Economia Solidária

O micro-crédito e os espaços económicos solidários estão a tornar-nos independentes do sistema monetário mundial. Fortaleceram as trocas produtivas do mercado local e implementaram uma economia de rede. É um comércio justo, que recebe incentivo ao produzir para as necessidades locais.

A Palmeira é um bairro situado na zona sul da cidade de Fortaleza, nordeste do Brasil, tem trinta mil habitantes pobres. Para melhorar o bairro criou-se em 1981 a Associação de Moradores da Palmeira e deu-se início à reestruturação do bairro. Em 1998 a associação criou o Banco Palmas, totalmente administrado pelos líderes comunitários. A filosofia do banco está voltada para uma rede de solidariedade de produção e consumo local. No fundo, estabeleceu na própria comunidade um circuito monetário de produção e consumo, fazendo com que o dinheiro circule pelo bairro. Para financiar o consumo o Banco criou o “Cartão Palma”, o cartão é utilizado apenas na Palmeira, estimulando as famílias a comprarem no bairro e a pagar ao banco após trinta dias da data estabelecida. Num dia estipulado pelo banco, os comerciantes apresentam as suas facturas e recebem tudo o que venderam através do “Cartão Palma”. A consciência que ao consumir produtos e serviços do bairro ajuda a criar e distribuir riqueza na comunidade, permitiu ao banco criar instrumentos de comércio solidário. Já foi criada a empresa de confecção “Moda Palma”, a empresa de artesanato “Arte Palma”, a empresa de materiais de limpeza, etc.

O Banco solidário da Bolívia, o Banco Sol iniciou as suas actividades em 1986 com um projecto-piloto, mais tarde tornou-se um banco privado comercial, especializado em pequenos empreendimentos, agora é dos principais bancos daquele país. O agente do micro-crédito visita os clientes e avalia os projectos a serem apoiados. Após o empréstimo é feito um acompanhamento, visitas periódicas são feitas para o bom funcionamento do empreendimento e evitar atrasos nos pagamentos. A garantia mais usada é o aval solidário, grupos de três ou mais pessoas que garantem o empréstimo. Os valores do empréstimo vão aumentando conforme a constatação que os clientes têm sido pontuais e que os grupos solidários têm sido seguros.

A crise económica na Argentina fez com que em 1995 surgissem os clubes trocas. Inicialmente um conjunto de pessoas reuniu-se numa garagem e começaram a trocar os seus produtos entre si, anotando os movimentos num cartão pessoal e num caderno principal, que registava todas as operações realizadas. Em pouco tempo apareceu os primeiros curiosos, oferecendo também os seus serviços e de um dia para a noite o número de participantes aumentou. A estrutura começou a crescer, e em poucos meses, realizou o mesmo processo em outros três locais diferentes. Após o clube ter sido noticiado na televisão, a curiosidade invadiu o país. O Clube fundador começou a dar apoio e formação a novos clubes, assim o sistema era igual para todos. Quando um membro de um clube começou a fazer transacções com outro clube, nasceu a “Red Global de Trueque”. Pouco a pouco os governos locais começaram a interessar-se e apoiar a experiência. Em Dezembro de 2000 o Ministério da Economia da Argentina declarou o sistema de interesse nacional, e este acabou por chegar a mais de um milhão de pessoas.