Mnemosyne Atlas

O “Mnemosyne Atlas” de Aby Warburg,19 (1925), o trabalho inacabado é constituído por uma construção de um modelo mnemónico, no qual a cultura europeia humanista, talvez pela última vez, reconhece as suas origens e traça caminhos para o presente, e é nessa tentativa de construir uma memória colectiva que o Atlas de Warburg se insere nas práticas de montagem da vanguarda dos anos 20. As técnicas, utilizadas por Warburg nos seus painéis, pertencem às técnicas de montagem realizadas por Schwitters e Lissitzky.

Aby Warburg, a partir de reproduções ou detalhes de obras, anúncios, fotografias e recortes, pretende construir uma história de arte sem texto, estabelecendo relações e fazendo-as circular entre elas, a partir da citação das representações. O historiador necessita de citar a linguagem, mas também aquela que está em falta, realizando uma constelação de citações da arte, procurando, em certo sentido, uma genealogia e uma arqueologia das representações. Mediante este processo migratório de imagens, Warburg tenta encontrar traços, decifrá-los e assim reconstruir as suas direcções. De um ponto para o outro, constrói as suas próprias relações. Ao estabelecer um ou mais caminhos na desconstrução das imagens, na sua circulação, na permanente citação, na sua organização, na tentativa de decifrar o enigma, estabelece um sistema de similitudes. Um sistema de memória e arquivo.