Iluminura

A prática de copiar os livros à mão (na época medieval) servia à Igreja para realizar a difícil tarefa de preservar o legado do passado. Nos mosteiros era comum existir uma sala designada scriptorium, onde esta tarefa se levava a cabo. Aí os monges copistas realizavam minuciosamente o seu trabalho, copiando pacientemente os conhecimentos da época e a palavra de Deus. Não só copiavam os textos, como também concebiam e elaboravam as letras iniciais, em ornamentos gráficos de texto, como as iluminuras. Podemos encontrar os mais belos exemplares de iluminuras em textos dos séculos VII e VIII.

Nesta época, acreditava-se que a técnica da iluminura era concebida para revelar a verdade do texto, emergindo das palavras escritas uma luz divina e clarificadora. Existe um paralelo entre os livros que continham iluminuras e a própria Igreja Gótica. O texto era como as paredes com as quais se constrói a estrutura da Igreja. As iluminuras seriam a luz divina que entrava subtilmente por entre as janelas e frestas das paredes porosas do habitáculo de Deus. Os cristãos medievais assumiam que, ao olharem para a realidade, era esta que olhava para eles; deste modo, por contemplação, o cristão era banhado por uma luz divina. A luz de Deus não brilhava sobre os seus pupilos, mas era a verdadeira emanação de Deus, na qual eles se moviam.

As iluminuras, muitas delas contendo folha de oiro, não ilustravam o texto. O texto e as iluminuras existiam numa espécie de continuum que era a verdade da palavra de Deus. Deste modo a técnica da iluminura revelava o verdadeiro conhecimento, através da imagem de uma luz vinda directamente de Deus.

São Boaventura (1221-1274) dedicou-se ao estudo da teologia da imagem e da pintura, concluindo que a Bíblia dos pobres é a iluminura, veículo utilitário para comunicar a autoridade da Igreja sobre o seu rebanho. A Bíblia dos iletrados era de algum modo o livro das iluminuras.

A Banda Desenhada é uma forma de arte gráfica que conta histórias através de imagens e palavras, nalguns casos exclusivamente através de imagens. A grande variedade de expressões artísticas da Banda Desenhada desenvolveu-se com os mass media, especialmente o cinema, com as convenções técnicas de enquadramento, perspectiva, iluminação e no diálogo dos personagens. A Banda Desenhada, ao contrário dos livros iluminados, é produzida em larga escala e representa uma forma popular de cultura em diferentes regiões do globo. O seu aparecimento no século XIX acompanha o da imprensa. A enorme circulação de jornais e o aumento da iliteracia, contribuíram para o seu desenvolvimento.