Salmo - Sl 78 (79)-R. O Senhor não nos trata como exigem nossas faltas
Evangelho - Lc 6,36-38
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 36Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos.' Palavra da Salvação.
Meu irmão, Minha irmã!
Dn 9,4b-10
A leitura de hoje nos fala do arrependimento e da mudança de Israel depois da grande catástrofe. Quando o povo foi vencido pelos inimigos e o templo e a cidade foram destruídos, o povo tomou consciência da própria culpa e por isso rezou confessando os pecados ao Senhor. Trata-se de um dos textos mais belos do AT, uma oração cheia de humildade, de confusão e, ao mesmo tempo, de confiança no Senhor: “Tua, Senhor, é a justiça; nossa é a vergonha no rosto. Temos pecado e cometido iniquidade, fomos ímpios, afastamo-nos e nos desviamos dos teus mandamentos e julgamentos”.
Somente se tivermos verdadeira humildade poderemos receber as graças do Senhor e entender a imensidade da Sua misericórdia. São Paulo diz isso de maneira esplêndida: “Deus prova o seu amor para conosco, pelo fato de que Cristo morreu por nós, quando ainda éramos os seus inimigos”.
Pensemos em como na vida dos santos, o perdão dos pecados centuplicou o amor deles. Pensemos em Santo Agostinho, por exemplo. Ele foi um santo cheio do amor a Deus porque tinha consciência dos muitos grandes pecados que lhe foram perdoados. Ele rendia graças ao Senhor pelo perdão recebido e por ter sido preservado de muitos outros.
Também nós podemos agradecer humildemente. Mesmo que não tenhamos cometido pecados graves, agradeçamos também pelas culpas que, graças ao dom de Deus, não cometemos. Em certo sentido, tais pecados não cometido foram como que antecipadamente perdoados. A graça de ser perdoado é fonte de generosidade e de amor, de humildade e de muitas outras graças.
Sentir-se separado de Deus e ter sido misericordiosamente reconciliado com Ele é uma grande graça que transforma e incute uma vida nova: vida de humildade, de compreensão, de generosidade em relação aos outros. Além disso a condição para permanecer na misericórdia divina é abrir-se à misericórdia em relação aos outros: “Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso. Perdoai e vos será perdoado. Dai e vos será dado”.
A verdadeira generosidade vem da humildade. A pessoa que foi perdoada pelo Senhor, quando dá algo aos outros, o faz sem orgulho, sentindo-se somente instrumento da misericórdia de Deus.
Lc 6,36-38
Para que possamos permanecer na misericórdia de Deus é preciso que estejamos abertos aos outros na misericórdia. “Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados”.
A verdadeira generosidade em relação aos outros brota da humildade de quem se reconhece amado e perdoado por Deus. A pessoa que sabe que foi perdoada pelo Senhor, quando dá algo aos outros, o faz sem orgulho, sentindo-se somente instrumento da misericórdia de Deus.
No Evangelho de hoje há uma palavra muito consoladora porque demonstra que o Senhor confia em nós. “Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós sereis também medidos”.
O Senhor tem confiança que nós, ajudados pela sua graça, seremos capazes de dar aos outros uma medida boa, calcada, sacudida e transbordante. Deus nos dá a alegria de sermos generosos com os outros para sermos, depois, recompensados generosamente pelo Pai Celeste. Acolhamos com coração humilde e confiante essa belíssima promessa de Jesus.
É possível que alguém pense que a justiça misericordiosa é irreal. A quaresma é tempo propício para discernirmos se, de fato, estamos diante de uma fantasia ou em face ao sentido mais profundo do nosso existir. A justiça misericordiosa está na nossa origem e no nosso destino (Texto-base, CF 2020, 61).