Le Temps Retrouvé

Proust viveu como um snob na alta sociedade da sua época. A morte do pai e da mãe levam Proust a retirar-se gradualmente da vida faustosa, dedicando-se à escrita de introspecção, influenciado pela autobiografia de Johann Wolfgang von Goethe. Na obra Le Temps Retrouvé, Proust recorda a vida através da escrita: os manuscritos são constituídos por diversos cadernos, contendo fragmentos escritos em diversos tempos da sua vida; neles são introduzidas correcções; faz várias adições, realizadas com papiers collés ao longo das páginas, assemblages de diversos escritos que são manuseados e inseridos no texto.

Em 1912, produziu o primeiro volume da obra maior, dividido em sete partes. O trabalho, parecendo caótico, está construído de um modo intricado, não tendo uma linha contínua de narração. O narrador, Marcel, é inicialmente um ignorante. Depois, começa a aperceber-se da essência da realidade escondida. No fim, ele está preparado para escrever uma novela, parecida com aquela que é apresentada ao leitor. A memória constitui o objecto central do romance e os detalhes mais insignificantes têm o papel mais importante. A narração do passado emerge e surge a realidade nas experiências anteriores esquecidas. Tempos do passado são sentidos diferentemente em tempos diferentes.

Diz Proust o escritor é um homem da instituição, a sua obra o livro, é produto de um outro, aquele que se manifesta nos hábitos, na vida social e nos vícios, denunciando a sua intenção de autor, para relembrar fragmentos, descrevendo a significação da obra. Proust fez da sua própria vida uma obra, da qual o seu livro foi o modelo.