2026
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Ao passar, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse- lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu-o. 10Depois, enquanto estava à mesa na casa de Mateus, vieram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se à mesa, junto com Jesus e seus discípulos. 11Alguns fariseus viram isso e disseram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os publicanos e pecadores?” 12 Tendo ouvido a pergunta, Jesus disse: “Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes. 13 Ide, pois, aprender o que significa: ‘Misericórdia eu quero, não sacrifícios. De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores”.
Meu irmão, minha irmã!
Mt 9,9-13
Mateus desenvolve a sua narrativa de forma progressiva e lógica.
• Em Mt 5-7, Mateus relata a autoridade de Cristo que se manifesta por sua palavra (ele “ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas”).
• Em Mt 8-9, essa mesma autoridade de Jesus que se manifesta em suas obras, isto é, sobre as doenças (cura do leproso, do criado do centurião, da sogra de Pedro); sobre a natureza (a tempestade acalmada); sobre os demônios (os possessos de Gadara) e, finalmente, no texto da vocação de Mateus a sua autoridade sobre os pecadores.
Mateus era um cobrador de impostos. Como tal era desprezado pelos judeus e considerado um pecador público, por colaborar com os romanos e por manter-se em contato constante com pagãos impuros.
A sua resposta ao chamado de Cristo (Segue-me) é imediata: “e levantando-se, o seguiu”. Nada existe na pessoa de Mateus que explique tão profunda transformação. Somente a autoridade de Jesus poderia modificar tão radicalmente a vida inteira de um homem. Deve-se observar que o termo “seguir” implica uma união com a pessoa de Cristo, um seguimento para escutá-lo e servi-lo.
“Por que o vosso mestre come com os publicanos e pecadores?”. É uma pergunta que engloba uma censura e uma insídia (emboscada, estratagema, segundas intenções).
A intimidade de Jesus com pecadores quebra prescrições legais muito claras: seria ele o justo? Essa atitude de Jesus não é suspeita e estranha? Não está ele ensinando a desobediência à lei de Deus?
A resposta de Jesus: “não são os que tem saúde que tem necessidade de médico, mas os doentes. Não vim chamar os justos, mas os pecadores” é finamente irônica. Se o médico se arrisca ser contagiado para ir visitar os doentes do corpo, com mais razão ainda Jesus deveria se arriscar para ir ao encontro dos doentes do espirito.
Cristo veio chamar para o seu Reino tanto pecadores como os justos. Exemplo disso é o jovem que tinha observado todos os mandamentos desde a infância. Assim devemos entender os “justos” como aqueles que são falsos justos, ou seja, aqueles que se consideram justos. A atitude de quem confia na própria justiça é uma atitude de soberba desumana e antipedagógica. Cristo não quer os justos que creem poder justificar-se com suas próprias forças e medidas. Estabeleceu uma oposição entre uma religião reduzida à justiça do homem e uma religião construída sobre a misericórdia divina.
A conversão de Mateus nos mostra o poder de Deus na conversão dos pecadores (nós e os outros). A Palavra de Deus nos ensina a confiar mais no poder da misericórdia de Jesus do que em nossa própria justiça.
2027
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Primeira Leitura: Gênesis 3,9-15
Salmo Responsorial-129(130) R- No Senhor, toda graça e redenção!
Segunda Leitura: 2 Coríntios 4,13-5,1
Evangelho: Marcos 3,20-35 (Jesus em casa ensinando)
Meu irmão, minha irmã!
Mc 3,20-35
No Evangelho de hoje, Jesus anuncia a derrota do reino de Satanás. Tal derrota estava prometida desde o início do mundo e agora se torna realidade com a ação de Jesus Cristo. Esse é o sentido da parábola de Jesus: Satanás é o homem forte que é derrotado por um outro mais forte do que ele e que tem seus bens roubados por este mais forte. Satanás está para acabar. Ele é amarrado e sua casa, ou seja, o seu reino, o mundo, é saqueado pelo mais forte que é Jesus. Agora Jesus inicia o seu reino.
Poucos trechos do evangelho conseguem dar este sentido da autoridade de Jesus. Ele derrota Satanás e acaba com o seu domínio sobre o mundo. Agora o dominador é Jesus.
Nós não somos mais prisioneiros da casa de Satanás. Jesus veio finalmente e dominou Satanás. Nós fomos conduzidos para fora da prisão de Satanás. Tudo isso foi realizado pelo mistério pascal, quando Jesus invadiu a casa de Satanás e nos trouxe para a liberdade. Esse acontecimento se verificou para nós no batismo, na crisma e na eucaristia quando escapamos de Satanás e de suas seduções e passamos para o Reino do Filho bem-amado.
Mas a mensagem do evangelho de hoje é também uma mensagem para a nossa vida. A batalha final decisiva entre o reino de Satanás e de Cristo já tem um vencedor. Mas a batalha do dia a dia continua. A serpente continua a armar ciladas. Ele foi expulso da casa no batismo, mas ele continua tentando voltar para a casa de onde saiu. E se ele voltar a situação se torna mais lamentável do que antes.
Portanto, os tempos de hoje são tempos de vigilância, de decisão e de perseverança. É preciso lutar porque rebelião e guerra de Satanás contra os cristãos que foram conquistados por Cristo continua.
A rebelião de Satanás contra Deus não se deu somente em um passado distante e durante a vida terrena de Jesus. A história da salvação não chegou ao seu termo, e o juízo final sobre os demônios deve ainda ocorrer. Até o retorno de Cristo, o mundo é ainda teatro do conflito entre o Reino de Deus e o de Satanás. Por isso às potências demoníacas permanece a possibilidade de uma atividade (preste atenção: uma atividade limitada e permitida) na tentação e sedução dos homens.
É preciso sempre lembrar que a vitória de Cristo é vitalmente muito mais eficaz e poderosa na defesa e proteção da Igreja. Na rebelião contra Deus, o influxo de Satanás sobre o homem nunca se iguala ao de Deus: somente Deus pode agir no íntimo da pessoa, a partir do seu interior (do coração). Por ser uma criatura, Satanás pode influenciar o homem somente através da instrução, da persuasão e da excitação, a partir de fora, das paixões e dos afetos do homem.
Há também casos de ação demoníaca por possessão. Em senso estrito possessão é a tomada de posse do corpo por parte de Satanás. Desconhecemos a extensão total dos poderes do demônio sobre o universo criado, no qual se inclui a humanidade. Sabemos que, tanto na Bíblia quanto na história, há casos em que o diabo penetra no corpo de uma pessoa e controla as suas atividades físicas (palavra, movimentos e ações). Mas o diabo não pode controlar a alma; a sua liberdade permanece inalterada e nem todos os demônios do inferno juntos têm o poder ou a permissão de forçá-la. Em princípio, não devemos menosprezar a influência do demônio e julgá-la insignificante; nem devemos julgar que todos os transtornos de personalidade (histeria, doença psíquica, distúrbios mentais, desvios) sejam possessão demoníaca. O remédio sacramental contra a possessão é o exorcismo.
Além da sedução, sugestão, instrução (tentação a partir de fora) e da possessão, o demônio, enquanto criatura que pertence ao Cosmo, pode também se servir de elementos criados. Em sua rebelião contra Deus, o demônio pode atuar nos males físicos (para entender a distinção entre males físicos e morais cf. Catecismo da Igreja Católica, 309-314) em modos e em graus diferentes. Mas também nesse caso, é muito difícil ver com clareza se um evento no cosmo (por exemplo, um cataclismo, uma catástrofe climática, uma pandemia) pode ser explicado como fenômeno natural ou deva ser atribuído aos poderes demoníacos. De fato, atualmente o homem, graças ao progresso das ciências naturais, está em condições melhores para compreender e interpretar os eventos climáticos, sísmicos, ambientais, ecológicos do que as gerações passadas. De qualquer forma, devemos ter claro que Satanás e os seus anjos, em virtude da sua criaturalidade, estão inseridos no conjunto do cosmo e tem a capacidade de exercer uma influência deletéria (a atividade demoníaca não é construtiva e sim destrutiva do mundo e da humanidade) também sobre as criaturas infra-humanas. Essa possível influência sempre se dá na medida da permissão divina e no âmbito do governo providente de Deus. Contra esse influxo de Satanás sobre os elementos criados, o remédio protetor é o sacramental da consagração.
Satanás pode agir também através de maldições. Esse caso está incluído nos que os demônios agem através de poderes desconhecidos e que não são explicáveis pelas ciências naturais (sortilégio, bruxaria, mandinga, feitiçaria, magia, adivinhação, satanismo, etc.). Essas práticas, mesmo que não provoquem dano direto, causam geralmente confusão, inquietude e medo. Aqui é preciso discernimento prudente entre o campo das forças demoníacas e o das forças naturais. Por isso, não devemos descartar que uma pessoa dotada de forças demoníacas possa provocar um mal. Mas a verificação de tal possibilidade só deve ser admitida quando todas as explicações naturais forem insuficientes. Contra tal influxo de Satanás através do recurso a forças ocultas, o remédio protetor é a bênção.
Diante da atuação demoníaca, a Igreja recebeu meios genuínos de defesa, nos quais se aplica o poder vitorioso de Cristo. São os sacramentais da consagração, da bênção e do exorcismo. Mas muito mais eficaz e importante é a defesa de uma vida santa, fundada na fé, na graça e na comunhão com Cristo. Para que Satanás fuja do cristão, não há providência melhor e mais eficaz do que a adesão firme e consciente a Cristo através dos sacramentos, da oração, da vigilância e de uma vida santa.
DOM JÚLIO ENDI AKAMINE
2025, 2028
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
"11.No dia seguinte, dirigiu-se Jesus a uma cidade chamada Naim. Iam com ele diversos discípulos e muito povo. 12.Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da cidade. 13.Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: “Não chores!”. 14.E, aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: “Moço, eu te ordeno, levanta-te”. 15.Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua mãe. 16.Apoderou-se de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o seu povo”. 17.A notícia desse fato correu por toda a Judeia e por toda a circunvizinhança"
Meu irmão, minha irmã!
Lc 7,11-17
A nossa vida é mortal, ou seja, a morte não está fora de nós; não cai sobre nós a partir de fora. A morte está inscrita na nossa condição: nós somos mortais, a nossa vida termina. A morte é, portanto, algo natural. Como diz o povo: para morrer basta estar vivo. Ou melhor, como diz a Bíblia: somos pó e ao pó retornaremos. Todos nós estamos caminhando inexoravelmente ao pó. Todos nós já iniciamos o cortejo fúnebre de nosso retorno ao pó. A nossa vida pode ser comparada ao cortejo fúnebre em que somos levados ao cemitério.
Jesus entra na cidade de Naim. Ao chegar naquela cidade, vê um cortejo fúnebre de um jovem defunto, filho único de mãe viúva. Quase toda a cidade acompanha o cortejo. Jesus não se desvia e vai ao encontro das pessoas. Cheio de compaixão, ele toca o caixão. O toque da sua mão interrompe o caminho de regresso ao pó daquele jovem. Seu toque é um toque de vida que detém o caminho de regresso ao pó.
Jesus disse ao jovem defunto: “eu te ordeno, levanta-te”. O jovem obedece a tal palavra e se senta e começa a falar.
A reação das pessoas é reconhecer: “um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo”. Notem como é importante essa dupla constatação. Jesus é um grande profeta. Profeta não no senso do AT; Ele é profeta no sentido de que anuncia e torna real o que anuncia. Ele não só promete, mas realiza a promessa. E o anúncio é a vida: vida que vence a morte e nos dá a esperança de superar a nossa morte. Assim a nossa vida não é mais um cortejo fúnebre em direção do cemitério, mas uma caminhada para o encontro com Jesus. Além disso, a ressurreição do jovem de Nain é a revelação de Deus como Deus da vida. Deus exerce o seu poder dando vida ao que está morto!
Sejamos como Jesus: ressuscitar os mortos não é fazer as pessoas retornarem a esta vida. Como podemos ressuscitar os mortos? Ter piedade dos que sofrem e oferecer-lhes nossa ajuda é “ressuscitar os mortos”. Anunciar o evangelho que dá alegria onde reina a tristeza é também “ressuscitar os mortos”.
DOM JÚLIO ENDI AKAMINE