Artista Curador

A necessidade de procurar uma linguagem comum é visível em diversas exposições comissariadas a partir da década de noventa, que propõem a organização de exposições como obra aberta e actividade colectiva, usando-a como meio para explorar o processo artístico, utilizando modelos temporários em vez de apresentar exposições como obra acabada. “Na nova retórica de comissariar a ênfase é colocada na flexibilidade, temporalidade, mobilidade, interactividade, performance e conectividade.”

Esta abordagem retoma os mecanismos, práticas e modelos da primeira vanguarda, realizadas em exposições dos anos 20 e 30, organizadas por Alexander Dorner, director do Museu de Hannover, onde o artista El Lissitzky expôs “Abstract Cabinet” (1927) uma peça dinâmica e móvel onde o espectador interagia, ou exposições onde o museu era visto como um laboratório de imagens em movimento.

Em 1924, Frederick Kiesler organizou uma exposição intitulada “Exhibition of New Theatre Technique” em Konzerthaus, Viena, inventando um método de instalação que permitia uma multiplicidade de vistas num único suporte. Os sistemas “Leger and Trager”, ou “L” e “T”, criaram uma nova linguagem de expor arte. A ênfase era dada ao sistema da exposição, à interacção das obras com o público e ao espaço expositivo. O público tornava-se o próprio agente da exposição.

Podemos situar um ressurgimento destas práticas em finais dos anos 80, nas exposições comissariadas por Harold Szeemann: "A-Histrische Klanken" no Museu Boijmans Van Beuningen em Roterdão, 1988 e a exposição realizada por Jean-Hubert Martin “Les Magiciens de la Terre” no Museu George Pompidou em 1989, marcam uma forma diferente de organizar exposições, procurando justapor diferentes trabalhos de diferentes culturas e tempos. Estas exposições pretendem interligar e comunicar com diferentes tipos de trabalhos, criando uma série de narrativas. Exibindo uma prática curatorial diferente da década dos anos 80, onde as exposições comissariadas institucionais acabavam sempre por ter uma perspectiva muito particular de como se deve apresentar e como se deverá ser apresentado. Encontramos também reacções de artistas a esta forma de ser curador, através do “Group Material”, (Nova Iorque, 1979) com membros como Julie Ault, Doug Ashford e Feliz Gonzalex-Torres, nas quais intervinham como artistas e curadores questionando o que constitui uma exposição, sendo esta uma crítica às instituições.