La Condition Humaine

"La Condition Humaine”, designa precisamente o que pode ter de singular a situação de cada indivíduo, no mundo e na história. O trabalho realizado é o testemunho de um artista perante as condições de experiência no mundo em que está inserido. A arte poderá ser um meio de organizarmos o nosso próprio mundo vivencial e a Condição Humana, o processo criador.

Hegel nas Lições de Estética (1820 e 1829) vaticinou a morte da arte, argumentando que a arte estaria em vias de deixar de ser pensamento vivo, sem necessidade histórica, não fazendo sentido senão como objecto de reflexão. “As condições gerais do tempo presente não são favoráveis à arte. O próprio artista já não é apenas desviado e influenciado por reflexões que ouve formular cada vez mais alto à sua volta, por opiniões e juízos correntes sobre a arte, mas toda a nossa cultura torna impossível. À força de vontade e decisão, que se abstrair do mundo que à sua volta se agita e das condições a que se encontra sujeito, a não ser que recomece a sua educação e se retire para um isolamento onde possa encontrar o seu paraíso perdido”[1] Hegel coloca o artista no isolamento da sua caverna, onde pode recomeçar a sua aprendizagem usufruindo de toda a linguagem, livre dos constrangimentos da história da arte. Esta abordagem implica uma visão onde o artista na sua caverna se reconhece numa biografia global, onde o micro e o macro se justapõem. O artista, ao investigar a natureza da arte, apropria-se de qualquer objecto ou imagem. A caverna do artista torna-se veículo para cartografar traços de histórias, imagens compostas, coladas, editadas, apagadas, sobrepostas inseridas numa assemblage, mosaico de um não tempo, onde se assiste ao colapso das barreiras do passado, presente e futuro.

Integrar arte e vida pode parecer um sonho utópico para uma sociedade pautada somente por funções especializadas onde cada um cumpre o seu papel para a produção de acumulação. Para a arte e os artistas contemporâneos esta definição pode ser bastante variável e elástica, pois o seu campo de actuação não está restrito simplesmente às Belas Artes, com preocupações estéticas sobre o feio e o bonito, ou no uso de materiais convencionais e tradicionais. Hoje em dia os artistas trabalham com a fotografia, cinema, vídeo e cada vez mais com a nova média captando e manipulando imagens realistas.“Em todos os aspectos referentes ao seu supremo destino, a arte é para nós, coisa do passado. Perdeu tudo quanto tinha de autenticamente verdadeiro e vivo, a sua realidade e necessidade de outrora, e encontra-se agora relegada na nossa representação.”[2]


[1] HEGEL – Estética, p. 13[2] HEGEL – op. cit., p. 13