Zapping

Fredric Jameson caracterizou o pós-modernismo como uma nova “ausência de profundidade” e um declínio da autenticidade com que experimentamos as emoções. Esta expressão “ausência de profundidade” refere-se à ideia de que nada há para além da simulação e da superfície. Zapping é a arte da auto-criação do espectáculo televisivo. Através do telecomando, cada um de nós pode realizar uma colagem de diferentes imagens, de diversos canais. Caleidoscópio visual, superfície de raios catódicos na qual ninguém vê nada sobre nada, reflecte a ansiedade do mundo moderno. A permanente insistência na manipulação de imagens, na sua larga variedade de escolha, isto é, quantidade, significa menor qualidade e, por isso mesmo, a persistência em mudar de canal na vaga esperança de encontrar algo que seja minimamente interessante, o que invariavelmente resulta na sintonização do sensacionalismo mediático. Os produtores de televisão garantem ser uma receita segura para cativar o grande público.

Um caso paradigmático, em Portugal e noutros países, é o sobejamente falado Big Brother. O nível da qualidade baixou, também devido às guerras de audiências, porque cada vez mais as cadeias de televisão produzem programas sensacionalistas. A Política tornou-se também um espectáculo. A ficção mostra cenas tão vivas e reais quanto possível, levando alguns espectadores a não saberem diferenciar a realidade da realidade televisiva. Estes programas têm um único objectivo em mente: vender. Deste modo, a caixa mágica, como é costume referir a Televisão, torna-se essencialmente um instrumento comercial de grande poder. Os seus valores são os do mercado e os seus conteúdos são o sintoma desta função comercial.