Misantropo

Na infância, as crianças que são tímidas são sinónimos de misantropia. Têm dificuldade em fazer amigos, nomeadamente na escola, preferindo muitas vezes ficarem sozinhas. Com o passar dos anos tendem a ser bastante sarcásticos e irónicos nas observações que fazem. Têm uma interpretação muito própria de tudo aquilo que vêem e de tudo aquilo que lhes é dito, sendo bastante observadores do que os rodeia. São inteligentes e tendem a resolver desafios e enigmas com muita facilidade, já que vivem de um raciocínio puramente lógico. Pode ocorrer frequentemente mudanças de humor: ora feliz, ora melancólico, oscilando constantemente. Geralmente têm uma aversão social. A desilusão que pode advir daí faz que evitem o contacto social. A sua sensibilidade é extrema, por isso ficam afectados com tudo o que os rodeia, mesmo que não estejam envolvidos. O misantropo é um homem essencialmente solitário, pode ter aversão ao ser humano e à sua natureza, pode odiar a humanidade de uma forma geral por todos os actos loucos e irreflectidos que esta tomou ao longo do passado e mesmo do presente. No fundo, expressa uma antipatia geral pela humanidade. Tem aversão ao convívio social, motivado por sentimentos de isolamento ou alienação social. Não mostra preocupação em ter uma vida social, encontra-se num estado de reclusão que escolheu viver. O misantropo é introvertido. Desconfia das pessoas, é frequente fazer “juízos” de cada um que se aproxime. Assim são pessoas que não gostam de grande agitação ao seu redor, pois não se sentem bem ao pé de muita gente, preferindo ficar em casa.

Na filosofia ocidental, a misantropia foi ligada ao isolamento do homem perante a sociedade humana. Aristóteles segue um caminho mais ontológico e diz-nos que misantropo, não é propriamente um homem. Ele não pode viver em companhia, não é estimado como parte ou membro da cidade. Deve ser uma besta ou um Deus. O homem anti-social para Aristóteles é uma anomalia, uma contradição. Esta visão foi reflectida mais tarde na Renascença e tornou o misantropo como um individuo que se encontra num “estado bestial”.