Salmo Responsorial 127(128)R- Será assim abençoado todo aquele que respeita o Senhor
Evangelho: Mateus 8,1-4
Quando Jesus desceu da montanha, grandes multidões o seguiram. 2 Nisso, um leproso se aproximou e caiu de joelhos diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, tens o poder de purificar- me”. 3 Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fica purificado”. No mesmo instante, o homem ficou purificado da lepra. 4 Então Jesus lhe disse: “Olha, não contes nada a ninguém! Mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferenda prescrita por Moisés; isso lhes servirá de testemunho”.
Meu irmão, minha irmã!
Gn 17,1.9-10.15-22
O relato descreve a aliança de Deus com Abraão. Mesmo que Deus exija de Abraão uma conduta correta de “andar na presença de Deus e de ser perfeito”, a Aliança na verdade é mais um compromisso assumido unilateralmente por Deus. Normalmente nas alianças humanas duas partes se comprometem em respeitar e observar cláusulas do pacto. Na aliança divina, pelo contrário, o compromisso é unilateral: somente Deus promete fidelidade à palavra dada. Assim a circuncisão tem o objetivo de ser a marca carnal dessa aliança unilateral.
A leitura nos mostra mais uma vez Abraão como modelo de fé. Ele já tinha noventa e nove anos de idade. Até agora a promessa de descendência não se tinha realizado. Deus renova a Aliança a fim de que Abraão continue acreditando, mesmo que ainda não veja o cumprimento da promessa divina. De fato, a aliança de Deus é também um pedido feito a Abraão para que este permaneça fiel e continue acreditando em Deus.
Crer em Deus mesmo que a promessa divina demore a ser cumprida é o exemplo que Abraão nos dá. Vivemos tempos em que a fé é cada vez mais entendida como uma garantia de atendimento imediato de nossas necessidades. Se uma religião não dá resultados imediatos, trocamos de religião. Se uma Igreja não promete graças e milagres instantâneos, buscamos uma outra sem tanta enrolação.
Precisamos viver a fé como Abraão, nosso pai na fé.
Salmo Responsorial 136(137)R- Que se prenda a minha língua ao céu da boca, se de ti, Jerusalém, eu me esquecer!
Evangelho: Mateus 8,1-4
Quando Jesus desceu da montanha, grandes multidões o seguiram. 2 Nisso, um leproso se aproximou e caiu de joelhos diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, tens o poder de purificar- me”. 3 Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fica purificado”. No mesmo instante, o homem ficou purificado da lepra. 4 Então Jesus lhe disse: “Olha, não contes nada a ninguém! Mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferenda prescrita por Moisés; isso lhes servirá de testemunho”.
Meu irmão, minha irmã!
O evangelho de hoje, narra a cura de um leproso. Terminado o sermão da montanha, começa agora uma outra parte do Evangelho segundo Mateus. Os capítulos 5 a 7 apresentam Jesus como Messias da Palavra. Os capítulos de 8 e 9 apresentam Jesus como o Messias das obras. Nesses 3 capítulos, Mateus descreve muitos milagres de Jesus.
Podemos fazer algumas perguntas para podermos interpretar bem esses milagres. Jesus realmente fez milagres? Muitos estudiosos chegaram a negar que Jesus tenha feito os milagres que os evangelhos narram. Segundo eles, tratava-se de uma interpretação mítica, uma forma de exaltar a pessoa tão querida de Jesus. De fato, em todas as religiões existem relatos de milagres e de prodígios, mas tais descrições não são históricas porque foram inventados para exaltar a figura do herói e do fundador.
Essa explicação tem dois problemas. Parte do pressuposto de que milagres não existem e que todas as narrativas de milagres no Evangelho são invenções piedosas e um pouco histéricas de uma comunidade exaltada e interessada em exaltar Jesus. Evidentemente se essa é a convicção inicial, vai ser esta também a conclusão de um exame sobre a historicidade dos evangelhos.
O segundo problema dessa explicação: Os relatos dos evangelhos diferem muitíssimo dos relatos miraculosos presentes em outras tradições religiosas. Os relatos dos Evangelhos são narrativas muito sóbrias cuja finalidade nunca é a de exaltar as façanhas extraordinárias de Jesus de Nazaré.
Os relatos dos Evangelhos na verdade não narram os milagres como prova do poder de Jesus e da sua divindade. Evidentemente os milagres revelam a identidade divina de Jesus, mas, segundo o Evangelho de Mateus, também a palavra de Jesus manifesta a sua divindade. Os milagres estão sempre em estreita relação com a palavra de Jesus. Os milagres têm estreita relação com a palavra e têm a mesma finalidade, ou seja, revelar o sentido e o conteúdo da ação de Jesus.
Os capítulos 5 a 7 nos mostram quem é Jesus pela sua palavra; os capítulos 8 e 9 falam de Jesus a partir de suas obras. Há uma estreita relação entre palavra e obras: as obras confirmam a palavra, e a palavra explica o sentido das obras.
O relato da cura do leproso deve ser assim entendido. A cura confirma a palavra de Jesus e a palavra explica o sentido da cura. Um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo: 'Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar.'
O pedido do leproso é também uma confissão de fé. Ele chama Jesus de “Senhor”. Não é um tratamento qualquer. Era usado para se dirigir ao imperador. “Ele se ajoelhou”: a sua atitude diante de Jesus é a de adoração.
Jesus responde à súplica do leproso: “se queres” com um “eu quero”. Estamos diante do “eu” de Cristo. Somente ele pode dizer “eu” sem ter necessidade de invocar outro nome, sem se apoiar em outro poder, da mesma maneira como somente Jesus pode dizer “eu, porém, vos digo” sem necessidade de recorrer a outra autoridade nem mesmo da Escritura.
Além de dizer “eu”, Jesus tocou no leproso. De novo fica clara a originalidade dos milagres de Jesus. Tocar não é somente um ato de afeto e de carinho. É muito mais do que isso: Jesus toma sobre si a impureza para tornar puro o leproso! Foi exatamente isso o que Jesus fez para nos salvar: tomou sobre si o pecado da humanidade para que nós sejamos salvos do pecado.