Salmo 105(106) R-Dai graças ao Senhor, porque ele é bom.
Evangelho: Mateus 7,21-29
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 21“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. 22Naquele dia, muitos vão me dizer: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres?’ 23Então eu lhes direi publicamente: jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal. 24Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não caiu, porque estava construída sobre a rocha. 26Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e a casa caiu, e sua ruína foi completa!” 28Quando Jesus acabou de dizer essas palavras, as multidões ficaram admiradas com seu ensinamento. 29De fato, ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os mestres da lei. – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Gn 16,1-12.15-16
Na história de Abraão três promessas divinas estão na base de sua fé em Deus: a descendência, a terra e a bênção. A promessa da descendência é a que tem lugar de destaque. A realização da promessa divina da descendência tem elementos dramáticos. Abraão é já idoso, a sua mulher Sarai além de idosa é estéril. Por essas condições, não há esperança de que a promessa de descendência se realize. Temos a impressão de que a promessa de Deus a Abraão de que este será pai de uma grande nação nunca se realizará.
A promessa de Deus, porém, não se limita, como podemos pensar, a fazer de Abraão o pai de um povo numeroso. A promessa divina é ainda mais grandiosa e, por isso, parece ainda mais inalcançável: Deus promete que o povo originado de Abraão não será somente numeroso, mas será o povo predileto de Deus. Não é somente qualquer povo que nascerá de Abraão, mas o Povo de Deus.
Uma vez que parece impossível para Abrão que Sarai lhe dê um filho, ele lança mão das leis do país em que vive. Segundo essas leis, quando a esposa não dá filhos ao esposo, este tem o direito de suscitar uma descendência de uma concubina. É o que acontece: Sarai oferece a escrava egípcia Agar para que esta dê filhos a Abraão. Para nós essa lei é estranha, mas naquele país e naquela época esse era o direito aceito e consolidado. Assim o filho nascido de Agar não será somente filho de Abraão, mas também de Sarai.
É exatamente isso que provocará o drama nessa família: Sarai quer tomar o filho gerado por Agar como seu filho, mas Agar quer conservar para si a maternidade e, assim fazendo, nega o direito de sua senhora, Sarai. Por isso Agar foge, rompendo assim a pertença à família de Abraão e Sarai.
O anjo, porém, se dirige a Agar no deserto e lhe ordena que volte para Sarai, a sua senhora. Ao mesmo tempo lhe promete que o seu filho Ismael dará origem a um povo numeroso que não se poderá contar. Esse povo será o ismaelita. Ela obedeceu ao anjo e voltou para Sarai.
Todo esse drama é narrado para revelar que a promessa divina de descendência para Abraão não será realizado por meio de Agar e Ismael. Mais do que isso, a descendência não será fruto da natureza ou das leis e instituições jurídicas. A descendência será autêntico dom de Deus. Assim o povo da descendência de Abraão é o povo criado miraculosamente por Deus. A superação da esterilidade e da idade avançada não se dará por arranjos jurídicos ou por meios meramente naturais. A origem do Povo de Deus é sobrenatural.
Outro dado importante desse drama vivido por Agar é mostrar que Deus, mesmo que não tenha escolhido Ismael para ser a origem do Povo de Deus, não deixa de abençoá-lo por meio de Abraão. Assim a bênção de Abraão é extensiva também ao povo ismaelita. A bênção divina por meio de Abraão ultrapassa a sua descendência.
O drama de Agar e de Ismael nos ensina que a Igreja da qual somos membros, não teve origem meramente humana ou jurídica. Ela tem sua origem no sacrifício de Cristo, de seu lado aberto na cruz e da efusão do Espírito Santo.
Salmo Responsorial: 78(79)R- Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos, ó Senhor!
Evangelho: Mateus 7,21-29
Meu irmão, minha irmã!
Como eu sei que eu vou me salvar? Quais são os sinais de que vou me salvar?
O evangelho nos põe diante de uma possibilidade terrível no julgamento final: muitos vão me dizer: 'Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres?' Então eu lhes direi publicamente: 'Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal. Jamais vos conheci.
Mas como? Esses que são condenados no julgamento não se apresentam com as mãos vazias. Pelo contrário, eles têm na conta pessoal obras maravilhosas: eles profetizaram em nome de Jesus; eles venceram Satanás da mesma maneira que Cristo expulsou os demônios; eles realizaram milagres em nome de Jesus! Acho até mesmo que levaram muitas pessoas a viver em santidade, converteram pecadores e encaminharam muitos para Deus. Com efeito, o texto do evangelho não diz que Jesus tenha desqualificado tais obras. O que ele diz é: Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal.
Eles são condenados não porque as boas obras não tenham valor. É preciso fazer o bem sem desanimar (Gl 6,9). Mas porque eles são condenados? A razão não está nas obras maravilhosas. Estas são dons e carismas divinos, por isso não devemos pensar que Deus seja o nosso devedor por mais boas obras que tenhamos na nossa conta. Não devemos cair na autoilusão de pensar que tenhamos a salvação garantida pelo fato de termos o carisma da profecia, de realizarmos milagres, de vencer Satanás expulsando-o como Jesus. Esses carismas extraordinários são dons de Deus, e como tal devem ser acolhidos: como dons de Deus! Não são como pontos que nos garantam recompensas, nem devem nos levar a sermos presunçosos e arrogantes, achando que Deus deva nos pagar o que quer que seja.
O motivo da condenação consiste exatamente nisso: os carismas mais extraordinários e também os mais simples são dons de Deus devem ser recebidos com gratidão e consolação e não para a nossa vanglória. Os dons extraordinários não devem ser pedidos imprudentemente, nem os frutos dos trabalhos apostólicos devem ser esperados com presunção, como se Deus fosse o nosso devedor.
Quem se gloria, deve gloriar-se no Senhor. Se temos dons extraordinários, colocamos tais dons a serviço das necessidades da Igreja, mas não pensemos que tenhamos garantida a salvação, pois os dons permanecem o que são: são de Deus e não nossos. Se não os possuímos, não os peçamos de maneira imprudente, uma vez que o que importa é a fé que age na caridade.