Salmo Responsorial 80 (81) Exultai no Senhor, nossa força
Evangelho Mateus 13, 54-58
Ele foi para sua própria cidade e se pôs a ensinar na sinagoga local, de modo que ficaram admirados. Diziam: “De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres? 55 Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? 56 E suas irmãs não estão todas conosco? De onde, então, lhe vem tudo isso?” 57 E mostravam-se chocados com ele. Jesus, porém, disse: “Um profeta só não é valorizado em sua própria cidade e na sua própria casa!” 58 E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.
Meu irmão, minha irmã!
Lv 23,1.4-11.15-16.27.34-37
A leitura de hoje pode parecer estranha para a liturgia por dois motivos. Primeiramente porque descreve o calendário das festas do Antigo Testamento: a festa da Páscoa e dos Ázimos, o dia da Expiação e a festa das Tendas. Em segundo lugar, sabemos que tais festas não são mais celebradas pelos cristãos como são descritas no AT. Por isso podemos nos perguntar: por que ler essa passagem da Escritura na missa?
Com efeito dois elementos são constitutivos das festas do AT: a convocação da assembleia santa e o descanso do trabalho. A convocação faz com que a pessoa saia da saia da sua individualidade e de seu fechamento. A convocação da assembleia santa faz com que as pessoas revivam a sua realidade comunitária; é a expressão da experiência de pertencer ao povo eleito e, ao mesmo tempo, realização do povo enquanto tal. A festa litúrgica celebra, portanto, a verdadeira comunhão do povo com Deus e do povo entre si.
O outro elemento constitutivo da festa é a proibição de fazer qualquer trabalho. A festa litúrgica nos faz cair na conta de que nós não somos feitos para vivar sempre na banalidade do cotidiano. As festas do AT são importantes para que tomemos consciência de que somos feitos para fruir da alegria de Deus. Deus não nos criou para sermos escravos. A nossa condição de seres livres se manifesta e se verifica exatamente nas festas litúrgicas.
Ordenando que o povo respeite um calendário de festas religiosas, Deus faz com que os seus filhos possam viver, ao menos em algumas ocasiões do ano, na alegria, na liberdade e na comunhão de coração com Deus e com os outros.
Muitas vezes o trabalho é um obstáculo para as relações pessoais. O trabalho é árduo, ocupa quase a totalidade de nosso tempo e impossibilita que cuidemos das pessoas. A festa sagrada é uma ocasião para exercer a liberdade em vista do encontro com as pessoas e com Deus em um clima de liberdade e de alegria. Assim as festas religiosas permitem que tenhamos tempo para Deus e para os outros. O tempo da festa deve ser usado para a oração, o louvor e a alegria. O tempo da festa nos torna também disponíveis aos outros, faz com que tenhamos tempo para ouvir com calma os outros, acolhê-los na fraternidade e partilhar com eles nossos dons.
Nesse sentido, as festas do AT têm um valor perene. A Igreja acolheu esse desejo de Deus e instituiu várias festas exatamente para celebrar o mistério de Cristo ao longo do ano litúrgico. Os dois elementos das festas do AT permanecem válidos também para nós: a convocação da assembleia sagrada e o descanso do trabalho.
Salmo Responsorial 68 (69) R- Respondei-me, ó Senhor, pelo vosso imenso amor.
Evangelho Mateus 13, 54-58
Ele foi para sua própria cidade e se pôs a ensinar na sinagoga local, de modo que ficaram admirados. Diziam: “De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres? 55 Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? 56 E suas irmãs não estão todas conosco? De onde, então, lhe vem tudo isso?” 57 E mostravam-se chocados com ele. Jesus, porém, disse: “Um profeta só não é valorizado em sua própria cidade e na sua própria casa!” 58 E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.
Meu irmão, minha irmã!
Jesus foi para sua terra e lá ensinava na Sinagoga. Em Nazaré, a pregação de Jesus foi um fracasso. Em Nazaré a pregação de Jesus não teve os efeitos esperados. Os seus conterrâneos, no início surpresos, ficaram escandalizados com o ensinamento de Jesus. E a falta de fé dos compatriotas tornou impossível a germinação da Palavra e a realização de milagres.
O que aconteceu em Nazaré acontece toda vez que procuramos entender Jesus a partir somente do que nós já sabemos sobre Ele. Os nazarenos conheciam Jesus mas não admitiam que estavam diante de alguém que eles deveriam ainda conhecer. Eles negam o mistério de Jesus porque pensam já conhecer Jesus suficientemente.
Essa pode ser também a nossa atitude. O fato de termos um conhecimento inicial verdadeiro pode nos levar a um fechamento que nos impede de progredir no conhecimento de Jesus. Quando pensamos já conhecer suficientemente Jesus, esse pouco nos é tirado! Não por Deus, mas por causa de nosso fechamento e orgulho.
Diante de Jesus é preciso humildade! O que começamos a conhecer é somente o início! Tanto ainda devemos progredir e crescer ainda!
O mais grave do fechamento dos compatriotas de Jesus é, porém, a tática de se dispensar da necessidade de conversão. Os nazarenos criticam Jesus porque Ele tinha muita sabedoria e uma extraordinária capacidade de fazer milagres. E, no entanto, ele é o filho do carpinteiro: não devia ter tanta sabedoria, não deveria ter tanto poder, afinal eles conheciam sua família, sabiam que não tinha frequentado a escola, etc. Tudo isso só para não ter que mudar os hábitos, para evitar o esforço de se corrigir e se converter.
Quantas vezes caímos também nessa armadilha. Escutamos uma pregação e, em vez de buscar o que Deus deseja dizer para nós, criticamos a pronúncia do pregador, criticamos que ele não é claro no seu discurso, que comete erros gramaticais ou então, em vez de buscar qual proveito espiritual posso tirar de uma pregação, começo a pensar que o pregador também tem seus defeitos, que conheço a sua família, etc. Todas essas críticas somente para me sentir dispensado da conversão. Agindo assim, estamos nos comportando como os contemporâneos de Jesus: justificamos a nossa preguiça e a nossa inércia espiritual criticando o pregador.
Devemos fazer todo esforço para ouvir o que Deus nos quer falar, mesmo através de pregadores humanos limitados. Se até o próprio Jesus não foi ouvido, quanto mais atenção devemos ter para não desprezar a Palavra de Deus que nos é transmitida pelos sacerdotes, que são limitados e pecadores!