Hb 13,15-17.20-21
Hoje se conclui a leitura litúrgica da Carta aos Hebreus. Na conclusão dessa carta, recebemos uma importante lição sobre o culto dos cristãos? No que ele consiste? O que é próprio do culto cristão? Qual é sua riqueza e beleza? O que o culto cristão oferece a nós e o que ele exige de nós?
São Paulo já tinha definido o culto cristão em Rm 12,1: “eu vos exorto a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso verdadeiro culto”.
A leitura de hoje continua na mesma linha: “Por meio de Jesus Cristo, ofereçamos a Deus um perene sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram o seu nome”.
Vale a pena nós nos determos e aprofundarmos cada uma das expressões dessa exortação final da carta ao Hebreus.
O culto cristão é um oferecer-se a si mesmo a Deus por meio de Jesus Cristo. Imitando Jesus Cristo não oferecemos a Deus em sacrifício outras vítimas, mas a nós mesmos. Por meio de Cristo e em união com Ele nós nos tornamos um sacrifício de louvor.
Trata-se de um “sacrifício de louvor”, diferente dos sacrifícios do AT, regulamentados pela Lei judaica (Lv 7,11ss). Trata-se de um sacrifício de louvor ao nome de Deus, fruto dos lábios que louvam o nome de Deus. O nosso culto é um “sacrifício perene”, que é oferecido a todo o momento e não somente nos momentos determinados pela Lei. O sacrifício é perene principalmente porque a vida é oferecida ao Senhor.
Esse sacrifício perene de louvor se tornou possível por meio de Cristo que se entregou a si mesmo ao Pai. Assim a nossa alma deve estar sempre em atitude de louvor e de ação de graças porque está sempre consciente dos grandes dons que Deus continuamente nos faz por meio de Jesus Cristo.
No culto cristão, o sacrifício de louvor está sempre ligado e conduz sempre ao sacrifício da caridade. Uma vez que estamos perenemente conscientes da abundância dos dons de Deus a nós concedida, uma vez que desejamos continuamente oferecer-nos como sacrifício de louvor a Deus, somos também impulsionados à prática da caridade fraterna. Assim o culto espiritual e o sacrifício de louvor nos abrem para os mais necessitados e nos levam a sacrificar os próprios bens em benefícios dos irmãos e irmãs.
“Não vos esqueçais das boas ações e da comunhão, pois estes são os sacrifícios que agradam a Deus”. Sacrifício de Cristo, sacrifício de louvor, sacrifício de si mesmo, sacrifício da caridade fraterna são, de fato, “os sacrifícios que agradam a Deus”.
Por fim, “os sacrifícios que agradam a Deus” fazem recordar que os líderes da comunidade cristã foram perseguidos e martirizados pela sua fé e também eles ofereceram a si mesmos, à semelhança e por meio de Cristo, a si mesmos em sacrifício. Por isso, os fiéis devem imitá-los em seu cuidado e zelo pastoral. Além desses pastores que deram a vida pelo rebanho, há outros líderes que atualmente devem também seguir Cristo em seu sacrifício. A eles os fiéis devem a obediência. Uma vez que os pastores atuais têm grande responsabilidades, os fiéis lhes obedecem porque sabem que eles não poderão exercer suas responsabilidades sem a colaboração dos mesmos fiéis. Assim a obediência aos pastores se torna em colaboração na obra da evangelização.
A oração de Salomão está repleta de discernimento. Ele poderia ter pedido coisas diferentes, mas escolheu pedir a sabedoria. Na verdade, além de ter feito um bom discernimento do que pedir, Salomão pede a Deus ainda mais discernimento: “Dá ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal”. Que belo exemplo de oração. Pedir um coração que saiba discernir entre o bem e o mal. Pedir isso é já início do discernimento.
Hoje somos exortados a pedir um coração que saiba discernir a vontade de Deus e pedi-lo com a certeza de que seremos ouvidos, porque é isso o que Deus deseja nos dar.