Peregrino

Durante a Idade Média, por volta do ano mil, assistiu-se a um recrudescimento da fé cristã. Muitos fiéis tornavam-se peregrinos, caminhantes que empreendiam longas viagens por terra e por mar, para chegar a um destino sagrado, como Jerusalém, a cidade santa. Aí renovavam a sua crença em Deus. Quem não podia deslocar-se para tão longe percorria o labirinto, sucedâneo do caminho que conduz à terra santa. O labirinto encerra, assim, uma mensagem ainda actual: a espiritualidade, a procura da luz e do significado da vida.

A catedral de Chartres concluída em 1260, incluía desde 1202, um labirinto que se situa na nave central do templo. Os peregrinos, chegados à catedral, tinham de manter-se erectos, com a cabeça para cima, para a divina inspiração. De seguida, dirigiam-se para o labirinto e percorriam-no até chegar ao centro. Aí, silenciosos, aguardavam a luz divina que recebiam através da luz emanada dos vitrais. Reanimados e plenos de energia espiritual, encontravam um significado novo para as suas vidas.

O mistério da Páscoa, celebrado pelos cristãos revela-se quando o peregrino, completando o percurso do espaço sagrado do labirinto, chega ao fim e alcança a iluminação divina. Porque mudou interiormente, pode festejar e louvar, celebrando a vitória da vida sobre a morte.

Em termos simples, o que é um labirinto? É um jogo, em forma de figura ou de edifício, no qual se procura um caminho verdadeiro, oculto entre mil caminhos claramente sugeridos, mas falsos. O labirinto esconde a verdade e oferece mentiras. Quanto mais habilmente ocultar a solução verdadeira, quanto mais sedutor e enganador, mais interessante será, pois o homem encanta-se com a mentira. Convém atravessar com êxito o labirinto. Entrar e sair do labirinto significa que o fim também é o princípio.