4ª FEIRA DA 4ª SEMANA DA QUARESMA
Salmo Responsorial 144(145)R- Misericórdia e piedade é o Senhor.
17 Jesus, porém, deu-lhes esta resposta: “Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho”. 18 Por isso, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, pois, além de violar o sábado, chamava a Deus de Pai, fazendo-se assim igual a Deus. 19 Jesus então deu-lhes esta resposta: “Em verdade, em verdade, vos digo: o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho o faz igualmente. 20 O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados. 21 Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer. 22 Na verdade, o Pai não julga ninguém, mas deu ao Filho o poder de julgar, 23 para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou. 24 Em verdade, em verdade, vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna e não vai a julgamento, mas passou da morte para a vida. 25 Em verdade, em verdade, vos digo: vem a hora, e é agora, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão. 26 Pois assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. 27 Além disso, deu-lhe o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem. 28 Não fiqueis admirados com isso, pois vem a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão sua voz, 29 e sairão. Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, ressuscitarão para a condenação. 30 Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Julgo segundo o que eu escuto, e o meu julgamento é justo, porque procuro fazer não a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
Is 49,8-15
Na leitura, Deus fala ao seu Servo: “No tempo do meu favor eu te escutei, no dia da salvação te socorri. Eu te guardei e constituí como aliança do povo”. O Servo ao qual Deus fala é, na verdade, o próprio Jesus Cristo. Jesus é constituído pelo Pai como aliança do povo. Nisso consiste o mistério profundo de Cristo.
Jesus é a aliança do povo no sentido de que por meio dele encontramos realmente Deus e entramos em comunhão com Ele.
A aliança em Cristo é uma aliança universal: “Ei-los que vêm: estes, de longe, aqueles, do Norte e do lado do mar, e outros, da terra de Sinim”. Jesus é o pastor que recolhe todas as ovelhas e as conduz ao Pai. É dessa forma que “o Senhor consola o seu povo e tem compaixão dos seus pobres”.
Jesus nos revela o Pai, que na leitura de Isaías é descrito com traços maternais. De fato, o povo, em seus sofrimentos, pensou que Deus o tinha abandonado. Pode, porém, uma mãe abandonar o filho que amamenta, agarrado ao seu peito? Pois ainda que ela o abandonasse, Deus não abandona absolutamente o seu povo. Jesus é a prova de que Deus nunca nos abandona. Em nenhum outro lugar do AT voltaremos a encontrar uma expressão tão profunda, íntima e expressiva da ternura de Deus.
Jesus irá transferir essa experiência de Deus que ama como mãe para a experiência que ele faz do Pai.
O tempo da quaresma é tempo oportuno e forte para renovar a experiência do afeto materno e do amor paterno de Deus em Cristo. De fato, é Jesus quem nos introduz neste mistério da relação profundíssima de Deus Pai.
O evangelho de João nos faz ver que para estarmos unidos a Deus devemos absolutamente passar por Jesus: há um contínuo paralelismo entre a relação de Jesus com Deus e a relação nossa com Jesus. Para poder entrar em relação com Deus é necessário passar por Jesus, porque Ele e o Pai estão unidos; são um.
Não podemos achar que conhecemos a vontade de Deus sozinhos: é Jesus que a revela. Não podemos achar que, para guardar a palavra do Pai, só bastam nossas forças. É através de Jesus que a Palavra vem a nós: “Como eu observo a palavra do Pai e permaneço no seu amor, assim quem observa a minha palavra permanece no meu amor”. “Como o Pai me amou e eu vivo pelo Pai, assim aquele que se alimenta de mim viverá por mim”.
Jesus é verdadeiramente aquele no qual nós encontramos o Pai. É também aquele no qual nós encontramos os irmãos: não podemos amá-los realmente a não ser em Jesus. Esta é a condição para amar de verdade: amar os outros em Jesus.