Hb 12,1-4
O exemplo de outros sempre ajuda, conforta e sustenta. Saber que houve outros que percorreram até o fim o mesmo caminho de fé que nós começamos a percorrer, é sempre reconfortante e muito nos ensina. Temos diante de nós uma nuvem de testemunhas que optaram por Deus e que se mantiveram fiéis a Deus em meio a dificuldades, perseguições e sofrimentos. Essas testemunhas do passado mostram como a opção delas foi acertada e o qual deve ser também a nossa opção.
Assim a carta aos Hebreus nos convida a perseverar no caminho iniciado. Esse convite nos é feito através de uma imagem esportiva. Estamos no estádio para uma corrida. Há muitos espectadores que são os santos, que já fizeram a mesma corrida e estão no céu torcendo por nós. Somos exortados a correr com “os olhos fixos em Jesus”. De fato, para correr bem é preciso ter os olhos fixos na meta a ser alcançada e não se distrair olhando para os lados.
Temos os olhos fixos em Jesus quando nos despojamos do peso do pecado e de tudo o que é contrário à vontade de Deus. Temos os olhos fixos em Jesus, pois é ele que “em nós começa e completa a obra da fé”. Jesus nos dá coragem e força não somente porque Ele se decidiu pela fé, mas principalmente porque nele a fé alcançou a vitória. Ele venceu o mundo. Por isso podemos ter fé nele: Ele é o autêntico pioneiro da fé, o autor da perfeição da fé.
Davi está em fuga, perseguido pelo próprio filho, Absalão. Davi, mesmo que seja um filho rebelde, se preocupa com ele: “Vai tudo bem para o jovem Absalão?” Quando ele percebe o que aconteceu ao filho, estremecido com a morte dele, Davi diz exclama aos prantos: “Absalão, meu filho. Meu filho, Absalão”. O pai não pensa na rebelião e no pecado de Absalão. Pensa somente em seu filho. Por isso a vitória na guerra contra Absalão se transforma em luto.
Todos os dias os jornais nos dão notícias de assassinatos e de crimes hediondos. Tudo isso desperta em nós o desprezo e a cólera contra os criminosos. Essa não é uma atitude cristã. É uma atitude bem diferente da que Davi teve em relação a Absalão. Mesmo que este tenha agido de maneira indigna de filho, Davi não negou sua paternidade. Mesmo que criminosos se comportem de maneira condenável, eles não deixam de ser nossos irmãos.
O cristão, se está unido a Deus, sofre pelo mal que as pessoas fazem: pelo mal que os inocentes sofrem e também pelo mal que os criminosos fazem a si mesmos. Sofremos pelas vítimas dos crimes, mas sofremos mais ainda pelos autores dos crimes, pois o mal recai sobretudo sobre eles mesmos. Reagindo dessa maneira nos aproximamos da reação de Deus ante os males deste mundo.
Como Deus, o cristão odeia o pecado sem odiar o pecador, porque sabe que odiar o pecador em vez de tirar o mal acaba por intensifica-lo.
Com efeito, “Deus prova seu amor para conosco, pelo fato de que Cristo morreu por nós, quando ainda éramos pecadores”.