O Deus Selvagem

“O suicídio é preparado no silêncio do coração, à semelhança de uma grande obra de arte.”

Albert Camus

“Depois de Stéphane Mallarmé, depois de Paul Verlaine, depois de Gustave Moreau, depois de Puvis de Chavannes, depois da minha própria poesia, depois de todas as nossas cores subtis e ritmos nervosos, depois das ténues tonalidades mescladas de Conder, que novas possibilidades existem? Depois de nós, o Deus Selvagem.”

William Yeats

“(…) Um dia chegou um barco. Vieram homens a terra, depois voltaram a partir … passado algum tempo, ancorou uma frota na enseada e guerreiros vieram acampar. O forte aumentou e outros homens desembarcaram. Então começaram a construir um cais, depois um porto, por fim uma cidade.”

Olisippo, do Latim era uma importante cidade romana, ladeada por uma muralha em volta do núcleo urbano, aí for erguido o Templo do Deus Selvagem. Os romanos também edificaram um Teatro do tempo de Augusto; as Termas dos Cássios na travessa do Almada; Galerias Romanas da Rua da Prata; os Templos de Júpiter, Concórdia, Lívia, Diana, Minerva, Cíbele, Tétis e Idae Phrygiae e ainda templos aos Imperadores; um cemitério debaixo da Praça da Figueira e outros edifícios na área que hoje corresponde à colina do Castelo e Baixa.

A data da construção do Templo do Deus Selvagem foi perdida no tempo. Pouco se sabe da sua história e com o fim do domínio romano, o templo foi esquecido. Só no século XX, ao construírem o edifício agora existente, situado na Rua Álvaro de Santa Rita Vaz, descobriu-se tardiamente o templo. Os empreiteiros negligenciaram as antigas pinturas e taparam as colunas e as paredes. Se ainda restava alguma estrutura original desapareceu para todo o sempre. Agora é a cave do prédio que serviu de tipografia durante os anos 80 e posteriormente foi abandonado. O único testemunho é um documento que foi encontrado em estado lastimoso e um busto destruído. É a partir destes dois únicos objectos que sabemos da existência de um Templo dedicado ao Deus Selvagem.