Pale Fire

A novela Pale Fire (1962) de Vladimir Nabokov é considerada por muitos como um dos primeiros exemplos de uma literatura de exaustão, pós-moderna. A obra tem quatro secções distintas: a primeira limita-se à apresentação da autobiografia de um homem, Charles Kinbote, um estudioso, natural de um país chamado Zembla. É amigo de John Shade, um poeta americano. Após a morte de Shade, Kinbote fica depositário do seu último manuscrito, um longo poema auto-referencial de título Pale Fire. Apesar das muitas reservas de terceiros, em relação à autoridade do texto, Kinbote publica o trabalho. A segunda secção integra o poema em si, dividido em quatro cantos. A terceira parte, a maior de todas, abarca os comentários do próprio Kinbote. A última secção constitui um índex em que Kinbote providencia uma breve descrição das pessoas e dos locais do texto e consigna os seus comentários. A novela suplanta em muito a característica de sátira mordaz aos excessos académicos. Os comentários de Kinbote transformam-se gradualmente em elementos do texto, num verdadeiro labirinto de complexidade. Não existe ordem sequencial nestas narrativas porque cada uma é tão real quanto a outra ou para ser mais preciso, qualquer uma é tão ficcional como a outra. Quem é o genuíno autor do texto e qual dos estratos (layers) da história é verdadeiro?