O Cérebro Hermético

O cérebro encontra-se “selado” para a luz, está em completa escuridão. Ao longo da existência, o nosso cérebro nunca se confronta com a luz, apenas com uma cópia eléctrica da mesma. Somos levados a pensar que esta “cópia” é a realidade. Tudo o que sentimos é apenas sinais eléctricos percorrendo o nosso cérebro. Ao ver o meu próprio corpo penso que estou dentro dele, mas o meu corpo também é uma imagem formada no meu cérebro. O mundo exterior, o mundo das percepções é formado no cérebro. A única certeza que temos é o mundo das sensações, que vive na nossa mente. As nossas percepções são ideias formadas na mente. Se tudo só existe na nossa mente, significa que podemos estar iludidos quando imaginamos o universo que observamos. As nossas sensações podem estar a ser enviadas por uma fonte artificial. Desde que haja estimulação sensorial, o cérebro é enganado e pode pensar, ou absorver o que um programa de computador está programado a fazer.

Imaginemos que podemos apenas ser um cérebro ligado a um computador que nos cria a ilusão da realidade. Poderíamos considerar que esta situação é o que acontece quando sonhamos. Nos nossos sonhos, podemos olhar, tocar e sentir, tudo se passa no cérebro enquanto estamos a dormir. Podemos sonhar com tudo e, no fundo, nunca sair do mesmo lugar. Nos sonhos, vivemos cenários e encontramos com diferentes personagens. Só quando acordamos é que percebemos que estávamos a sonhar. Se tivermos em conta este exemplo, e possamos supor que também pode ser verdadeiro para o mundo real, tudo o que conhecemos seriam apenas percepções do nosso cérebro. Sendo o nosso cérebro, matéria como o nosso corpo, este também pode ser uma percepção como todo o universo.

Imaginemos que conseguíamos tirar o nosso cérebro da cabeça e este continuasse ligado ao corpo. Nesta hipótese improvável poderíamos ver o nosso cérebro e senti-lo com os nossos dedos, tal como vemos um cérebro numa aula de medicina. Neste caso podíamos perceber que o cérebro nada mais é do que uma percepção formada pela sensação e pelo tacto. E aí perguntávamos qual é a vontade que vê, ouve, sente e compreende todos os outros sentidos, se não é o cérebro? Quem vê, ouve, toca e percebe? Quem é este ser que pensa e raciocina, tem sensações e diz eu. Desde o início da filosofia que se pensa sobre os “espíritos na máquina”, o pequeno homem dentro do homem. Onde está o “eu”, a pessoa que usa o cérebro? Quem é que se dá conta da acção do conhecimento? São Francisco de Assis responderia: “Procuramos aquele que vê” Se as coisas que aceitamos ser o mundo material, são na realidade, formadas por percepções, transmitidas ao nosso “Espírito” então qual a fonte destas percepções? A matéria é ela também uma percepção, que foi criada? E esta criação tem de ser contínua, se não fosse uma criação contínua e consistente então o que denominamos “matéria” desapareceria. Isto pode ser parecido à realidade virtual onde um mundo-imagem é mostrado enquanto o sinal do motor de realidade é contínuo. Se a transmissão é interrompida a imagem desaparece.