Solaris

Stanislaw Lem, escritor polaco, é um dos mais importantes escritores de ficção científica do século XX. Solaris (1961), tornou-se conhecido mundialmente, após Andrei Tarkovsky, ter adptado o livro para o cinema, ganhando o prémio do júri no Festival de Cinema de Cannes (1972). Em 2002, Steven Sodenberg realizou a segunda versão cinematográfica desta obra.

Solaris é a história labiríntica de uma estação espacial, orbitando à volta de um planeta distante com o mesmo nome. O único habitante desse mundo é um desconhecido oceano orgânico com o qual os humanos, a todo o custo, tentam comunicar há mais de 100 anos. As pesquisas efectuadas ao longo do tempo levam continuadamente a becos sem saída.

Kelvin, um psicólogo, é enviado para a estação orbital para determinar se ainda é viável ou não continuar a investigação. Ao chegar depara-se com um quebra-cabeças. Gibarian, um dos três únicos tripulantes, suicidou-se, Snow demonstra animosidade perante a sua presença e Sartorius barricou-se no laboratório.

Durante o sono destes assustados pesquisadores, o oceano envia inesperados visitantes para a Prometeus. Cada tripulante depara-se com uma réplica do passado, associado a uma memória traumática. Kelvin ao acordar depara-se com a réplica da sua falecida mulher Rheya. Tentando vencer o simulacro – “Eu já não tinha qualquer ilusão: isto não era Rheya; e, contudo, reconhecia todos os seus gestos habituais.”[1] – separa-se dela enviando-a para o espaço. Ao acordar no dia seguinte, depara-se novamente com uma nova réplica de Rheya.

Kevin acaba por aceitar a réplica de Rheya, como uma segunda oportunidade que o planeta Solaris lhe oferece. Kevin sabe que Rheya é o seu duplo, e o duplo de Rheya é ele proprio, Kevin. Cada um é o reflexo do outro.

O oceano “é o único deus em que imagino poder acreditar, um deus cuja paixão não é redenção, que nada salva, que não serve nenhum propósito...um deus que se limita a ser.”[2]

Solaris não simboliza o desejo do ser humano de expandir as fronteiras da Terra para o Universo; não a procura de planetas novos, mas a descoberta de espelhos que nos reflictam, para nos auto-conhecermos.

A necessidade de Kevin conhecer-se a si próprio, leva-o a partir para Solaris.

“Aquele gigante líquido fora a morte de centenas de homens. Toda a raça humana tentara, em vão, estabelecer-se com ele até a mais ténue das ligações, e agora aguentava ali com o meu peso, sem reparar mais em mim do que repararia num grão de pó. Eu não acreditava que ele pudesse reagir à tragédia de dois sers humanos. Contudo, as suas actividades tinham um propósito...”[3]


[1] STANISLAW LEM – Solaris[2] Idem[3] Ibidem