Anunciação

A Anunciação de Duccio mostra-nos, pela primeira vez, um modelo, que virá a ser seguido e desenvolvido em todas as Anunciações posteriores. O modelo é constituído pela Virgem, que se encontra em lugar de destaque, no lado direito da tela, confinada a um palácio ou uma varanda. O anjo, à esquerda, inclinado, geralmente está do lado de fora ou à entrada do palácio. O modelo é definido pela oposição dos espaços: (o da virgem, fechado e o do anjo, aberto). A utilização deste cânone é reconhecível em diversos artistas ao longo do século XIV e XV: Anunciações de Carlo Crivelli, de Luca Signorelli, de Giovanni Santi e as de Pallaiuolo, a de Botticelli, (datadas de 1490-1493), como também a Anunciação de Domenico Veneziano (entre 1445-1448), e ainda as Anunciações de Fra Angelico, Leonardo da Vinci, Alesso Baldovinetti e de muitos outros.

Alterações significativas surgem na Anunciação de Piero della Franscesca, de 1470. O esquema figurativo utilizado anteriormente, em que a pintura estava dividida em dois “quadrantes” é agora quadripartido: o fresco forma uma cruz. De acordo com o aforismo “Christus columna fidei” (Cristo é coluna da fé), o esquema quadripartido de Piero della Franscesca permite uma dupla leitura: por detrás do retrato do episódio em “quadrantes” (Deus, em cima, à esquerda, na janela; o anjo, em baixo, à esquerda; a Virgem, em baixo, à direita; a janela, no alto, à direita), o sentido oculto da história humana revelado pelo sacrifício de Cristo pelos homens.