Ez 47,1-9.12
Ezequiel nos fala de uma visão na qual ele vê o novo templo e vê brotar de seu lado direito uma água maravilhosa que leva para todos os lugares a vida e a fecundidade. Os padres da Igreja reconheceram nesse templo o verdadeiro Templo, Jesus Cristo: é da sua ferida no lado direito que saíram sangue e água.
Ezequiel vê, portanto, o templo e a água que brota do seu lado direito e corre em direção do Mar Morto, que se acha a 20 km. O Mar Morto está a mais ou menos quatrocentos metros abaixo do nível do mar. Ele tem este nome exatamente porque, por causa da grande quantidade de sal, ele não tem vida. Na visão de Ezequiel, quando a água, que escorre do templo, chega ao Mar Morto, as águas começam a pulular de vida.
É esta a transformação da graça que Deus realiza em nossas comunidades. Devemos confessar que também em nós e em nossas comunidades existe um Mar Morto, isto é, há um espaço de amargura, de egoísmo que torna as relações difíceis, o apostolado estéril. Somente a graça de Deus pode transformar isso.
Jo 5,1-16
A cura do paralítico destaca a iniciativa de Jesus. As curas normalmente são uma resposta à iniciativa dos doentes que buscam e suplicam a ajuda de Jesus. Nesse caso do paralítico, a iniciativa é toda de Jesus.
Jesus viu aquele homem que estava já a 38 anos sofrendo com sua doença crônica. Ele, porém, sofre de uma paralisia ainda pior do que a física. Ele tem uma paralisia muito mais grave que é sua falta de iniciativa. Ao encontra-lo, Jesus o provoca: “queres ficar curado?”. A pergunta de Jesus é um misto de desafio e de repreensão: “afinal, queres ficar mesmo curado ou não?”. A resposta daquele homem revela um grande conformismo e uma total falta de iniciativa. A resposta daquele homem é uma desculpa esfarrapada: “Senhor, não tenho ninguém que me leve até a piscina, quando a água é agitada”. Jesus precisa tomar a iniciativa, por isso ele ordena: “Levanta-te, pega tua cama e anda”. O paralítico nada pediu a Jesus, somente se lamentou de sua situação e deu desculpas para seu conformismo. Mesmos assim Jesus o curou.
A cura de Jesus, porém, ainda não terminou. Depois de ter feito o que Jesus lhe ordenara, o paralítico foi embora sem agradecer e sem conhecer quem era aquele que o tinha curado. Mais tarde, quando aquele homem estava no templo, Jesus tomo de novo a iniciativa. Ele disse: “Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”.
A cura física não é ainda a cura total. Para receber a plenitude do dom da saúde é preciso que também a conversão e uma profunda mudança de vida. Jesus vincula a doença com o pecado. Assim mostra ao homem curado que ele precisa continuar seu processo de cura, buscando a conversão e a vida nova.
Quaresma é tempo de buscar o Senhor e de desejar que ele nos cure não somente o corpo, mas sobretudo a alma.