Wild Palms

A Realidade Simulada é um tema que pré-data a ficção-cientifica. Nos teatros religiosos Medievais e Renascentistas, o conceito do mundo como um teatro é frequente.

“Wild Palms” (1993) é uma mini-série televisiva baseada na banda desenhada escrita por Bruce Wagner e desenhada por Julian Allen. Los Angeles, 2007. Um grupo proto-fascista denominado “Pais” domina grande parte da política e da média. Em contrapartida, um movimento libertário, intitulado “Amigos”, está contra o governo. O Senador Tony Kreutzer é o representante dos “Pais”, bem como chefe do grupo religioso "Church of Synthiotics" e dono do grupo “Wild Palms”. A televisão do Senador, o “Canal 3” irá começar em breve um novo programa de televisão, chamado "Church Windows", onde vai ser apresentado um novo método de projecção baseado em realidade virtual. A acção passa-se na sala de estar de cada casa e as pessoas podem interagir com os actores. Esta técnica é chamada “Mimecom” e configura um novo realismo.

Um casal com dois filhos vive pacatamente nos subúrbios da cidade. Harry Wyckoff é um advogado casado com Grace. O seu filho Coty é actor na nova série “Church Windows” e Deirdre, a sua filha não fala. Estranhos sonhos de rinocerontes e de uma mulher sem face tatuada com palmeiras bravias assolam as noites deste pai. A trama desenrola-se quando surge uma antiga paixão dele, Paige Katz, associada da empresa do Senador. Esta pede-lhe que encontre o seu filho. Os encontros de ambos levantam suspeitas, o que leva Harry a perder o seu emprego. Desde modo é apresentado por Paige ao Senador, que lhe oferece um emprego no “Canal 3”. A “telenovela” adensa-se. Grace desconfia que Coty não é seu filho, torna-se depressiva e tenta suicidar-se. Harry confirma que Coty, afinal é filho do Senador e de Paige. Harry descobre que os “Pais”, estão a desenvolver um plano baseado na tecnologia da “Mimecom”. O “Go chip” que supostamente dá poderes ilimitados para quem o possuir. O Senador consegue implantá-lo, tornando-se num holograma. Mas o “Go chip” foi manipulado por Harry e Peter, um rapaz que tem conexões com os “Amigos”, e que é o seu verdadeiro filho. O Senador ao dissolver-se no vazio diz que é o Pai biológico de Harry.

Na novela de William Gibson, “Neuromancer”, Case aguarda a transição do seu corpo para o ciberespaço. Vezes sem conta os autores de ficção e não-ficção referem-se a deixar o corpo para trás e o indivíduo ficar livre na realidade virtual. Este é o último desejo, a transferência ou “downloading” da consciência humana para um computador, esta já é antecipada no mundo da informática. As tecnologias estão-se a tornar melhores sistemas de vida para as nossas imagens do que para os nossos corpos. As imagens são imortais, os corpos são efémeros. O corpo tem melhor performance com a sua imagem. O humano está a ser reconfigurado no campo electromagnético do circuito, no domínio da imagem. Num mundo pós-biológico poderíamos evitar a morte. “Uma existência exorbitante”, diz Baudrillard (1929-2007).