O Modelo Europeu

A nova ordem mundial funda-se sobre um modelo de governo que se define como democrático, mas que nada tem a ver com o que este termo significava em Atenas. Este modelo é mais económico e funcional, foi adoptado por regimes que até há poucos anos eram ditaduras. Manipula a opinião das pessoas através da média e da televisão, em vez de impor as suas decisões com violência. As formas da política que conhecíamos no passado: o estado, a soberania, a democracia, os partidos, o direito e a justiça, já não fazem sentido, apesar de ainda continuarem, são formas vazias. Uma sombra invadiu a Europa a riqueza é produzida cada vez mais com cada vez menos trabalho, os salários diminuem, reduz-se o número de pessoas com acesso ao trabalho. Os pobres tornam-se cada vez mais pobres, a classe média está em risco de ser desclassificada. Privatizar e liberalizar é o modelo. Desde a desregulação nos anos 80 que tem havido uma série de crises nos mercados, pois está na sua natureza, serem voláteis. As bolhas surgem e inevitavelmente rebentam. Em 1987, a “2ª feira negra”, em 1992, a “4ª feira negra”, em 1997 “A Crise Asiática”, em Setembro de 2008 os mercados financeiros implodiram, e em 2009 a crise da dívida pública que permanece. Transferência de riqueza das mãos públicas e dos governos, recolhida através de impostos para as mãos das empresas mais ricas do mundo, responsáveis pela crise. A crise e o estado de necessidade parecem servir de pretexto para impor uma séria limitação às liberdades democráticas. Esta “crise” e a “economia” são usadas como palavras de ordem, fazem-nos aceitar medidas e restrições que as pessoas não têm nenhum motivo para aceitar. A “crise” é o modo normal como funciona o capitalismo hoje em dia. O estado de excepção é o modelo normal de governo. O estado de excepção, foi o que Hitler proclamou logo depois de assumir o poder em 1933. As normas introduzidas na segurança, depois do 11 de Setembro de 2001, são o seu reflexo. O estado considera todo o cidadão, um terrorista virtual, estamos num estado pós-democrático. A vigilância é omnipresente, vivemos numa prisão. A denúncia por Edward Snowden (2013) do programa de vigilância de segurança electrónica organizado pela Agência de Segurança Nacional dos EUA, chamado “Prism” permite a vigilância sobre a comunicação incluindo: e-mail, vídeo e chat de voz, vídeos, fotos, conversas de voz sobre IP, transferência de arquivos, notificações e detalhes de login de redes sociais. Estamos enjaulados através do medo, já não somos livres, e os que são livres não podem ser dignos.

Aqueles que engendraram esta crise, prevêem a desintegração do sistema económico e financeiro mundial, este sistema está em colapso. A única coisa que uma minoria pode fazer é controlar cada vez mais a maioria através da escassez. Chama-se austeridade e esta é para ficar até os países perderam as suas soberanias nacionais. Quem controla as operações já não são os governos, mas sim as grandes empresas mundiais. Os resgates à Grécia, Irlanda e Portugal são uma farsa. O sistema obriga os países a pagarem as suas dívidas pela aceitação de um empréstimo que supostamente os vai salvar, acabando por ficarem mais endividados. Pedir aos estados-membros à beira do colapso financeiro, para contrair mais divida, significa que querem destruir a Europa. Uma união política, um império, um super-estado à custa dos estados-membros nacionais europeus, tomando controlo sobre as economias dessas nações. A ideia é um regresso à "Idade Média", uma ordem mundial numa era pré-industrial, na qual o sul se prostra ao norte. Após o fim da URSS o paradigma muda para o norte vs. sul.