente perecereis. Apresentei diante de vós a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida para que vivas”.
Pode nos chocar que Deus tenha castigado o povo de Israel pelos seus pecados. Na verdade, quem escolheu o castigo, a maldição e a morte não foi Deus e sim o próprio povo. Deus não quer a morte do pecador. Deseja que ele se converta a viva. A tragédia de Israel é para nós uma advertência: podemos abusar da nossa liberdade e, em vez de escolher a vida, escolher para nós mesmos a morte.
A tragédia de Israel também nos adverte contra a tentação do endurecimento no pecado. A obstinação no pecado foi o que tornou a pregação dos profetas inútil e estéril. Os profetas enviados foram poderosos em palavras e obras. Realizaram milagres e pregaram com coragem. Eles não foram capazes de deter a marcha do povo em direção de sua ruína nacional, social e pessoal. A única coisa que eles puderam fazer foi retardar um pouco o desenlace trágico final.
Deus não pode ser acusado de ser injusto nem de ser cruel. As promessas de Deus não se cumprem de maneira automática e mecânica. Elas exigem a misteriosa colaboração humana, que no caso de Israel falhou.
Nós recebemos de Deus não somente as suas promessas. Recebemos o próprio Cristo e o Espírito Santo. Deus não permita que rejeitemos Cristo e o Espírito Santo. Não aconteça que endureçamos no pecado e assim percamos a salvação.