Salmo Responsorial 111(112)-R- Feliz que tem piedade e empresta!
Evangelho Lucas 14,25-33
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 25grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim não pode ser meu discípulo. 28Com efeito, qual de vós, querendo construir uma torre, não senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, 29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’ 31Ou ainda, qual o rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se, com dez mil homens, poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. 33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!” – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Rm 13,8-10
A palavra “dívida” qualifica uma situação que não parece ser adequada ao amor. A palavra “dívida” lembra débito e obrigação. Todas elas são palavras que evocam imediatamente as atividades comerciais, os prazos que se impõem, as garantias pedidas e, muitas vezes, as pressões exercidas sobre os insolventes, a vergonha pelo descumprimento da promessa, a aflição pela perda do bom nome.
É paradoxal a afirmação de Paulo: “Não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo” (Rm 13,8). Que o amor possa obrigar, esse paradoxo que só se resolve pelo próprio amor. Somente quem ama pode se sentir obrigado sem se tornar escravo.
Podemos dizer que há uma dívida que oprime, e outra que rejubila pelo bem precioso do amor. Como existe um temor servil, que teme o castigo de Deus, e um temor santo, que teme perder o seu amor, assim há uma dívida de morte e outra de amor. Uma que impõe um peso e outra que o assume como expressão de responsabilidade e de sinceridade. Essa dívida santa todos temos para com Deus, e São Paulo a recomenda aos cristãos: “Não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo” (Rm 13,8).
Outra exortação de Paulo é luminosa, mesmo que não seja novidade. “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”. A moral cristã é simples e tem seu grande ponto de referência no amor ao próximo. Todos os preceitos da ética cristã estão profundamente relacionados e condicionados pelo amor ao próximo. De fato, “O amor é o cumprimento perfeito da Lei”.
É preciso entender bem: o amor cristão tem um forte caráter personalista. Uma vez um doutor da lei perguntou a Jesus: “Quem é o meu próximo?” Para responder a essa pergunta Jesus contou a parábola do bom samaritano e inverteu a pergunta: “quem foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?”
Na Carta aos Romanos que estamos lendo, São Paulo mostra que o próximo não é uma abstração, mas uma realidade concreta que se apresenta diante de nós. O próximo não é um conceito genérico, mas a pessoa concreta com que eu me encontro realmente. O próximo não é uma idealização, mas aquele que está diante de nós e que nem sempre me é simpática. Nós não escolhemos o próximo, com ele nos encontramos e precisamos aceitá-lo. O próximo é como Deus de um certo modo: é outro em relação a mim, surpreendente e indisponível.
Quando você ouvir: amarás o teu próximo como a ti mesmo, pense nas pessoas concretas: aquele com quem você encontra na rua, no trabalho, na escola; recorde todas as pessoas com quem você teve a oportunidade de dizer alguma palavra ou de prestar algum favor. O próximo nunca é uma abstração! O próximo são pessoas concretas!
Salmo Responsorial 26(27)-R- O Senhor é minha luz e salvação!
Evangelho Lucas 14,25-33
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 25grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim não pode ser meu discípulo. 28Com efeito, qual de vós, querendo construir uma torre, não senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, 29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’ 31Ou ainda, qual o rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se, com dez mil homens, poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. 33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!” – Palavra da salvação.
Meu irmão, minha irmã!
Ouvindo o Evangelho recebemos como que uma ducha fria em nosso entusiasmo: Se alguém vem a mim, mas não se desapega (odeia) de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da própria vida, não pode ser meu discípulo.
Quando ouvimos a proclamação da única lei do amor, ficamos contentes e entusiasmados. Assim como as multidões que queriam seguir Jesus, também nós desejamos seguir Jesus quando Ele nos fala do amor.
Jesus, porém, não quer nos iludir. Nós pensamos que amar é bom e sumamente desejável. Quem não deseja amar e ser amado? E pensamos que aquilo que espontaneamente desejamos seja igualmente fácil. É nisso que nos enganamos. O amor como o de Cristo é muito exigente.
Ele dá dois exemplos em forma de parábola para nos fazer ver que, para amar e seguir Jesus, é preciso, antes, analisar se temos as condições necessárias para tanto.
O primeiro exemplo é o do homem que constrói a torre. Antes de começar é preciso analisar com cuidado se possui os recursos e o capital para concluir a construção.
O outro exemplo é o da guerra. Antes de ir para a guerra contra um outro é preciso se sentar e ponderar se com 10 mil combatentes pode vencer aquele que marcha com 20 mil. Se vê que não é possível, envia mensageiros para negociar a paz. Só se entra em guerra se há condições realistas para a vitória.
Se isso acontece em relação aos nossos projetos materiais, com muito mais razão ainda o nosso seguimento de Jesus Cristo. Por que deveríamos improvisar o seguimento de Jesus? Por que não se preparar para fazer o bem? Por que não empregar a criatividade e a inteligência na vida cristã?
Para construir uma torre são necessários recursos financeiros, para fazer a guerra são necessários suprimentos e combatentes. E para seguir Jesus? Eis o paradoxo: para seguir Jesus é preciso ser pobre e desapegado de tudo, até dos afetos mais fundamentais e até da própria vida.
Jesus não condena o amor pela família, nem nosso amor pela vida. Isso só se torna obstáculo quando o amor se torna possessivo.
Jesus é o modelo e a medida disso mesmo que Ele exige de nós. Ele se desapegou de seu pai e sua mãe sem deixar de amá-los e obedecê-los. Ele se desapegou de sua própria vida, mas não como um suicida. Fez de sua morte um sacrifício de amor. Ninguém lhe tira a vida; Ele a dá livremente. A missa é o sacrifício de Cristo que se dá ao Pai por nós e para a remissão dos pecados.
Diante da exigência radical de amar Jesus ao ponto de amar menos a família e a própria vida, experimentamos a impotência e a nossa incapacidade de um amor tão grande: dar a vida por amor.
Onde encontraremos a força para amar assim como Jesus? Jesus deseja que tomemos consciência de nossa fraqueza para que busquemos a força de amar onde tal força se encontra: o coração de Jesus. É ele que nos dá a capacidade de amar como Ele. Recebamos na eucaristia a sua força, a sua vida, o seu coração.