Imagem

“Deus criou o homem à sua imagem”, o homem é então uma semelhança e não uma representação. Uma imagem atrai, ilude, imita, assemelha-se, substitui-se, este é o comportamento dúbio de uma imagem. Segundo Ovídio, Narciso viu a sua própria reflexão na superfície da água e ficou enfeitiçado pela sua própria imagem. Platão refere-se à imagem como sombra e depois como reflexo. As imagens surgem para evocar a aparência de algo ausente.

O homem deixou vestígios da sua arte desde a pré-história até ao tempo presente, estes vestígios artísticos testemunham o mundo de várias épocas. As primeiras imagens imitam o mundo real, mas também têm uma relação com a magia e com a religião. A noção de imagem, bem como o seu estatuto são uma questão religiosa que atravessa a idade-média. A “Querela das Imagens” do século IV até ao século VII. A separação entre a representação religiosa e a profana está na origem do Renascimento.

A sociedade educa e direcciona os seus cidadãos para uma cultura de imagem. O surgimento da fotografia e a sua comercialização industrial, bem como todo o software disponível de manipulação de imagem, além do cinema, televisão, vídeo, jogos de computador e mais recentemente a imagem digital e a nova média, contribuem para uma civilização visual. Emergiu uma cultura tecnológica em que a linguagem das imagens circulam do computador pessoal para o telemóvel, e deste para a televisão e vice-versa, num modelo circulatório que define um realismo electrónico. Paul Virilio refere-se à imagem como sendo a forma mais sofisticada de informação. Sendo a imagem o único veículo eficaz para compreender a tarefa criação / produção de outros mundos.

Jean Baudrillard propõe diversas fases sucessivas da imagem:” – ela é o reflexo de uma realidade profunda; - ela mascara e deforma uma realidade profunda; - ela mascara a ausência de realidade profunda; - ela não tem relação com qualquer realidade: ela é o seu próprio simulacro puro.” O que observamos já não é a simulação de uma terra, espaço, território, mas sim a realização de um real sem origem nem realidade.

A imagem precede a palavra, no nosso cérebro, e essa possivelmente é a razão fundamental da nossa cultura da imagem.