Descobrimentos

Os navegadores Portugueses e Espanhóis “deram novos mundos ao mundo” também graças ao facto de, nas suas viagens, haver sempre a missão de ir registando os caminhos percorridos, bem como o recorte das terras por onde passavam. Os registos manuscritos e todas as notas, eram entregues no caso dos Portugueses, à Casa da Índia, em Lisboa e, no caso dos Espanhóis, à Casa de Contratação das Índias, em Sevilha, ambas fundadas em 1504. A intenção era controlar a distribuição e as cópias destas novas rotas mas, muitas vezes, estes segredos eram vendidos em cidades como Génova, Veneza e Florença. Tais elementos raramente eram impressos nos países interessados em controlar os caminhos marítimos. Estas viagens tornaram-se verdadeiramente importantes pois quem sabia os segredos da navegação controlava o mundo. É a partir deste conhecimento obtido directamente nos Descobrimentos que mudam as rotas económicas, se revelam novos mundos, outras riquezas, povos e culturas. Os próprios centros económicos de poder se alteram, levando Portugueses e Espanhóis a dividirem o Mundo através do Tratado de Tordesilhas, de 1494.

A visão de Ptolomeu é possivelmente o ponto de partida para Cristóvão Colombo, em 1492, acreditar numa outra rota mais curta para a Ásia. Embora reconheça a natureza esférica da terra, Ptolomeu subestimou a sua circunferência. Nas suas viagens, Colombo, enganado, julgou ter chegado à China, mas tinha alcançado as Bahamas. Américo Vespúcio, mais perspicaz, afirmou que Colombo tinha encontrado um novo continente. Este ficou baptizado como América, em homenagem a Vespúcio.

Com os Descobrimentos emerge uma nova era, de mapas mais precisos, mas instala-se também uma mentira convencional. Todos os mapas contêm uma inverdade geográfica. Esta deriva do facto de se tentar projectar a geografia de um mundo redondo numa superfície plana. A mentira tem 500 anos e é conhecida como o problema da Gronelândia. Em muitos mapas do mundo a Gronelândia é representada com tamanho idêntico à América do Sul, o que é incorrecto. A razão de tal deformação remonta a uma época posterior às viagens de Colombo ao Novo Mundo uma época em que os cartógrafos ainda se debatiam com questões de precisão. Em 1568, Gerhardus Mercator, utilizando a matemática e a própria intuição, desenvolve um novo sistema de projecção que se tornou num dos mais populares. A sua base é o mapa-mundo definido rectangularmente. Esta projecção possibilitou aos navegadores desenhar linhas direitas entre dois pontos e utilizar a bússola para orientação entre os mesmos. Mas para tornar rectas as linhas curvas dos pólos, as zonas da terra no topo e no fundo do mapa foram exageradas. O resultado foi o problema da Gronelândia. No entanto este método trouxe grandes benefícios à orientação no mar. A projecção Mercator ainda hoje é utilizada.

A cartografia tem um grande desenvolvimento no século XVI. Esta necessidade de cartografar tudo e de acumular informação mais precisa dos novos e dos antigos domínios torna-se uma obsessão por toda a Europa. A palavra de ordem é delimitar o que se possui, para melhor saber intervir no terreno. Os mapas, como base de sustentação intelectual dos homens cultos, conservaram-se emoldurados e pendurados, pintados nas paredes, tecidos em tapeçarias, encontrando-se até colecções inteiras de mapas enrolados ou dobrados em arcas e prateleiras.