Mt 4,12-23
O Evangelho de hoje nos mostra que Jesus cumpre o que tinha sido predito pelos profetas do AT: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma grande luz”.
Como brilhou essa grande luz? Como essa luz apareceu? Essa grande Luz é “Jesus que começou a pregar, dizendo: ‘Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo’”. Ele apareceu como a Grande Luz que ilumina “os que viviam na região escura da morte”.
Jesus se revela como Deus e homem. Deus, porque fala em nome de Deus, anunciando em todos os lugares: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. Ele se revela verdadeiro homem, cheio de compaixão para com todos os necessitados e doentes. O Evangelho de hoje nos diz: “Jesus andava por toda a Galileia... curando todo tipo de doença e enfermidade do povo”. Jesus revela o seu coração humano e o seu poder divino. Ele anuncia o Reino dos Céus e, mais importante ainda, o torna presente.
A confissão de que Jesus é verdadeiro homem e verdadeiro Deus é fundamental para a nossa fé. Devemos reconhecer que Jesus, verdadeiro Deus, veio na nossa carne, aceitando a nossa vida concreta, a nossa vida cotidiana, as nossas responsabilidades do dia-a-dia. Nós encontraremos Jesus nessa nossa carne porque Ele a assumiu. Não o encontraremos no mundo do sonho, da evasão. Não o encontraremos fora da nossa condição humana e cotidiana.
É exatamente o fato de Jesus ter se encarnado que nos faz encontrá-lo em nosso cotidiano. O nosso trabalho cotidiano, as nossas responsabilidades concretas (em suma: a nossa carne) não são apenas tarefas a serem cumpridas, mas podem ser o nosso apostolado, o nosso modo concreto de colaborar com a salvação do mundo e de dar glória a Deus, desde que encontremos Jesus no nosso cotidiano. Com a encarnação do Verbo, a nossa carne está repleta da presença de Jesus. É encontrando Jesus na carne que podemos consagrar a nossa carne como sacrifício agradável a Deus e transformá-la em apostolado.
O nascimento de Jesus como homem fez da nossa vida humana o caminho para encontrar Deus. O nascimento de Jesus transformou a nossa vida humana em apostolado. No nosso trabalho de hoje, nas nossas responsabilidades atuais, nas nossas tarefas assumidas procuremos reconhecer Jesus encarnado, que prega e que cura, que se imola e que salva.
DOM JÚLIO ENDI AKAMINE
Salmo 18(18b) R- Vossas palavras, Senhor, são espírito e vida!
2ª leitura: 1 Coríntios 12,12-30
Evangelho de Marcos Lucas 1,1-4;4,14-21
"1.Muitos empreenderam compor uma história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, 2.como no-los transmitiram aqueles que foram desde o princípio testemunhas oculares e que se tornaram ministros da palavra. 3.Também a mim me pareceu bem, depois de haver diligentemente investigado tudo desde o princípio, escrevê-los para ti segundo a ordem, excelentíssimo Teófilo,* 4.para que conheças a solidez daqueles ensinamentos que tens recebido.""14.Jesus, então, cheio da força do Espírito, voltou para a Galileia. E a sua fama divulgou-se por toda a região. 15.Ele ensinava nas sinagogas e era aclamado por todos. (= Mt 13,53-58 = Mc 6,1-6) 16.Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. 17.Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito (61,1s):* 18.O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a Boa-Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, 19.para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor. 20.E, enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21.Ele começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir”."
Meu irmão, minha irmã!
Lc 1,1-4;4,14-21
Antes de narrar a vida de Jesus, Lucas apresenta como será desenvolvida a sua obra. O plano de sua obra, na verdade, não é meramente um plano literário, mas um verdadeiro programa para os que desejam ser discípulos de Jesus. Trata-se de que cada um possa “averiguar a solidez dos ensinamentos que recebemos”.
De fato, muitos se apresentaram como enviados por Deus, destinatários de uma revelação especial vinda diretamente de Deus, como guias que indicam o caminho da salvação para todos. Se alguém se apresentar dessa forma, qual será a reação mais correta? Não seria a de pedir alguma comprovação da verdade de sua declaração? Não seria a de averiguar se a revelação oferecida vem mesmo de Deus ou é pura invenção humana? Não seria a de submeter a proposta da doutrina salvadora ao juízo de comprovação?
São Lucas propõe a Teófilo exatamente isso: que ele possa, por si mesmo, averiguar a solidez do Evangelho transmitido.
Jesus também inaugurou o seu ministério público escolhendo conscientemente uma passagem do profeta Isaías. Na sinagoga, no dia de sábado, ele leu a passagem do profeta Isaías para que as pessoas pudessem ter a visão de sua missão e de sua obra. A essa missão, Jesus irá dedicar a sua vida até o fim, até as últimas consequências.
“O Espírito está sobre mim. Ele me ungiu”. Jesus se apresenta como “o ungido” pelo Espírito de Deus. Por isso, Ele é confessado pela Igreja com “Cristo”, “Messias”. Em consequência disso, os discípulos de Jesus serão chamados de (reconhecidos como) “cristãos”. Nesse sentido, é preciso que os cristãos vivam do mesmo Espírito que move e anima Jesus.
“Enviou-me para dar a Boa Notícia aos pobres”. Deus se preocupa com o sofrimento das pessoas. Por isso, o Espírito impele Jesus a levar o Evangelho aos pobres. Esta é a sua tarefa: dar esperança para os corações dos sofredores. O Evangelho é a boa notícia para os pobres: Deus é bom e por isso os ama. Não se trata de opção ideológica ou política, mesmo que muitas vezes esse amor preferencial tenha sido manipulado para fins ideológicos, o Evangelho deve soar com boa notícia para os pobres. Sem isso estamos longe de Cristo.
Jesus cita explicitamente 4 tipos de sofredores: os pobres, os cativos – prisioneiros, os cegos e os oprimidos. São essas as pessoas com a quais Jesus mais se preocupa. Nesse sentido o discípulo de Cristo deve sempre se perguntar: com quem nós estamos mais preocupados?
Jesus tem claro o seu programa: semear a liberdade aos cativos, devolver a luz aos cegos, anunciar a graça aos oprimidos... foi isso que Jesus fez; para isso ele dedicou a vida...
DOM JÚLIO ENDI AKAMINE