The Views of Ancient Rome

É uma pintura de Giovanni Pannini em que está representado um palácio com imagens das ruínas de Roma. Neste quadro observamos várias vistas da antiga arquitectura da cidade de Roma, imagens de um esplendor de outrora, celebrando a presença do passado heróico: belas molduras, quadros empilhados, artistas aprendizes a copiar a sua arte e os aristocratas iniciados na cultura que se deleitam e estudam as obras do passado. No entanto, esta pintura também representa ilusão: por cima dos aprendizes e aristocratas, encontra-se um espelho oval que multiplica infinitamente esta acumulação de obras de arte. O espelho reflecte os trabalhos expostos, isto é, a própria pintura. Mas, a imagem reflectida não é um outro quadro de Pannini mas possivelmente a única pintura que reproduz ad infinitum todo o trabalho do pintor. É nesta infinita multiplicação de imagens que se introduz um vazio: o sentido de perda, pois a imagem em mise-en-abîme reflecte um mergulho no abismo.

No mundo tecnológico, a acumulação geográfica resulta da redução da superfície do ecrã. A partir do interface podemos fazer circular os registos, arquivos, mapas, simulações de territórios. Uma rede geográfica global forma-se cruzando informação. Nos nossos dias, o uso da internet torna possível realizar a existência de uma rede global geográfica, em que os utilizadores podem partilhar informação.

Agora só restam imagens, palavras soltas de diversas latitudes da cartografia do globo. Redescobrem-se os mapas seculares de outrora através das bibliotecas e museus virtuais, fragmentos que só existem em mapas traçados no passado. Imagens em contínuo espalhadas pelo mapa–rede. O artífice, o web designer, abre espaços de sentido, desenha cruzamentos criando um princípio organizativo do conhecimento.